O Booktok chega às livrarias
BookTok é um segmento da aplicação Tiktok dedicado, como o nome indica, aos livros, e nele a comunidade dos apaixonados por livros pode pedir e dar recomendações, ouvir e fazer comentários, e participar em desafios e trends de leitura. A sua popularidade online é inegável, com autores de livros como Canção de Aquiles, de Madeline Miller, publicado em 2011, a receber um grande destaque em 2021 graças ao Booktok¸ atingindo, de acordo com os dados da Wordsrated de 8 de dezembro de 2022, dois milhões de cópias vendidas em 2022. O livro We were Liars, de E. Lockhart, por sua vez, foi lançado em 2014, mas em 2021 voltou a ser bestseller, o que, para a própria autora, foi uma surpresa, como escreveu o New Work Times a 20 de Março de 2021 numa peça intitulada How Crying on TikTok Sells Books.
Quanto ao impacto do Booktok fora do Tiktok, as tendências dessa comunidade têm chegado às livrarias. No site da Bertrand, por exemplo, podemos encontrar um separador intitulado “os livros mais recomendados no Tiktok”. Encontramos um segmento semelhante, intitulado “Tiktok recomenda” no site da Penguin, com livros como Os Sete Maridos de Evelyn Hugo, de Taylor Jenkins Reid, A Biblioteca da meia-noite, de Matt Haig, e ainda uma série de livros de Colleen Hoover. Para quem tem Tiktok, estes títulos não serão, seguramente, novidade. E, uma vez que as tendências do Tiktok já chegaram às livrarias físicas, estes também não serão novidade para quem não tem Tiktok.
Ao contrário dos blogs literários, em que temos de procurar ativamente o conteúdo, o Tiktok serve-se de um algoritmo para nos recomendar vídeos com base naquilo de que gostamos, partilhamos, ou a que reagimos. Isto permite que outilizador receba conteúdo de forma dinâmica e personalizada, e, de certo modo, passiva. Além disso, os conteúdos tornam-se mais intimistas, sendo direcionados para cada utilizador como se fosse uma conversa entre amigos, criando, assim, mais facilmente um senso de comunidade.
A 1 de fevereiro de 2022, uma publicação da Forbes revelou que, nos EUA, 2021 foi o ano em que foram vendidos mais livros impressos, de acordo com a NPD Bookscan (desde o início do rastreio em 2004). E, de acordo com a Forbes, analistas acreditam que o recorde de vendas dependeu muito do conteúdo criado por jovens em redes sociais. Como tal, a influência do Booktok já se parece materializar, não apenas nos livros mais falados na plataforma a serem expostos nas livrarias físicas, mas nas próprias vendas. Além disso, as próprias editoras estão a adaptar-se a esta tendência. Olhemos para o caso da Penguin Random House Publishing, cuja conta no Tiktok já tem 47.6 mil seguidores.
O digital molda o real: se, por um lado, é bom termos conteúdo personalizado aos nossos gostos e interesses, por outro lado, não podemos esquecer a importância do pensamento crítico. Afinal, os livros foram feitos para abrir mentes, não fechar.
Fonte da capa: WHNT
Artigo revisto por Beatriz Santos
AUTORIA
A Raquel sempre gostou de ler e escrever. Apaixonada por livros de distopias, decidiu tirar Filosofia, onde passou 3 anos a refletir sobre ética e questões, na maioria das vezes, sem resposta. A vida trouxe-a ao Jornalismo, um interesse que já tinha há muito tempo, e a sua permanente paixão por livros fê-la entrar em Literatura na ESCS Magazine.