Literatura

Livro da semana – “Se é isto um homem”, de Primo Levi

Afinal, o que é ser um homem? Lendo as palavras de Levi, é ser livre. Algo que, durante um ano, não foi.

Em dezembro de 1943, Primo Levi é capturado pelas forças alemãs. Em janeiro, é levado para Auschwitz devido à sua ascendência judaica. Este italiano, entre muitos outros, viveu um ano de medo, de sacrifício, de luta. Um ano que nós nem ao ler as suas palavras compreendemos por completo.

Não é fácil imaginar. O prisioneiro 174 517 escreve sem melodramas, afasta por completo as suas emoções quanto aos homens que o maltrataram. Em “Se é isto um homem”, lê-se um diário descritivo e objetivo daquilo que foi a vida num campo de concentração.

Mas as pessoas que ali viveram durante meses, anos, eram homens? Levi diz que não. «…exactamente porque o Lager [campo de concentração] é uma grande máquina de nos reduzir a animais, nós não devemos tornar-nos animais.» No entanto, explica que aqui se vê o que resta dos homens quando lhes são tiradas as condições de existência humana.

Levi vivia sem emoções. Dormia, trabalhava, comia (o pouco a que tinha “direito”, se é que o posso dizer assim). E, deste modo, conseguiu sobreviver a um ano num lugar inimaginável.

Mas será que sobreviveu? Pode uma pessoa ultrapassar os dias vividos em Auschwitz? Levi diria novamente que não. O Lager matou-o 42 anos depois, a 11 de abril de 1987, quando o levou ao suicídio. O número 174 517 ainda estava tatuado no seu pulso.

primo levi