O impacto das novas tecnologias e da inteligência artificial no cinema
O cinema é uma arte em constante evolução: desde a chegada do som e da cor até à dos efeitos audiovisuais. Atualmente, a inteligência artificial e as novas tecnologias desempenham um papel crucial na forma como os filmes são feitos, inovando na criação e produção dos mesmos. Contudo, o uso da inteligência artificial no cinema, não só expande as possibilidades e os horizontes, como também levanta importantes questões éticas e criativas.
Os famosos efeitos especiais foram, de facto, a maior revolução proporcionada pela inteligência artificial no cinema moderno. Este avanço tecnológico tem transformado profundamente a indústria cinematográfica, influenciando a forma como as histórias são contadas. A inteligência artificial desempenha um papel cada vez mais relevante, permitindo a criação de mundos vastos e de personagens geradas por computadores.
Um filme que serve como exemplo do impacto da inteligência artificial no cinema é The Irishman, de 2019, de Martin Scorsese. A partir de técnicas de antienvelhecimento, os atores Robert De Niro e Al Pacino rejuvenesceram artificialmente, sem o uso de qualquer maquilhagem.
Embora este tipo de inovação amplie as possibilidades cinematográficas, o mesmo gera preocupações sobre a autenticidade das representações e o uso excessivo dos recursos digitais.
Outro avanço controverso é a utilização de deepfakes, que permitem recriar digitalmente rostos e vozes de atores. Um exemplo disso é o filme Furious 7, de 2015, onde Paul Walker, que faleceu durante as filmagens, foi recriado digitalmente com o uso de deepfake, juntando imagens arquivadas e atores duplos, como o seu irmão, para completar as suas cenas.
O uso da tecnologia deepfake gera, no entanto, imensa discórdia na medida em que insere atores em cenários nos quais os mesmos não estão a trabalhar e possibilita a criação de versões alternativas de cenas sem o conhecimento dos envolvidos.
Além dos efeitos visuais e da recriação de atores, a inteligência artificial tem sido aplicada na criação de guiões, ajudando os estúdios a desenvolver filmes com maior potencial comercial, o que leva a preocupações como a padronização das narrativas e a redução da criatividade humana. Se os filmes forem criados apenas com base em dados e previsões estatísticas, há o risco da diversidade cinematográfica diminuir, resultando em histórias repetitivas e previsíveis.
Já os softwares são capazes de criar animações e, até mesmo, produzir dobragens realistas, levando à substituição dos humanos e à redução dos postos de trabalho em áreas como a animação, a edição e a dobragem. Há assim cada vez mais a necessidade de proteger os trabalhadores e garantir que a tecnologia não seja usada para substituir a criatividade humana.
A verdade é que a tecnologia abriu um novo leque de possibilidades para o cinema. Enquanto que a tecnologia expande os horizontes da imaginação e melhora a qualidade das produções, o cinema mantém a sua essência de contar histórias que nos conectam e nos fazem sonhar. Contudo, também desafia cineastas e profissionais a manter o equilíbrio entre a inovação tecnológica e preservação da criatividade humana, garantindo que a inteligência artificial não substitui o talento humano. A inteligência artificial continuará a mudar a forma como fazemos e consumimos cinema.
Fonte da capa: Universal Studios Japão
Artigo revisto por Mariana Céu
AUTORIA
Raquel Bernardo tem 18 anos, é natural de Lisboa e entrou este ano para o primeiro ano da licenciatura de jornalismo. O jornalismo sempre foi uma área que a cativou desde jovem uma vez a mesma ter sido desde criança bastante comunicativa (e que nunca parava de falar). Transmitir informação e conhecimento aos outros sempre foi algo que a Raquel considerou imprescindível numa sociedade tão agitada como a nossa, olhando o papel dos jornalistas como nobre.
Desde pequenina que demonstrou uma grande paixão pela escrita, paixão essa semeada pelo seu pai, escritor de rubricas, e, com esta entrada para a ESCS magazine, a mesma espera tanto melhorar as suas qualidades de escrita como aprofundar a sua relação com esta.