Música

O Manuscrito da The Eras Tour

A mais recente digressão de Taylor Swift terminou no dia 8 de dezembro, em Vancouver, no Canadá.

O início do fenómeno

A The Eras Tour teve início a 17 de março do ano passado e transformou-se, ainda antes do seu primeiro concerto, num fenómeno poucas vezes visto na história da música pop. O seu sucesso imediato foi citado pela New York Times como “um megaevento que elevou a já famosa Swift ao nível dos Beatles nos anos 1960 ou Michael Jackson no seu auge nos anos 80. Foram necessários seis meses de ensaios, com treinos corporais intensivos, discutidos nas redes sociais pela sua complexidade. Hoje, é oficialmente a digressão mais bem-sucedida de todos os tempos e a primeira a arrecadar dois mil milhões de dólares.

Há cerca de vinte e um meses, Taylor Swift dá o seu primeiro concerto de três horas e quinze minutos. O concerto é dividido em dez atos, um representativo de cada um dos seus álbuns até ao momento — à exceção do primeiro, Taylor Swift, que é substituído por um ato acústico, onde a mesma canta duas “músicas-surpresa” em acústico. Ao longo de 44 músicas, sem grandes pausas, à parte de pequenos interlúdios para as 16 mudanças de figurino entre “eras”, a cantora norte-americana mostrou ao público o potencial da sua performance. Estas mudanças de figurino, com inúmeras variações, deram origem ao jogo Mastermind, organizado digitalmente por uma equipa de três Swifties, no qual os fãs puderam juntar-se e tentar adivinhar quais seriam as combinações de cada espetáculo e, ainda, as “músicas-surpresa” cantadas pela artista. O vencedor da noite receberia um prémio digno — muitas vezes, um disco assinado por Swift ou itens de merchandising.

Fonte: TAS Rights Management, The Eras Tour Book.

Durante a etapa americana, Swift terminou a relação com o seu ex-namorado Joe Alwyn, alterando o alinhamento de modo que the 1 substituísse invisible string (folklore). Em alguns concertos, nos quais HAIM e Phoebe Bridgers foram os atos de abertura, no body, no crime (evermore) e Nothing New (Red), respetivamente, foram adicionadas ao alinhamento. Foi também aqui que a cantora anunciou as re-gravações (Taylor’s Version) dos discos Speak Now e 1989 e publicou o primeiro, adicionando Long Live ao concerto.

Em novembro do ano passado, a cantora começou a experimentar misturar várias músicas no ato acústico, juntando músicas com melodias ou conteúdo lírico semelhante. Na primeira noite em Lisboa chegou a cantar cinco: Come Back… Be Here, The Way I Loved You e The Other Side of the Door na guitarra e Fresh Out the Slammer e High Infidelity no piano.

Fonte: TAS Rights Management

Reviravolta da The Eras Tour

Com o lançamento do álbum THE TORTURED POETS DEPARTMENT e da segunda parte THE ANTHOLOGY, Swift viu-se obrigada a alterar a forma como se desenrolava o concerto.

TTPD ganhou o seu próprio ato, ao contrário do que muitos esperavam, devido à longa duração do espetáculo. Foram adicionadas as faixas But Daddy I Love Him, So High School, Who’s Afraid of Little Old Me?, Down Bad, Fortnight, The Smallest Man Who Ever Lived e I Can Do It With A Broken Heart e removidas The Archer, Long Live, tolerate it e the last great american dynasty. Com este novo ato, aparecem mais três mudanças de figurino e novas variações dos anteriores. Por último, os atos dos álbuns folklore e evermore juntam-se num só.

Fonte: TAS Rights Management.

Nestes dois anos, Taylor Swift deparou-se com algumas situações que causaram polémica à volta da digressão. Em novembro de 2023, a cantora adiou um concerto no Rio de Janeiro devido às altas temperaturas da cidade, que levaram ao falecimento de uma fã, e, em agosto deste ano, foram cancelados os três concertos em Viena, na Áustria, devido a uma tentativa de atentado terrorista.

O grande final

Para o grande concerto final, os fãs tinham várias teorias de como Taylor Swift tornaria este último espetáculo especial. A mais esperada era o anúncio da re-gravação dos álbuns reputation ou Taylor Swift.

Semelhantemente aos dois primeiros concertos em Vancouver, nos dias 6 e 7 de dezembro, a cantora utilizou, no último, os mesmos figurinos e foi acompanhada por uma equipa de filmagem. Assim sendo, não houve nenhuma alteração, e cresceram os rumores de estar a ser produzida uma segunda parte do filme-concerto da digressão, publicado em outubro de 2023. Como “músicas-surpresa”, Swift decidiu escolher terminar com Tim McGraw, o seu primeiro single e New Romantics na guitarra e Long Live, New Year’s Day e The Manuscript no piano; todas estas últimas dedicadas aos fãs.

Fonte: TAS Rights Management

A The Eras Tour em números

Com o fim da The Eras Tour, foram finalmente publicados os números reais do box-office, esperados há muitos meses pelos críticos da música e fãs. Ao longo dos 149 concertos, Swift arrecadou mais de 2 mil milhões de dólares, com mais de 10 milhões de bilhetes vendidos em cinco continentes. Assim, a cantora tornou-se a primeira bilionária na história cuja receita provém principalmente da música.

Como a The Eras Tour foi também um fenómeno económico e cultural, a digressão originou um boom na economia dos países e cidades onde passou, ajudando a revitalizar negócios locais e o turismo. Fora dos estádios, a digressão dominou as redes sociais e notícias e levou a mudanças em governos e organizações. Com o fim próximo, Swift ofereceu cerca de 200 milhões de dólares em bónus à sua equipa e muitos mais em doações para bancos alimentares, famílias e ONGs.

Fonte: TAS Rights Management
Fonte: TAS Rights Management

A The Eras Tour redefiniu os padrões daquilo que é uma digressão musical e consolidou Taylor Swift como a artista mais famosa do mundo. Com luzes, cores, mudanças de figurino, canções, pulseiras da amizade e recordes ultrapassados de todas as formas, a digressão juntou mais de 10 milhões de fãs e transformou-se num evento cultural que será lembrado e estudado durante décadas. No total, foram apresentadas 366 músicas diferentes e Swift passou mais de 517 horas em palco, o que é equivalente a quase um mês de espetáculo, em cinquenta cidades espalhadas pelo mundo.

Fonte da Capa: TAS Rights Management

Artigo revisto por: Beatriz Morgado

AUTORIA

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Duarte tem 20 anos e foi apenas no fim do primeiro ano no curso de Publicidade e Marketing na ESCS que decidiu que Jornalismo era o seu futuro. Desde sempre que a música foi a sua grande paixão, associando cada uma das memórias mais antigas com uma música diferente. Com um gosto especial por pop e pop alternativo, sonha um dia poder fazer parte da equipa de uma rádio.