Artes Visuais e Performativas

O AmadoraBD comemora 25 anos. Batman e Mafalda juntaram-se à festa.

25 anos! O maior festival de banda desenhada nacional, que progressivamente tem conquistado estatuto internacional, está cada vez mais crescido! Neste artigo contamo-vos tudo aquilo de que precisam de saber sobre este importante evento que decorrerá entre 24 de Outubro e 9 de Novembro. Mas, antes disso, que tal uma breve apresentação sobre como surgiu o AmadoraBD? Ou deverei dizer… FIBDA?

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Começou por ser um pequeno salão, em 1990, que tinha o propósito de comemorar a importância da banda desenhada na Amadora, quer do ponto de vista dos autores, quer do ponto de vista editorial – conta-nos Nélson Dona, director do festival. Era suposto realizar-se apenas daquela vez, mas o sucesso foi tão grande que a Câmara da Amadora pensou em transformá-lo num evento regular, não tendo falhado ainda nenhum ano.

A edição deste ano dá destaque à autora Joana Afonso, vencedora do Prémio de Melhor Álbum em 2013, com o álbum O Baile, cujo argumento é da autoria de Nuno Duarte. Joana Afonso, professora na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, é a autora da ilustração que dá cara ao 25º AmadoraBD.

A exposição central deste ano denomina-se Galáxia XXI: o futuro da banda desenhada é agora, sendo composta por 8 núcleos, desde Os grandes mercados: EUA e Japão; A BD para além da BD: biografia, passando pelo Trabalho Colectivo: a internet quebrando fronteiras, até à BD no cinema.

 

Destaque ainda para as comemorações dos 75 anos de Batman, o famoso super-herói criado por Bob Kane aquando da 27ª edição da revista Detective Comics, e dos 50 anos daquela que para nós continua uma menina, Mafalda, personagem da autoria do argentino Quino. O AmadoraBD conta ainda com diversas exposições, tais como: O Surfista Prateado, Jim Curioso: Viagem ao Coração do Oceano e os premiados Osvaldo Medina, Catarina Sobral e Henrique Monteiro com os álbuns Super Pig: Roleta Nipónica (Prémio Nacional de BD 2013: Melhor Desenho de Autor Português), Achimpa (Prémio Nacional de BD 2013: Melhor Ilustração de Livro Infantil) e Enorme, Brutal, Colossal 2012! (Prémio Nacional de BD 2013: Melhor Álbum de Tiras Humorísticas), respectivamente, e ainda o projecto BDLP – Banda Desenhada de Língua Portuguesa, que recebeu o Prémio Nacional de BD 2013 na categoria de Melhor Fanzine.

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Convidados

 No festival estarão presentes diversos convidados ligados à 9.ª arte, dos quais já foram confirmados os seguintes:

.25/26 de Outubro – Alex Vieira, Maria Gómez, Olaf Ladousse e Matthias Picard;

.1/2 de Novembro – François Ayroles, Rafael Coutinho, Joe Staton;

.7/9 de Novembro – Anna Deflorian, Andrea Bruno, Edmund Baudoin, Lilli Loge, Tom Grindberg.

 

A quem se destina este festival?

Sendo um dos mais relevantes a nível internacional e o mais importante festival de banda desenhada em terras lusas, Nélson Dona garante que no AmadoraBD se tenta dar resposta a dois tipos de público: o que conhece e gosta de banda desenhada, que vai ao festival saber novidades e ver qual o panorama actual da BD, e, por outro lado, o público que durante o ano é mais desatento, mas vê o festival da Amadora como uma referência para se actualizar e uma forma de passar um bom dia de lazer. De forma genérica, Nélson Dona considera existir cada vez menos um público concreto que goste de banda desenhada no geral, mas antes um público que gosta de segmentos de banda desenhada – Manga, Super-heroís americanos, banda desenhada independente francesa, etc. – fenómeno que considera verificar-se cada vez mais em todas as artes. Além disso, através de inquéritos desenvolvidos com a Universidade do Porto, o director do festival garante que o seu público é muito heterogéneo, indo ao AmadoraBD num acto social, não apenas porque gosta de banda desenhada, mas porque vai ao cinema, ao teatro e a outro tipo de exposições.

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O director do festival considera também que este é um festival generalista em termos de oferta estética e de género, com exposições para crianças (algumas delas com os quadros colocados a uma altura inferior para se entender a quem se destinam), bem como exposições exclusivamente para adultos.

 

Manga e Cosplay… estou no sítio certo?

 

Não constituindo a principal oferta do festival, mas dado o seu estatuto de genérico, a banda desenhada oriental não poderia certamente faltar, sendo que haverá exposições na área do Manga. Haverá também, como já é costume, um concurso de Cosplay.

 

Haverá um desinvestimento por parte da autarquia?

Não. Quando questionado sobre este tema, o director esclarece-nos que “não tem havido propriamente desinvestimento do ponto de vista orçamental por parte da câmara, muito pelo contrário, ela tem mantido o orçamento relativamente ao festival”, mas antes que “aquilo que tem reduzido é a receita geral da câmara, o que significa que a câmara da Amadora está a fazer um investimento percentualmente maior na área da cultura porque mantém o orçamento do festival”. Os constrangimentos que existem são, na verdade, de ordem “legal e processual”, isto é, “a forma como podemos fazer compras, desde o parafuso até à compra da viagem para um artista vir cá”, causando atrasos nos trabalhos.

