Editorias, Mundo Académico

Novas experiências no mundo universitário

Como é viver pela primeira vez sozinho?

A Universidade é uma nova realidade: novas amizades, novos professores e novos  modelos de estudo. Porém, muitos jovens são obrigados a sair de casa. Quem vive na grande Lisboa reclama do tempo que leva no percurso pendular, mas terá sempre o conforto do seu espaço pessoal, rodeado de pessoas que o amam.

Para aprofundar mais o conhecimento deste sentimento, estive à conversa com Cátia Alexandre, uma jovem de 18 anos oriunda da Batalha, Leiria, onde sempre viveu.  Mudou-se para Lisboa com o objetivo de estudar Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social. 

Fonte da imagem: Google Earth

1. Tens alguém na zona da Grande Lisboa que conheças da Batalha? 

Da minha turma do secundário, oito pessoas vieram estudar para Lisboa. Assim que nos mudámos para a capital, fizemos um grupo no Whatsapp, onde falamos regularmente porque fazemos questão de manter o contacto. Já nos encontrámos várias vezes aqui em Lisboa e é sempre bom para nos sentirmos mais em casa.

2. Qual foi o impacto de te mudares para a capital? 

No início estava bastante nervosa por saber que iria ter de enfrentar esta nova fase sozinha. Não foi fácil despedir-me do conforto que tinha na Batalha e partir para a incógnita. Mudei-me para uma cidade nova, que mal conhecia, para uma casa nova, onde ia passar a viver com pessoas desconhecidas e sem a minha família, e para uma escola nova, onde não conhecia ninguém. No entanto, acho que consegui lidar bem com todas estas mudanças e acho que aceitei este processo de uma forma muito natural. Sempre quis viver esta experiência e, por isso, sentia que tinha de a aproveitar da melhor forma. Sentia que estava a começar uma nova vida e isso aliciava-me.

Fotografia cedida por Cátia Alexandre

3. Tens companheiros/as de casa? Se sim, tens uma boa relação com os/as teus/tuas companheiros/as de casa?

Sim, vivo com mais três raparigas que também estão a estudar em Lisboa. Temos as quatro uma ótima relação. Antes da mudança, tinha receio da forma como as minhas colegas de casa me iam receber e tinha medo de não conseguir estabelecer uma boa relação com elas. No entanto, fui bastante bem recebida e isso ajudou-me muito nesta adaptação. Temos uma relação muito próxima, jantamos juntas, vemos séries juntas, conversamos imenso e adoro passar tempo em casa com elas.

4. Que responsabilidades é que esta nova vida te trouxe?

Mudar-me para Lisboa sozinha, acima de tudo, fez-me crescer. Considero que me tornei mais responsável desde que me mudei para Lisboa porque tive de aprender a gerir o meu tempo de uma forma inteligente, uma vez que ir às compras, cozinhar todas as refeições e fazer as lides domésticas passaram a ser tarefas feitas apenas por mim e começaram a fazer parte das minhas responsabilidades e da minha rotina. 

Sinto que, neste momento, consigo resolver muito mais facilmente os meus problemas ou contratempos sozinha e sei que me estou a tornar numa pessoa muito mais independente devido à responsabilidade que fui ganhando desde que vivo na capital. 

Com esta mudança, passei também a ter de gerir o meu dinheiro, algo que será bastante útil no meu futuro. 

Talvez por me ter mudado para uma cidade tão grande e com tanto movimento, sinto a necessidade de ter bastante mais cuidado na rua e até mesmo nos transportes públicos por já me ter sentido insegura e com medo.

No entanto, esta mudança trouxe-me também muita liberdade e autonomia que me têm permitido amadurecer.

5. Sentes-te sozinha em Lisboa?

Como passo grande parte do tempo na faculdade com pessoas de que gosto e como tenho uma relação tão boa com as minhas colegas de casa, acabo por não me sentir sozinha em Lisboa. Ainda assim, esta mudança tem-me ensinado a gostar da minha própria companhia e a gostar de passar tempo sozinha.

Fotografia cedida por Cátia Alexandre

6. Nos momentos mais complicados, sentes falta do apoio dos teus pais?

É, sim, difícil não ter os meus pais por perto para me apoiarem em certas alturas, mas nesses momentos ligo-lhes e falo com eles por telemóvel. Vou à Batalha de duas em duas semanas, o que me tem ajudado a não sentir tanto a falta do apoio deles, mas é evidente que em certos momentos é inevitável não sentir falta de um abraço da minha mãe ou de uma palavra de força do meu pai.” 

7. Apesar de tudo, estás a gostar desta nova experiência de vida? 

Vir para Lisboa foi a melhor decisão que tomei. Estou a gostar bastante da faculdade, do curso e das pessoas que estou a conhecer. Gosto muito da cidade e sinto-me em casa, além disso acredito que ainda tenho muito para viver aqui.

Assim, vemos como se sente um aluno deslocado. Esta nova fase pode ser um pouco assustadora e desafiante, mas também poderá vir a ser uma das melhores decisões.  A mudança de cidade para prosseguir estudos tem como “efeito secundário” o desenvolvimento pessoal. Como Cátia afirmou, esta fase também é uma forma de crescimento e uma oportunidade para aceitar novos desafios. A saudade de casa e da família é garantida, no entanto nunca se sentirão sozinhos, graças a todos com que se irão cruzar neste caminho.

Foto de Capa: Faculdade São Luís de França

Revisto por Matilde Ricardo

AUTORIA

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Apesar de se demonstrar tímida, a Catarina também é uma rapariga muito dada às pessoas e extrovertida. Sempre adorou escrever e viu a participação na ESCS Magazine como uma boa oportunidade para escrever sobre temas do seu agrado, especialmente a literatura. Tem um enorme gosto em se aventurar no mundo dos livros e viver na sua imaginação.