Moda e Lifestyle

Minimalismo: somos o que temos?

Fonte: medium.com

Perante a evolução da sociedade capitalista, é cada vez mais relevante entender os nossos limites, para não perdermos uma parte do que somos no meio da loucura do “ter” em vez de “ser”. O minimalismo é o fruto da luta para evitar cair no erro de deixarmos que a posse nos defina. 

Ao livrarmo-nos de tudo o que não é relevante sentimo-nos mais leves e livres… Porquê? Simples: porque deixamos o peso do que possuímos para trás, o que permite uma vida mais facilitada, seja para viajar, seja para mudar para outro sítio, seja mesmo para a nossa estabilidade mental. 

O problema não é ter coisas, mas deixar que essas coisas se tornem na nossa prioridade. Temos a tendência de perder demasiado tempo a tentar reorganizar tudo, o que faz com que nos esqueçamos de organizar a nossa cabeça; no entanto, falar que coisas não nos deixam felizes é ser hipócrita. Coisas podem (ou não) trazer felicidade, porém, na maioria das vezes é temporária e depende do valor simbólico ligado ao objeto em questão. 

Mas afinal o que é o minimalismo?

Minimalismo é uma ferramenta usada por pessoas que pretendem experimentar um estilo de vida mais simples, prático e que permita liberdade. Até porque, sejamos sinceros, casas grandes dão trabalho de limpeza, muitos objetos também. Para além disso, muitas vezes perdemos as coisas no meio da confusão. Quantos de nós já abrimos armários em que vemos centenas de coisas e já só queremos fechar a porta?

Bem, aqui nasce o conceito, a necessidade de tirar as correntes da cultura consumidora que nos impede de ver as coisas de forma mais clara, (de forma mais) leve e livre de depressão, preocupação e de culpa. 

Atingir um estado de verdadeira liberdade. 

O minimalismo entra em tudo da tua vida, tudo o que ocupa tempo, sendo a sua ideia a capacidade de priorizar o que é importante, em ordem a abrir espaço para o que nos faz felizes.

E perguntam: como é que viver com menos nos permite atingir a liberdade? As nossas vidas atuais são corridas, o mundo acelerou e as pessoas tiveram de acompanhar. 

Trabalhamos, tiramos cursos, temos atividades extra, envolvemo-nos com as comunidades, temos mil e um projetos na cabeça… Com isso, aumentou a ansiedade… Como aliviar a ansiedade? Ter menos preocupações, saber que vamos chegar a casa, um sítio leve, para nos deitarmos e conseguirmos aliviar a nossa cabeça num ambiente terapêutico. 

Para além disso, a sociedade procura cada vez mais dinheiro, fama e interesses superficiais. Perdemos o valor dos momentos, do que temos e compramos numa forma de nos reafirmamos na sociedade. É triste pensar que muita gente fala e pensa que comprar roupa ou acessórios depois de um dia mau vai resolver o problema. Pois, é importante entender que o problema vem de dentro, tudo o que nós possuímos é apenas uma forma de nos distrairmos da confusão que vem de dentro de nós. 

Então, o que considero ser a cura real para viver esta vida da melhor maneira que conseguirmos é a gratidão. No entanto, ela só chega quando valorizamos tudo o que temos. Acordar de manhã e agradecer pela cama que tenho, pela fruta em cima da mesa, pela roupa que compramos. Essa ligação e esse amor a tudo o que nós temos ensina-nos a amar com maior intensidade e a ter respeito pelas coisas. Quero salientar que não se trata de se apegar a essas coisas, nem que sejam poucas, mas olhar para elas e saber que aquilo basta (não me define) é um auxílio na minha vida, por isso, vou guardá-las com amor. 

Mitos

Muitas vezes, as pessoas consideram o minimalismo um extremo, com uma lista extensa de regras e de valores a seguir. No entanto, o minimalismo é um conceito aberto que se adequa a situações e a pessoas. Isto é, alguém pode ter como objetivo ter, por exemplo, até 100 objetos na sua casa, mas isso não quer dizer que eu siga a mesma linha de pensamento. No meu caso, o objetivo não se prende na quantidade, mas na importância de ter um espaço aberto e claro. Logo, podemos entender que se trata sempre de uma escolha pessoal saber onde está o limite.

Por exemplo, alguns minimalistas também não possuem carros (por questões ambientais, pessoais, entre outras). Mas não faz o todo e é importante ter em consideração esse facto. Assim como não ter televisão, o tamanho da casa é uma questão de preferência pessoal, de necessidades pessoais, logo, não acho adequado o facto de fazer uma lista de passos de como atingir o minimalismo – deve, sim, ser explorado por cada pessoa, porque cada um de nós tem personalidades distintas e objetivos de vida também, o que automaticamente significa que a minha perspetiva perante o consumismo não será igual à de outra pessoa que esteja a explorar o minimalismo.

Aplicado na vida pessoal

Fonte: Pinterest

Aprender a deixar as coisas ir pode ser também aplicado nas relações, nos problemas e nas coisas simples da vida. Isso permite-nos tomar a perceção se algo é, de facto, útil e se nos traz benefícios positivos. 

