Moda e Lifestyle

O batom vermelho e a sua história

Já dizia Dita Von Teese, “saltos altos e batom vermelho despertam o medo nas pessoas”. Nos supostos 5000 anos em que este cosmético rondou o nosso planeta, já assumiu várias reputações. Em certos momentos, foi o principal “acessório” do glamour de Hollywood, noutros foi um símbolo de impureza feminina e no meio de um período temporal tão extenso conseguiu servir de armadura para as militares americanas.

Origens e os seus primeiros utilizadores

Estima-se que o primeiro batom vermelho foi criado na Mesopotâmia há cerca de 5000 anos, através do esmagamento de pedras vermelhas. Porém, muitos associam o primeiro uso deste cosmético aos egípcios, que o criavam a partir de uma mistura de insectos esmagados. No Egipto, o batom vermelho demarcava o alto estatuto do seu utilizador, homem ou mulher.

Pouco se sabe relativamente ao seu criador e sobre os usos que este pretendia com o produto, mas anos mais tarde, na Grécia antiga, o batom vermelho já ganhava as suas primeiras conotações negativas perante a sociedade. A utilização de batom vermelho, e outros tipos de maquilhagem, era exclusiva às prostitutas. A não utilização de maquilhagem por estas era punível por lei, sendo considerada como uma tentativa de se tentarem confundir com as “senhoras”.

Fonte: World History Encyclopedia

Na Idade Média, a Igreja considerava o batom como elemento satânico, obrigando a que a utilização deste fosse incluída como confissão das utilizadoras. Porém, em 1558, a Rainha Isabel I redefiniu os valores morais que há muito acompanhavam o cosmético. Segundo a monarca, o batom possuía poderes místicos de cura. Ironicamente, a sua utilização diária poderá ter sido uma das causas que levou Isabel à sua morte.

As Suffragettes e os anos 20

Por volta de 1912, em pleno pico do conhecido movimento das suffragettes, as ativistas marchavam nas ruas pela igualdade de género e o direito ao voto, fazendo-se acompanhar da cor vermelha nos lábios.

A cor chamativa era considerada como sendo escandalosa, e, por isso, era o símbolo perfeito para representar a mulher independente e emancipada. Porém, semelhantemente às suas antecessoras, as utilizadoras deste cosmético foram vítimas de censura por parte da sociedade, que mais uma vez as via como moralmente erróneas.

Com isto, é importante referir que, apesar do poder que esta cor dava às mulheres brancas que protagonizaram o movimento na época, o mesmo não pode ser dito relativamente às mulheres de cor, cujo contraste com a tinta dos lábios era menor, e de menor destaque. Posto isto, podemos questionar a importância deste acessório, e o poder que trouxe para o movimento como um todo.

Em 1915, Maurice Levy inventou o primeiro tubo de batom, o que facilitou a sua utilização.

A chegada dos anos 20 e a popularização do filme silencioso continuaram a dar popularidade a este produto. A cor escura e forte destacava-se nos filmes a preto e branco e, em 1933, a revista Vogue declarava o batom como sendo o cosmético mais importante para uma mulher. Em Inglaterra, Churchill considerava o batom como sendo uma necessidade para a mulher e obrigava todas as fábricas a tê-lo em stock para usufruto das trabalhadoras.

Fonte: Aesthetics By Design

Victory Red e uniforme militar

Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, as atenções do mundo viraram-se inevitavelmente para os protagonistas dos regimes ditatoriais, nomeadamente, Adolf Hitler. O ditador alemão era bastante vocal sobre os ideais que tinha para a “raça” ariana, e tal como em outros momentos históricos prévios, ditou que a utilização de batom vermelho tornava as mulheres ariana impuras. O uso deste cosmético a seus olhos era condenável.

Sendo este um comentário de conhecimento geral para as tropas inimigas, rapidamente este produto se tornou numa forma de manifestação contra o movimento nazi.

Nos Estados Unidos, a falta de homens causada pelo fluxo para a guerra fazia-se sentir nas fábricas. Isto levou a mulher para as forças de trabalho, sendo muitas vezes acompanhadas pela cor nos lábios. Por volta desta mesma altura, o batom vermelho torna-se um acessório obrigatório ao uniforme das marines americanas. A cor utilizada pelas militares apelidava-se de Montezuma Red, e foi criado por Elizabeth Arden. Nos dias que correm, ainda podemos comprar esta cor da Bésame Cosmetics, mas tem outro nome, 1914 Victory Red.

Nos tempos que correm

O batom vermelho continua a ser reconhecido como uma cor de destaque. A sua utilização é extensível a mulheres de várias classes, deixando de ser um símbolo tão demarcado de status.

Posto isto, não há como negar o poder e confiança que esta cor continua a trazer à mulher moderna. A história deste produto é algo que traz uma certa credibilidade a este sentimento, sendo um produto que acompanhou as censuras e vitórias do sexo feminino.

Hoje em dia, continua a ser utilizado pelas mais importantes figuras femininas – políticas, cantoras, atrizes, mulheres comuns…

É um símbolo aplicável a todas elas.

Fonte: CNN

Fonte da capa: We fashion trends

Artigo revisto por Marta Nobre

AUTORIA

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A Mariana está no último ano da licenciatura de publicidade e marketing, mas o seu “bichinho” da escrita parece não a querer abandonar. Abençoada por vários hobbies e interesses, ocupa o seu tempo na ESCS Magazine com um pequeno aprofundamento de “factos interessantes” que os amigos já estão fartos de a ouvir contar.