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O adiamento da toma da segunda dose da vacina: as diversas opiniões

A toma da segunda dose da vacina está a causar desentendimentos entre especialistas. Há quem diga que uma dose já confere proteção e que o melhor a fazer é vacinar mais pessoas, enquanto outros dizem que uma dose será insuficiente para proteger os mais vulneráveis.

Foi lançada pela revista científica The New England Journal of Medicine (NEJM) uma sondagem sobre o adiamento ou não da segunda dose das vacinas contra a Covid-19. Mais de metade das pessoas que votaram (57%) consideram que se devia manter o esquema de vacinação que foi sugerido pelas empresas que desenvolveram as vacinas. No entanto, a votação ainda estará em curso até 14 de abril.

Esta sondagem ocorreu devido a uma escassez de vacinas que se tem verificado, consistindo num dos argumentos a favor de um maior espaçamento entre as duas doses, apresentado por Robert Wachter, o diretor do departamento de Medicina da Universidade da Califórnia. Para o médico, os riscos de manter o esquema de vacinação como foi definido poderão ser maiores do que os riscos de alterar esse plano.

Robert Wachter afirma que existe o risco de a segunda dose ser menos eficaz se for dada depois do tempo previsto. No entanto, argumenta que com uma dose de vacina muitas pessoas já vão ficar protegidas e, tendo em conta a imunidade originada por uma infeção natural, as pessoas podem ficar seguras por mais de três meses. 

Segundo o médico, “as circunstâncias atuais – uma implementação lenta da vacinação, um fornecimento limitado da vacina e o surgimento de variantes mais infecciosas do SARS-CoV-2, que ameaçam ultrapassar o programa de vacinação – são tudo menos normais”. 

Créditos: Robert Wachter
Fonte: HealthcareITNews

Do mesmo lado, Danuta Skowronski, do Centro de Controlo da Doença da Colômbia Britânica, e Gaston De Serres, do Instituto Nacional de Saúde Público do Quebeque, defendem também que os benefícios da vacinação são maiores se se conseguir vacinar todas as pessoas dos grupos vulneráveis, ainda que só com uma dose, pelo menos até que haja vacinas suficientes.

Contudo, existem opiniões diferentes, como a de Nicole Lurie, médica de Saúde Pública e consultora do Banco Mundial e da Coligação para as Iniciativas de Preparação para as Epidemias. A médica admite que a primeira dose confere uma imunidade que não desaparece rapidamente, mas, ainda assim, afirma que é uma resposta imunitária “incompleta”. O seu receio é o de que as pessoas mais vulneráveis não fiquem convenientemente protegidas, o que não aliviará a pressão nos hospitais.

Segundo Nicole Lurie, não há dados que informem por quanto tempo a segunda dose pode ser adiada sem comprometer a eficácia da vacina. Para além disso, também não se sabe a duração da imunidade produzida pelo regime de duas doses e se o momento da dose afeta ou não a imunidade em idosos e pessoas “imunocomprometidas” que são as mais responsáveis pelas hospitalizações e mortes.

Outro dos receios é o de que as pessoas fiquem confusas com a alteração de planos e percam a confiança na vacinação. Se ficarem infetadas enquanto aguardam pela segunda dose, poderão começar a duvidar da eficácia da vacina. No entanto, para Robert Wachter, isto pode ser minimizado com uma boa estratégia de comunicação. 

Os Centros para o Controlo e Prevenção de Doenças norte-americanos (CDC) afirmam que a segunda dose pode ser dada até seis semanas depois da primeira. Além disso, dois especialistas canadianos ligados aos institutos nacionais de saúde e de controlo das doenças também defenderam o alargamento do prazo da segunda dose. O Reino Unido, por exemplo, foi um país que adotou o atraso da segunda dose ainda em dezembro.

No entanto, as empresas ainda afirmam que não testaram a eficácia das vacinas com outros esquemas de vacinação sem ser os que foram recomendados. Segundo as normas da Direção-Geral de Saúde, a vacina da Pfizer/BioNTech deve ser dada com intervalo mínimo de 21 dias, a da Moderna com intervalo de 28 dias e a da Oxford/AstraZeneca com intervalo de 12 semanas.

Artigo revisto por Maria Ponce Madeira

Fonte da Imagem de capa: LUSA/CARLOS BARROSO

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Desde pequena que sempre gostou de escrever histórias, de falar pelos cotovelos e de ler. Imagina-se numa grande rádio ou a ser pivô na televisão. Mas foi também na infância que descobriu uma das suas maiores paixões: a dança. A vida levou-a ao curso de Jornalismo, mas é a dançar que melhor consegue transmitir uma mensagem aos outros. Onde o futuro a vai levar não sabe, mas uma coisa é certa: quer comunicar, seja por que meio for.