João Cotrim Figueiredo: “Quero ser a lufada de ar fresco que faltava”
A corrida às Presidenciais tem sido marcada por discursos pesados e previsíveis, mas João Cotrim Figueiredo quer romper com esse padrão. Na entrevista concedida à ESCS Magazine, em parceria com a ESCS FM e o E2, o candidato sublinha a necessidade de haver uma presidência mais interventiva na agenda pública, sobretudo em temas que considera negligenciados, como a juventude, a modernidade e as reformas estruturais.
Sem prometer o impossível, Cotrim Figueiredo reforça que “o presidente não governa, mas pode influenciar” e considera que o país tem falhado. A sua proposta passa por usar o peso político da eleição direta — “uma legitimidade democrática forte” — para pressionar os governos a priorizar áreas como a habitação, as alterações climáticas e o emprego jovem.
Sem prometer o impossível, Cotrim Figueiredo reforça que “o presidente não governa, mas pode influenciar” e considera que o país tem falhado.
A sua proposta passa por usar o peso político da eleição direta — “uma legitimidade democrática forte” — para pressionar os governos a priorizar áreas como a habitação, as alterações climáticas e o emprego jovem.
“Se alguém não consegue casa, escola para os filhos ou cuidados de saúde, não há motivação que aguente”
Afirma, insistindo que estes temas exigem ação concreta e não podem continuar apenas no plano teórico.
Para isso, defende que a Presidência da República deve funcionar como um catalisador de prioridades nacionais, orientando o debate público e motivando várias decisões estruturantes.
O que significa modernizar Portugal?
A modernidade é um eixo recorrente no discurso de João Cotrim Figueiredo, que acredita que modernizar o país não é apenas criar inovação tecnológica ou fomentar crescimento económico: é, também, cultivar uma cultura de abertura e adaptação.
“A modernidade é isso. A modernidade é não ter medo das mudanças, porque elas vão acontecer quer tu queiras, quer não. É perceber que há riscos e é natural que assustem, mas dentro dos riscos há sempre qualquer coisa que é uma oportunidade também e podes aproveitar, desde que não bloqueies. É possível que seja desconfortável e que a transição seja difícil, mas é possível que no fim fiques melhor, se fores capaz de manter a calma e de confiar nas tuas capacidades.”
Para o candidato, essa confiança assenta tanto na experiência pessoal como na experiência coletiva:
“Sempre vi os portugueses a destacarem-se. É uma das grandes vantagens de ter vivido em ambientes internacionais quase toda a minha vida: escola internacional desde os 4 anos, universidade lá fora, empresas com acionistas estrangeiros… Os portugueses sobressaem. Só lhes falta o ecossistema certo”.
Na sua visão, modernizar Portugal implica atuar em três dimensões principais, entre as quais o reposicionamento geopolítico, a capacidade de adaptação tecnológica (IA, biotecnologia, computação quântica) e o crescimento económico sustentável, capaz de financiar o Estado Social.
Sem estas bases, Cotrim Figueiredo defende que será impossível fixar jovens no nosso país e atrair talento estrangeiro.
Acredita que a Presidência pode (e deve) criar um equilíbrio ideal entre solenidade e informalidade.
“Um Presidente pode receber o Papa com a formalidade que o cargo exige e depois descer à Avenida para os Santos Populares. A Presidência tem de saber estar em todos os lugares.”
O candidato argumenta que esta versatilidade é essencial para tornar Belém um espaço acessível. O objetivo é criar um polo dinamizador, capaz de atrair criadores de conhecimento, ciência e cultura: uma porta aberta para fazer de Portugal um centro criativo atlântico-mediterrânico.
Como mobilizar os jovens?
Apesar do entusiasmo inicial, depois de ter conseguido arrecadar 7.500 assinaturas em apenas 48 horas, Cotrim Figueiredo teme a distância entre os jovens e a política. Diz ter encontrado, durante a campanha, uma juventude interessada, mas frequentemente desiludida.
“Os jovens não são apáticos. Só estão cansados de uma política que não lhes responde”.
Propõe, assim, uma comunicação constante — presencial, digital e informal — e sublinha que, apesar das limitações constitucionais, o Presidente pode inspirar, mobilizar e ajudar a definir prioridades.
“O Presidente não governa, mas pode empurrar o país para onde precisa de ir”.
Revisão Constitucional
O candidato defende uma Constituição mais curta e menos detalhada, uma vez que considera que o texto atual condiciona excessivamente a ação futura dos governos.
Defende ainda a possibilidade de alguns vetos presidenciais não poderem ser revertidos pelo Parlamento, proposta que, embora tardia, acredita refletir o espírito de um verdadeiro semipresidencialismo.
Uma candidatura além da Iniciativa Liberal
Apesar da sua ligação à Iniciativa Liberal, Cotrim Figueiredo afirma apresentar-se como um “candidato livre de compromissos partidários” e refere já ter recebido sinais de apoio de diferentes quadrantes políticos, interpretando isso como prova da abrangência da sua mensagem: um Portugal mais dinâmico, aberto e enérgico.
Sem fórmulas mágicas, defende prudência presidencial na convocação de eleições antecipadas e sublinha que a estabilidade depende sobretudo da capacidade de os partidos dialogarem e cederem para formar coligações duradouras.
Rumo à segunda volta?
Cotrim Figueiredo demonstra confiança. Considera que existe um espaço político vazio, orientado para o futuro, enérgico e reformista, que pretende ocupar. Para o candidato, a Presidência deve ser um farol que mobilize a vontade coletiva para enfrentar desafios concretos.
Se tivesse de resumir a sua candidatura numa frase, escolhe a expressão que ouviu de uma cidadã que o descreve como uma “lufada de ar fresco”. Cotrim de Figueiredo quer mostrar que é possível discutir temas complexos com seriedade, espírito crítico e otimismo. Um retrato ambicioso e assumidamente reformista de quem acredita que Portugal pode, com confiança e coragem, soprar novos ventos.
Fonte da Capa: E2
Artigo revisto por Mariana Ranha e Eva Guedes
AUTORIA
A Leonor tem 20 anos e está no terceiro ano da licenciatura em RPCE. Visto que sempre gostou de escrever, começou a fazer parte da ESCS Magazine na secção do Mundo Académico e, no ano seguinte, aceitou o desafio de se tornar editora dessa mesma secção. Agora, dá o próximo passo e assume o cargo de diretora com motivação e empenho, enquanto continua a aprimorar as suas competências de escrita e revisão linguística.