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A banda desenhada está a crescer!

 

Baseando-se no público da Amadora e nas publicações que vão sendo feitas, lamentando a falta de estudos neste âmbito, Nélson acredita que a BD se esteja a expandir, apesar da Galáxia XXI em que vivemos, onde predomina a febre tecnológica. Tal conclusão surge com base no aumento da diversidade de títulos de banda desenhada (ainda que com menores tiragens) e de editoras a fazer banda desenhada, o que leva a crer que existem leitores para esses livros, caso contrário os editores não publicariam (e muito menos republicariam). Tal acontece também com a poesia.

Afirma, porém, que “a banda desenhada já teve tiragens bem superiores”, acrescentando que “as artes passam todas elas por estes fenómenos de em determinado momento serem mais populares do que noutros, sendo que, no caso da banda desenhada até aos anos 70, as tiragens dos livros e das revistas semanais eram muito grandes e hoje serão menos, eventualmente, pela concorrência de outras formas culturais e de lazer onde o universo da internet e o universo do ecrã têm bastante importância”, mas considera que, a seu ver, elas são complementares, tal como o teatro, a ópera e o cinema, onde o aparecimento do terceiro levou à dúvida sobre a subsistência das outras duas artes. “No caso da banda desenhada, por implicar uma relação íntima do leitor com o livro, é uma arte mais anónima, porque as pessoas lêem os livros de uma forma individual, não é um acto colectivo” – justifica-nos Nélson, desta forma, o porquê de a banda desenhada não ser um fenómeno social de elevada visibilidade.

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Também queres ser autor de BD?

 

Para os nossos leitores que queiram envergar pela 9ª arte, o director do festival também deixou algumas palavras. A primeira coisa que é importante referir, segundo Nélson Dona, é que o trabalho nas artes é “10% inspiração, 90% de transpiração”. Posto isto, refere que existem oportunidades, como é o caso do concurso da Amadora, que “permite que estejam patentes ao público as obras de artistas que ninguém conhece, ao lado dos grandes mestres da banda desenhada mundial, sendo que alguns autores que fazem parte do panorama da banda desenhada contemporânea portuguesa ganharam o concurso anteriormente, ou que, pelo menos, participaram nele, como são os casos do José Carlos Fernandes, do Rui Lacas, da própria Joana Afonso, do Miguel Rocha, etc”.

Para quem quer encarar a BD como uma área profissional ou paralela, seja na área do desenho, seja na área do argumento, é preciso trabalhar com seriedade, estar atento ao que os outros andam a fazer, ir buscar as melhores influências e o mais importante: «ter presente que quando se está a falar de banda desenhada está a falar-se em contar histórias desenhadas que vão ser lidas por alguém, portanto há que perceber quem é o outro que vai ler a “minha” banda desenhada».

De que estão à espera, artistas?

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Outras informações e considerações

 

.O festival decorre no Fórum Luís de Camões, na Rua Luís Vaz de Camões, Brandoa.

 

.O preço dos bilhetes é de 3 euros para o público em geral, maior de 12 anos. Menores de 12 não pagam, bem como os visitantes que forem caracterizados de personagem de BD!* Para estudantes, portadores de cartão-jovem, pensionistas, seniores e munícipes da Amadora, o bilhete tem o custo de 2 euros.

 

.Haverá sessões de autógrafos, cujos horários poderás confirmar aqui: http://www.cm-amadora.pt/amadorabd/2014/files/2914/1417/6248/25amadorabd2014_autografos_semana1.pdf

.Durante o festival, várias editoras estarão a vender livros no piso -1: Devir; Dr. Kartoon; Grupo Babel; Grupo Leya; J-J; Kingpin Books; Livraria Palavras de Culto; Polvo.
.Se apresentares um título de transporte válido (talão) na bilheteira, o AmadoraBD oferece-te a entrada!

Aos fins-de-semana, há ainda um transfer gratuito que faz o percurso entre a estação de metro Amadora-Este, a estação de comboios da Amadora e o Fórum Luís de Camões, das 11h às 12h30 e das 15h às 18h.

 

Qual é a desculpa para não ires a este fantástico evento? 😉

*mediante inscrição na base de dados do AmadoraBD

AUTORIA

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Com 18 anos de idade é aluno da ESCS e frequenta o 1º ano do Curso de AM. Fez o secundário na ES Miguel Torga, após uma passagem de nove anos pelo CSJ - Ramalhão.
Considera-se um diletante, maneira simpática de dizer criativo com apetência para a preguiça, e ambiciona envergar pelo desenvolvimento de videojogos.
Nos tempos livres põe em prática o gosto pela produção musical e pela escrita. É péssimo a gerir o seu tempo mas não resiste a juntar-se a 1001 projectos, dos quais não podia faltar a aliciante ESCS magazine!
É praticante federado de esgrima (sabre) e adepto fervoroso do Sporting CP!
Celebra o seu aniversário no dia 12 de Junho e está a aceitar prendas. Canetas em riste, en garde!