Morreu Johan Cruyff, o maior génio do futebol moderno
A lutar desde 2015 contra o cancro do pulmão, o holandês faleceu esta quinta-feira, na sua casa, em Barcelona. Tinha 68 anos.
Considerado por muitos um dos melhores futebolistas de sempre, ombreando com Maradona, Pelé, Eusébio e Di Stéfano, Johan Cruyff é talvez a figura que mais influenciou o futebol a vários níveis.
Com uma carreira ímpar como jogador, Cruyff (3 vezes Bola de Ouro) destacou-se no Ajax, onde ganhou por 3 vezes consecutivas a Taça dos Campeões Europeus (1971, 1972 e 1973). Foi também uma peça chave no percurso da seleção holandesa até à final no Mundial de 1974. Acabou por perdê-la para a Alemanha de Franz Beckenbauer, mas ainda assim eleito o melhor jogador do torneio.
Como treinador, teve um impacto ainda maior. O “futebol total” da seleção holandesa consistia nas trocas posicionais dos jogadores. Todos defendiam e atacavam, deixando para trás a ideia de que os “os defesas estão lá para defender e os avançados para atacar”. Foi com base neste modelo que Johan Cruyff ganhou, no Ajax, a Taça das Taças, em 1987, e, mais tarde, com a “dream team” do Barcelona, a Taça dos Campeões Europeus (1992), o primeiro troféu europeu na história do clube.
O Barcelona é, hoje em dia, e desde há vários anos, o expoente máximo do “futebol total” de Johan Cruyff. O próprio Guardiola, ex-técnico do Barcelona entre 2008 e 2012, onde ganhou 17 troféus, elege o holandês como o principal responsável para o grande sucesso da equipa: “Ele foi a bandeira. Agora que a ideia está instaurada, o difícil é mantê-la, mas a culpa de tudo isso é de Cruyff.”
Guardiola, levado por Cruyff para a equipa principal do Barcelona e campeão na mesma, sintetizou as ideias do antigo treinador: “Os jogadores têm de pensar rápido e jogar com inteligência, sempre a pensar no próximo passe. (…) Cruyff ensinou-nos a jogar a mover a bola rapidamente. Ele só usava jogadores com grande técnica. Quando procuramos por jogadores, ainda queremos essas qualidades.”
O “holandês voador” parte, mas o seu legado viverá para sempre. O Barcelona é nesta altura a melhor equipa do mundo e deve-o em grande parte ao génio de Johan Cruyff.