Nana Osaki: A protagonista punk
NANA é um shoujo, criado por Ai Yazawa, que se tornou num anime e num filme live-action. Para os menos familiarizados com o termo, um shoujo é um tipo de mangá criado para um público jovem feminino.
Duas jovens com o mesmo nome conhecem-se numa viagem de comboio para Tóquio. São, à partida, o oposto uma da outra, não só em personalidade, mas também no seu estilo. Mas, acabam por se unir pelo desejo que partilham de alterarem as suas vidas numa outra cidade. NANA retrata o início da vida adulta feminina e as problemáticas que tal experiência acarreta.
É com esta premissa que surge uma das nossas protagonistas, Nana Osaki. É, de imediato, uma presença forte e com um estilo próprio demarcado – a jovem procura o sucesso de uma carreira na indústria musical com a sua banda punk-rock, BLAST.
Unindo o mundo da música e da moda, Yazawa torna Osaki numa autêntica representação da cultura punk, com todas as qualidades e defeitos que este papel acompanha.
A importância da moda no mundo de NANA
Muitos foram os que apelidaram esta obra como sendo uma “carta de amor” a Vivienne Westwood. A predileção da marca, por parte da autora, é evidente em toda a história, estando várias peças icônicas presentes nas diversas páginas do mangá e capítulos do anime.
A escolha da marca também não aparenta ser fruto de uma mera preferência por parte da criadora, sendo justificada ao longo dos vários momentos a que vamos assistindo.
Vivienne Westwood foi uma marca criada pela designer, com o mesmo nome, no início dos anos 70. As indumentárias criadas por esta, não só se baseavam na cultura punk britânica, como também a moviam. Conseguinte, foi o grupo Sex Pistols que atraiu os olhares dos britânicos para as indumentárias incomuns dos integrantes. Todas estas desenhadas e concebidas pela própria Westwood.
A ligação de Vivienne Westwood com o mundo da música é inegável, tendo concebido peças para artistas como Boy George, Visage e Duran Duran.
NANA é uma história que, tal como a marca, conecta o mundo da música com a moda. Acima de tudo, NANA é uma história que é criada a partir da cultura punk e influenciada pela mesma. Isto torna a presença de Westwood incontornável.
Nana Osaki
“Vivienne Westwood, The Sex Pistols, Seven Stars, café com leite e bolo de morango. E flores Ren. As coisas preferidas de Nana nunca mudam.”
– Ai Yazawa, NANA, Vol.2
Desde o primeiro momento que Osaki aparece em cena, torna-se óbvio para o espetador que ela não se trata de uma figura qualquer. A protagonista personifica todos os valores já tratados por Westwood. Não há qualquer dúvida de que Nana Osaki é a personificação da cultura punk: jovem, rebelde e independente.
A cantora torna-se no principal veículo para a marca de roupa, sendo ela a principal modelo das vestimentas e acessórios.
Logo na primeira cena, Nana Komatsu, também apelidada de Hachi, contempla Nana e destaca o anel bastante distinto que esta utiliza. O anel em questão denomina-se Armour Ring e pode ser encontrado até aos dias de hoje, na loja da Vivienne Westwood.
A front-woman dos BLAST é caracterizada como sendo confiante e conhecedora de si mesma, desde o primeiro momento em que se apresenta. Estas características são algo que se reflete no estilo impactante e imediatamente destacável de Hachi e de outros personagens. O anel acima ilustrado pode ser encontrado de forma constante em todos os momentos da personagem, sendo considerado por muitos uma espécie de “armadura” que Osaki utiliza para se proteger a si mesma do mundo que a rodeia.
Esta protagonista não demonstra uma evolução muito diversa na sua forma de vestir no decorrer da sua história. Isto provavelmente advém do facto de a própria já ter uma imagem estabelecida de si própria inicialmente. Porém, podemos referir um período apenas caracterizado no mangá.
Segundo a história que nos é contada, Nana Osaki terá sido abandonada pela mãe e deixada com a avó. No lar desta, a cantora foi vítima de políticas rígidas estabelecidas pela parente, que afetavam, não só o seu comportamento, como o seu estilo. Segundo a família, Osaki estava proibida de utilizar roupas ousadas e, acima de tudo, de utilizar a cor vermelha. A proibição desta cor provinha da natureza sensual a que lhe está associada. A avó de Nana temia que a neta se tornasse na mãe, uma mulher que ela não respeitava.
Porém, após a morte da sua avó, Nana começa a vestir tudo o que até àquele ponto lhe tinha sido proibido. No decorrer do mangá e do anime, podemos notar a presença prevalente de elementos associados a uma certa sensualidade, assim como a utilização da cor vermelha. Esta cor torna-se na predileta da personagem e numa espécie de símbolo do seu protesto perante o abuso emocional que sofreu por parte da sua progenitora.
Com isto, Osaki acentua a postura rebelde e revolucionária através das suas roupas, complementando a imagem de uma jovem punk.
Fonte da capa: Latercera
Artigo revisto por Daniela Leonardo
AUTORIA
A Mariana está no último ano da licenciatura de publicidade e marketing, mas o seu “bichinho” da escrita parece não a querer abandonar. Abençoada por vários hobbies e interesses, ocupa o seu tempo na ESCS Magazine com um pequeno aprofundamento de “factos interessantes” que os amigos já estão fartos de a ouvir contar.