Nos cursos da água
Para os que conhecem a belíssima capital portuguesa é difícil ficar indiferente perante uma obra como o aqueduto das águas livres, cujo maior arco tem cerca de 65 metros de altura, na arcadaria do vale de Alcântara. Esta fantástica estrutura, construída entre 1731 e 1799, garantiu o abastecimento da cidade de Lisboa durante muitos anos, sendo desactivado nos anos 60 do século XX. No entanto, este abastecimento não se ficava apenas pelo aqueduto, pelo que se estendia por uma vasta rede de galerias subterrâneas com cerca de 12 km e a um conjunto de edifícios de apoio a esta distribuição, como o Reservatório da Mãe d’Água e a Casa do Registo, nas Amoreiras
Entre as várias galerias que derivavam do aqueduto, que davam acesso a cerca de 30 chafarizes, encontra-se a Galeria do Loreto. Com início na Casa do Registo, edifício que à data servia para controlar os caudais de água que seguiam para os vários pontos de abastecimento, esta é a única galeria aberta pelo Museu da Água para visitas. Até há pouco tempo, esta visita acontecia apenas entre o Príncipe Real e o Miradouro de São Pedro de Alcântara, com uma extensão de cerca de 1,4 km. Com a abert ura do novo troço ao público, inaugurado oficialmente no dia 17 de Abril de 2015, esta visita passou a ter uma extensão de cerca de 2 km ao longo de túneis subterrâneos.
Ao descer as escadas para dar início à visita, submerge-se numa Lisboa desconhecida e paralela à habitual confusão, logo uns metros acima de nós. Para que os visitantes possam ter uma maior percepção dos locais que se encontram acima de si, de forma a saberem por onde andam nas profundezas, estão espalhadas pelos túneis algumas fotografias com os nomes dos locais correspondentes. Assim, o visitante sabe sempre onde se encontra, tendo uma maior percepção da parte da visita a decorrer. Os túneis são todos iluminados, os visitantes seguem todos em fila e vão inclinando a cabeça, ora para ouvir as explicações da guia, ora para não bater com a cabeça nas partes em que o tecto é mais baixo.
Esta é uma fantástica forma de redescobrir a nossa capital, acompanhando os tímidos percursos de água que tão poucos conhecem. Para os mais receosos, existem três pontos de fuga, em chafarizes, por onde se pode terminar a visita mais cedo, caso haja essa necessidade. Para os mais corajosos, são cerca de 2 km que dificilmente se esquecerão. Para terminar com a cereja no topo do bolo, a visita conclui no Miradouro de São Pedro de Alcântara, onde se pode desfrutar de uma vista panorâmica privilegiada. Eras capaz de mergulhar nesta aventura?
AUTORIA
Estudante de Relações Públicas e Comunicação Empresarial, é um apaixonado pela ESCS e não passa lá mais tempo porque o segurança não deixa. Ainda assim, tem outras paixões além da escsiana, pelo que também adora a fotografia e a escrita. Sempre que pode escreve umas coisas, seja para levar os outros a reflectir ou para lhes dar a conhecer outras realidades até então desconhecidas. Lisboeta por vocação, procura redescobrir esta fantástica cidade sempre que lhe é possível.