LIVROS INFANTIS QUE TODA A GENTE DEVIA LER (PELO MENOS UMA VEZ)
A educação que recebemos enquanto crianças é o que molda toda a forma com que olhamos para a vida e para as diversas situações com as quais lidamos ao longo da mesma. No entanto, se enquanto crianças olhamos para tudo com um olhar mais encantado, à medida que crescemos percebemos que nem tudo são contos de fada e que nem todos as histórias de embalar que ouvimos são apenas histórias de embalar. Desta vez, trago-vos quatro livros infantis que têm escondidas lições para a vida – e não só para crianças.
“O Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry, mostra-nos a história de um menino de outro planeta, apaixonado pela sua rosa. É uma história que nos ensina o valor da amizade, o valor de acreditar e o valor de sonhar. À medida que a história se desenrola, vamos sendo “cativados” – no sentido em que a Raposa nos ensina – e, no final do livro, sentimos até saudades e vontade de ler tudo de novo. Com “O Principezinho”, aprendemos o significado de sentir saudades e a sua importância; ganhamos a noção de que uma amizade também necessita de ser cuidada e cultivada; e, finalmente, que não podemos desistir dos nossos sonhos nem daquilo que mais queremos alcançar – nem que, para isso, tenhamos de atravessar o Universo de uma ponta à outra, vezes sem conta. Nem sempre é quem espera que alcança: muitas vezes, quem procura é que alcança.
“Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Caroll, é um conto que não é indiferente a ninguém. Ao longo dos anos, muitas teorias surgiram sobre os verdadeiros significados do conto. Na minha interpretação, é um conto que nos ensina a ver sempre o lado mais colorido da vida – mesmo em livros sem imagens a ilustrar. O livro rege-se pela “lógica do absurdo”, começando por um coelho apressado (que grita: “Estou atrasado! Estou atrasado!”) e terminando num chapeleiro maluco que celebra os Não-Aniversários e nos ensina que a vida deve ser sempre uma festa e que podemos celebrar quando quisermos, sem estarmos sempre à espera do nosso aniversário. Para além disso, é também o chapeleiro que nos ensina que as melhores pessoas têm sempre um pouquinho de loucura. Alice, por sua vez, ensina-nos a importância de imaginar para fugir à realidade quando esta nos sufoca em demasia. E esta, meus amigos, é uma lição para a vida.
“O Patinho Feio”, de Hans Christian Andersen, é uma história sobre auto-estima e sobre diferença. A história não deve ser desconhecida para ninguém e, por isso, prometo ser breve e passar apenas para a sua moral. Para mim, a lição mais importante a retirar deste conto é que não devemos, nunca, julgar um livro pela capa – que clichê, mas que verdade! No fundo, todos nós já nos sentimos “patinhos feios” em alguma altura das nossas vidas. Quando me acontece a mim, lembro-me sempre do “patinho feio” original e como, no final, se transformou em cisne. Tudo acaba bem quando acaba bem: no final, os nossos cisnes pessoais também se irão revelar. Somos muito mais do que a nossa imagem pode fazer parecer à primeira vista.
“O Rapaz do Pijama Às Riscas”, de John Boyne, olha para o Holocausto a partir dos olhos de uma criança que apenas quer poder brincar com o seu amigo sem estarem separados por uma vedação. Uma história sobre amizade, dor e guerra, este livro abre-nos os olhos (como tantos outros) para uma das maiores tragédias que o mundo já testemunhou. Apesar de ser um livro protagonizado por crianças, acho que é de extrema importância que todos o leiam, pelo menos uma vez. Ou duas, se não ficarem suficientemente chocados e emocionados na primeira. Afinal, como nos disse George Santayana, “todos os que não conhecem a história, estão condenados a repeti-la”.
Fotografia “thumbnail”: Fonte-Colégio Web, retirado de: https://www.colegioweb.com.br/educador/como-motivar-criancas-a-ler-e-escrever.html
Artigo revisto por: Beatriz Pardal