Miss Americana é um documentário original da Netflix, dirigido por Lana Wilson, sobre a cantora e compositora Taylor Swift. O documentário, lançado em janeiro de 2020, acompanha a vida da cantora americana entre a Reputation Stadium Tour (2018) e o lançamento do seu sétimo álbum de estúdio, Lover (2019).

O título tem como inspiração a música Miss Americana and the Heartbreak Prince. Esta é uma música midtempo sobre desilusões amorosas na adolescência.

Ao longo dos 85 minutos do documentário acompanhamos os desafios e pressões que Taylor Swift enfrentou ao longo dos anos. A artista partilha a sua luta pela obtenção de aprovação e a necessidade de ser vista como “perfeita” pelos media e pelos fãs, mas também alguns problemas pessoais, como a doença da sua mãe, Andrea Swift.

O documentário é uma “montagem” de vídeos caseiros, gravados pela sua mãe durante a infância e adolescência da artista, entrevistas, gravações em estúdio -, onde acompanhamos o processo criativo da composição de algumas das suas músicas, como ME!, com Brendon Urie, e The Man – , gravações de concertos, especialmente da Reputation Stadium Tour e vídeos gravados no telemóvel pela artista.

Apesar de o documentário ter sido gravado entre 2018 e 2019, são vários os throwbacks a momentos importantes e transformadores na vida da Miss Americana, como os seus distúrbios alimentares, o julgamento da agressão sexual da qual foi vítima e a cultura de cancelamento, que a fez ser uma das personalidades mais odiadas da Internet.

Uma das formas mais utilizadas para estas viagens ao passado, além dos vídeos, são os diários de Swift. A artista lê, ao longo do filme, várias passagens dos diários que escrevia quando era mais nova, e muitos remontam aos anos em que Taylor era apenas uma jovem adolescente com o sonho de se tornar uma estrela country.

Ao longo do documentário, Taylor Swift também fala sobre o seu ativismo político e o desejo de usar a sua plataforma para defender causas importantes, como direitos LGBTQ+ e combate ao assédio sexual.

A cantora expressa críticas à senadora republicana Marsha Blackburn, representante do Tennessee, pelas suas políticas e histórico de votação no Congresso dos Estados Unidos. Swift fez referência a Blackburn como “Trump de peruca“, sugerindo que ela venceu as eleições para o Senado em 2018 ao se conformar com estereótipos femininos que refletem um cenário retrógrado dos anos 1950, o que não é aprovado pela cantora.

Durante a campanha para as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2020, o filme Miss Americana teve o seu single promocional Only the Young utilizado em campanhas publicitárias do candidato democrata Joe Biden e da candidata a vice-presidente Kamala Harris. Foi revelado pelo deputado Eric Swalwell que Taylor Swift autorizou o uso da música na campanha de forma gratuita, marcando a primeira vez que a artista permitiu que a sua música fosse utilizada em anúncios políticos.

A sinceridade de Swift em relação aos seus distúrbios alimentares e dismorfia corporal é notável. A discussão sobre este tópico permite que os fãs se identifiquem com este tipo de problemas, encorajando-os a procurar ajuda para comportamentos de transtorno alimentar. A abertura da cantora para este tema demonstra a sua vulnerabilidade perante as pressões associadas à beleza e ao sucesso, e mostra como até mesmo as pessoas mais fortes são suscetíveis a transtornos alimentares devido ao ambiente tóxico das redes sociais.

Miss Americana mergulha profundamente na vida de Taylor Swift, oferecendo uma perspetiva íntima e reveladora da sua jornada pessoal e artística. O documentário retrata a vulnerabilidade da cantora e o seu processo de autodescoberta, revelando os desafios enfrentados por uma das maiores estrelas da música pop.

O documentário procura criar uma relação ainda mais íntima entre a artista e os seus fãs, mas também dá oportunidade àqueles que não acompanham o seu trabalho de a verem com outros olhos.

Fonte da capa: Netflix

Artigo revisto por Mariana Saião