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Ministra da Administração Interna demite-se

A responsável pela pasta da Administração Interna apresentou esta quarta-feira a demissão: “Considerei que não tinha condições políticas e pessoais para continuar no exercício deste cargo”.
A ministra da Administração Interna – Constança Urbano de Sousa – apresentou esta quarta-feira o pedido de demissão. Na carta que enviou ao chefe de Governo, a até aqui ministra da Administração Interna, garante que desde a tragédia de Pedrógão Grande, em junho, que desejava cessar funções: “Logo a seguir à tragédia de Pedrógão pedi, insistentemente, que me libertasse das minhas funções e dei-lhe tempo para encontrar quem me substituísse, razão pela qual não pedi, formal e publicamente, a minha demissão”, escreveu Constança Urbano de Sousa.
A responsável pela pasta da Administração Interna diz ainda ter voltado, durante a tragédia deste fim de semana, a solicitar que, logo após o seu período crítico, António Costa aceitasse a cessação de funções, acrescentando: “apesar de esta tragédia ser fruto de múltiplos fatores, considerei que não tinha condições políticas e pessoais para continuar no exercício deste cargo, muito embora contasse com a sua confiança”.
Numa nota enviada pelo gabinete do Primeiro-Ministro aos meios de comunicação, António Costa agradece “a dedicação e empenho com que a ministra serviu o País no desempenho das suas funções”.
A ministra diz que o fez “por uma questão de lealdade” e que o primeiro-ministro, na altura, lhe pediu para se manter em funções.
“Manifestou-me sempre a sua confiança, o que naturalmente reconheço e que revela a grandeza de carácter que sempre lhe reconheci”, acrescentou a, agora, ex-ministra.
“A demissão era inevitável”, segundo o Bloco de Esquerda
Vários grupos parlamentares já reagiram à demissão de Constança Urbano de Sousa. No caso do Bloco de Esquerda, para o presidente do Grupo Parlamentar do BE, a demissão da ministra era “inevitável” face ao desenrolar dos acontecimentos dos últimos meses, acrescentando que “também era inevitável a aceitação da demissão” por parte de António Costa.
Questionado sobre a possibilidade de o Presidente da República poder vir a condicionar o funcionamento do governo do PS (apoiado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP), Pedro Filipe Soares diz que a necessidade de reformas e os “acontecimentos” é que vão pautar o desempenho do executivo.
“Não nos admira”, diz porta-voz dos bombeiros
O presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais (ANBP), Fernando Curto, também já esperava a demissão da ministra perante os últimos acontecimentos. “Não nos admira”, afirmou Fernando Curto à agência Lusa, sublinhando que, “perante os factos, é uma situação normal”.
Perante “todos os dados que neste momento estavam a ser lançados, todas as situações que ocorreram, e que culminaram ontem [terça-feira] com a intervenção do Presidente da República, tudo levava a crer que a ministra se ia demitir ou ia ser demitida e foi isso que aconteceu”, disse Fernando Curto.
Constança Urbano de Sousa sublinha que aceitou assumir funções no Governo de António Costa “apenas com o propósito de servir o País e o Governo”, a que teve “a honra de pertencer”.
Na segunda-feira, questionada pelos jornalistas sobre se tinha condições para continuar no cargo a ministra disse que demitir-se era “o mais fácil”: “Para mim seria mais fácil, pessoalmente, ir-me embora e ter as férias que não tive, mas agora não é altura de demissões”, afirmou a ministra aos jornalistas, depois de questionada várias vezes sobre as suas condições para permanecer no cargo.
“Neste momento estamos a viver uma tragédia, acho que não é o momento para a demissão, é momento para a ação para mudar aquilo que tem que ser mudado”, declarou aos jornalistas.
Dias antes, aquando da divulgação do relatório da Comissão independente sobre a tragédia de Pedrógão, Constança Urbano de Sousa também reafirmara a intenção de permanecer no cargo.
Na quarta-feira de manhã, a RTP avançou que também o Secretário de Estado da Administração Interna havia pedido a demissão, uma informação que mais tarde veio a ser desmentida pelo Ministério da Administração Interna.