Quando aplicado na vida pessoal, não quer dizer usar as pessoas para algo, mas conseguir diferenciar o peso que cada pessoa traz na nossa vida, pois, de facto, não devemos ter medo de nos colocarmos em primeiro lugar e de selecionarmos as energias das quais nos queremos rodear. Quantos de nós carregamos pessoas negativas nas nossas costas durante anos? Cada um tem problemas e momentos menos bons, isso é claro, mas é importante sabermos viver uns com os outros e, às vezes, existem aquelas pessoas que descarregam todas as suas dores e mágoas naqueles que os rodeiam. O problema disto? É que não nos conseguimos focar em nós e na nossa estabilidade – se queremos ser felizes, temos de estar leves. Se temos quem queira também atingir essa felicidade e deixar os problemas no caixote do lixo, damos as mãos a essas pessoas. Mas, se temos outras pessoas na nossa vida que têm tendência a reclamar de tudo, acho que está na hora de deixar a pessoa descobrir o que é melhor para si (e para nós) e isso significa distância, para não deixarmos que a nossa infelicidade nos consuma. Logo, vemos que, para focar, é preciso desapegar e é aí que entra a importância de entendermos que mais vale poucas, mas pessoas realmente positivas, do que muitas e que nem nos ajudam a viver a vida de uma maneira mais livre.

Queres ser mais um produto da sociedade?

Fonte: tecmundo.com.br

Mas é um percurso fácil? Não, não é. Porquê? Porque estão programados pela sociedade a consumir, consumimos quando não temos necessidade e por razões fúteis. Assim sendo, é claro que o processo não será linear, pois temos de estabelecer valores e ideias para o que pretendemos, para conseguirmos, de facto, levar isso a cabo no nosso dia a dia e resistir nem sempre é fácil. No entanto, resistir permite disciplina mental.

Disciplina mental é um traço tão importante nos dias que nos rodeiam, para que tenhamos a capacidade de manter a nossa essência num mundo que nos tenta direcionar em certos padrões. Por exemplo, algumas imagens da Black Friday são assustadoras – as pessoas perderam a cabeça. A cultura do consumismo está a consumir o mundo à nossa volta – a nossa casa, a Terra. A questão é: queres ser mais um produto da sociedade? Queres que os teus filhos cresçam num mundo em que valorizamos mais os preços baixos do que as pessoas? Vemos como o ser humano vira um monstro pelo dinheiro, vemos como a violência aparece para termos umas botas a 50% de desconto. Como chegámos aqui? Acho que isso já não interessa. O que interessa é: como saímos daqui?

Experiência Pessoal

Ora, para mim foi importante, pois, crescendo numa casa com uma mãe um pouco acumuladora, sentia sempre uma espécie de angústia quando abria o espaço de “arrumação” que na minha cabeça não estava nada arrumado, porque, com tanta tralha, até desistia de procurar o que pretendia. Mas quero referir que não são precisos muitos sacrifícios para mudar as coisas.

Um exemplo, para mim, sempre foi a minha mãe, que se sente feliz a colecionar objetos por onde passa, com quem vivencia, mas, para mim, as memórias e até fotografias bastam. Não negando que tenho uma caixinha de recordações, mas recordações genuínas, não de todos os momentos, mas daqueles que, de facto, não pretendo esquecer – pois, para mim, faz sentido.

Mas isso é o minimalismo – um percurso diferente para cada um que conheceu algures o conceito e se interessou, para aplicar na sua vida. Apesar do facto de já ter uma prévia noção do que é o minimalismo, com vídeos e influencers a partilharem a sua experiência, o que de facto revolucionou a minha mente perante este assunto foi um documentário da NetflixMinimalism: A Documentary About the Important Things.

Para começar esta jornada, fiz estas questões a mim mesma:

  1. O que é o minimalismo? – para ter a certeza que compreendia, fui pesquisar;
  2. Porque acumulo tanto? – entender e analisar a importância que eu dava às coisas;
  3. Como mudar os meus hábitos? – estabelecer limites e saber qual o objetivo que mais encaixava na minha vida, naquele momento e espaço de tempo.

E o que eu quero perguntar aos leitores é: quanto tempo gastas para escolher a roupa de manhã? Percebe o tempo que dás às coisas e pensa nos dias em que falas “hoje não tive tempo nenhum para mim” – incrível como quando analisamos a nossa rotina entendemos que nos foi roubado tanto tempo com coisas que não nos trouxeram nada a não ser preocupações.

É preciso perguntares-te: isto faz-me feliz?

Espero que vos tenha suscitado interesse perante este tópico e que nos faça ter vontade de pesquisar mais – aconselho vivamente a verem o documentário da Netflix sobre o minimalismo!

Fonte: seasonsblog.com

Artigo revisto por Inês Pinto

Fonte da foto de capa: live.apto.vc

AUTORIA

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Patrícia tem 19 anos e veio do Norte. Criada numa aldeia, desenvolveu um amor pela natureza e animais. Estuda Publicidade e Marketing e pretende trabalhar junto de organizações humanitárias. Mudou-se para Lisboa, mas nunca se esquece do seu Porto. Adora dançar, ler e ouvir clássicos de música. Sempre que pode, anda pelas ruas pronta para explorar algo novo e tirar fotos a cada detalhe artístico.