“O Anel” de Danielle Steel
A escritora norte-americana Danielle Steel apresentou pela primeira vez em 1980 o livro O Anel. Esta história emocionante e trágica do século XX representa como a II Guerra Mundial e o nazismo implantado na Alemanha afetaram várias gerações. Esta obra não só vai provocar sentimentos fortes, como também te vai fazer apaixonar por um dos “vilões” da História humana.
O Anel está dividido em quatro partes, designadas por livros em que cada um apresenta uma das três gerações diferentes de uma só família. No primeiro livro encontra-se Kassandra, a primeira mulher das três gerações. Este ocorreu no início da implantação do nazismo na Alemanha, quando existia a perseguição aos judeus. A segunda geração traz a filha de Kassandra, a Ariana, na Alemanha durante o início da Segunda Guerra Mundial até 1945, no fim da mesma. A terceira parte dá continuidade à história de Ariana após a sua fuga de Berlim para Nova Iorque. E o último livro apresenta a terceira geração, Noel, o filho de Ariana. A história principal e mais longa é a da jovem Ariana. Nesta geração, relatada em dois livros, descobre-se como a jovem sobreviveu sozinha durante e depois da guerra. A escritora relata o sofrimento de várias personagens provocado pela situação em que se encontravam. Não é por acaso que a obra tem como título um objeto: o anel. Este em questão pertence a Kassandra e será a salvação de Ariana passados todos aqueles anos de dor.
O facto de ser uma obra da década de 80 pode ser uma razão pela qual não está na lista de livros para ler no futuro, mas é um erro. Tive o prazer de ler um outro livro de Steel e, pela experiência, garanto que a autora tem uma técnica narrativa e de expressão definida que não engana ninguém. Contudo, ainda que se fixe num mesmo género literário, os enredos não podiam ser mais distintos. A escritora utiliza a tragédia para aproximar o leitor à história e criar empatia com as personagens. Ao longo da história senti-me cada vez mais envolvida com as personagens. Quanto mais trágica a história se torna, maior a empatia que o leitor tem, mesmo sabendo que esta é fictícia. A História ensina-nos que a maioria dos cidadãos alemães foram a favor do nazismo e apoiaram o governo até à sua queda, mas este livro mostra outras realidades. Daniel Steel usou personagens principais e secundárias para representar as várias pessoas que viveram durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar de os alemães serem vistos como os “vilões da história”, a verdade é que, tal como Steel descreveu, houve pessoas que sofreram com a guerra e que eram contra o que estava a acontecer no seu país. A escritora adicionou personagens que eram contra o regime devido a ações que afetaram a sua vida: foi o caso de Manfred, uma das personagens secundárias que perdeu a sua família graças à guerra, mas que continuou a servir o país como polícia. Mortes, famílias separadas, traições, mentiras, reencontros são todos os pontos de vista que Steel aborda neste livro.
Apesar de o maior foco desta história ser a dor e a tristeza, a escritora deu espaço para o romance. Para os fãs de paixão, esta história mostra o lado amoroso das personagens e vários tipos de relacionamentos desde o primeiro amor ao relacionamento por interesse. A escritora utiliza as tragédias nas relações amorosas para provocar algum sentimento no leitor, como por exemplo, Ariana e Max. Não só estão presentes relações amorosas como também estão presentes relações familiares. Pode-se ver neste relato literário o amor familiar e a união entre pai, filha e filho. Danielle Steel descreve a força de uma família nos momentos mais trágicos e como são importantes para a sobrevivência. Mesmo quando não estão presentes, o pensamento e memórias construídas juntos são uma escapatória à realidade. Para quem aprecia um livro sobre acontecimentos históricos, este poderá ser uma boa escolha, mas tem que contar com ficção e não só com factos. Steel aproveitou um acontecimento da História para criar este drama romântico e não deixou de parte a realidade de como foi exercido o poder nazi e o terror que os judeus sofreram.
Tanto a escritora como o livro têm um maior impacto na geração anterior, mas também merecem ser conhecidos pela geração atual. Este drama não só é uma obra que apresenta um relato fácil de ler como também aproxima os leitores das personagens. Danielle Steel não deixa esquecer um dos mais negros momentos da humanidade.
Fonte da capa: Catarina Tavares
Artigo revisto por Inês Moutinho
AUTORIA
Apesar de se demonstrar tímida, a Catarina também é uma rapariga muito dada às pessoas e extrovertida. Sempre adorou escrever e viu a participação na ESCS Magazine como uma boa oportunidade para escrever sobre temas do seu agrado, especialmente a literatura. Tem um enorme gosto em se aventurar no mundo dos livros e viver na sua imaginação.