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O Porquê do Sucesso de One Day

Emma Morley (interpretada por Ambika Mod, que se estreou no drama This is Going to Hurt) é sarcástica e inteligente, altamente crítica e profundamente observadora. Apesar das suas inseguranças – e como idealista que é – sonha, um dia, mudar a sua pequena porção do mundo.

Dexter Mayhew (Leo Woodall, conhecido pelo seu papel de Jack em The White Lotus) é, sem sombra de dúvidas, exatamente o contrário. Cativante é a palavra que melhor o descreve, é despreocupado por natureza e a maior parte das suas conquistas são o resultado de um carisma inato.

Emma e Dexter não têm nada em comum, são o típico clichê dos “opostos atraem-se”, só que desta vez resulta.

Fonte: Forbes

Estreou, no passado dia 8 de fevereiro, na Netflix, a mais recente adaptação do best seller de David Nicholls: One Day. Em 2011, o romance já contava com uma adaptação para cinema, com as brilhantes atuações de Anne Hathaway e Jim Sturgess. Mas é a primeira vez que uma versão mais prolongada e intimista chega aos nossos ecrãs.

Emma Morley e Dexter Mayhew conhecem-se na madrugada de 15 de julho de 1988, na sua última noite como finalistas da universidade de Edimburgo e primeiro dia como adultos. A partir deste momento, e ao longo de 20 anos, somos transportados por altos e baixos nas vidas pessoais, profissionais e românticas de Dex e Em e, escusado será dizer que, vivemos com eles a montanha-russa de emoções da sua relação.

Fonte: Vanity Fair

Mas o que realmente distingue esta série de muitas outras é que, em vez de seguir uma narrativa linear, em cada novo episódio reencontramos-nos, no próximo dia 15 de julho. Enquanto espectadores estamos ansiosos por revisitar a relação das duas personagens e observar a evolução gradual e muitas vezes imprevisível da amizade de Emma e Dexter.

A desvalorização dos grandes momentos (como o primeiro beijo ou primeira noite juntos, funerais e casamentos), faz com que mergulhemos no quotidiano de Emma e Dexter, longe dos dias mais felizes ou tristes da sua vida. Para além de cativante, esta abordagem abre as portas a uma nova perspetiva: concentra-se em revelar a essência destas personagens e como o tempo influencia e molda-os enquanto pessoas. Enquanto testemunhamos o amadurecimento da conexão entre Emma e Dexter, somos relembrados da fluidez e complexidade das relações humanas.

Fonte: Glamour UK

A performance dos atores principais, assim como a de todo o elenco, apresenta ao público uma sensação de realismo inexplicável. Tanto a Emma, como o Dexter são personagens complexas e multidimensionais, que passam por experiências universais e intemporais, mas é o talento e o trabalho dos atores e guionistas que verdadeiramente nos convence disto.

Emma é ansiosa, insegura e vulnerável. São as suas hesitações, os olhares constrangedores e as falhas no discurso que transformam Emma numa personagem extremamente relatable. As interpretações de Mod são incrivelmente realistas, conseguimos decifrar a maneira como pensa com meros olhares e identificamo-nos com ela nos seus momentos de ansiedade, entusiasmo, desejo e frustração. 

Fonte: Radio Times

Dexter é inicialmente retratado como superficial (o que é, em partes), mas ao longo dos episódios vamos desmascarando a sua confiança e revelando o que acaba por ser uma personagem extremamente complexa e sensível. Testemunhamos a sua evolução de uma maneira surpreendente, Dex embarca numa viagem de auto aceitação e crescimento pessoal extremamente gratificante para quem a acompanha. Além disso, Leo é excecional nas sequências emotivas, a respiração irregular e as pausas de incerteza orquestram a cena perfeita. Podemos sentir o seu coração a partir-se diante dos nossos olhos, e os nossos corações partem-se em uníssono.

Cada silêncio, cada hesitação, cada troca de olhares são cuidadosamente escritos e interpretados para capturar perfeitamente as nuances emocionais e psicológicas destes personagens, adicionando mais uma camada de autenticidade e complexidade à série.

O compromisso, tanto dos guionistas, como dos atores e também das realizadoras, de retratar a relação de Emma e Dexter na sua essência mais pura e crua comove os seus espectadores e conecta-os com as suas experiências mais íntimas.

Fonte: Zappeando

One day é uma série tão comovente quanto reflexiva, revemo-nos nestas personagens e nestas relações, vivemos com elas os seus momentos de esperança, frustração, melancolia e nostalgia, e experienciamos, mais uma vez, a complexidade das emoções humanas e das relações interpessoais.

Ao capturar tão vivamente a essência do que é a experiência humana, esta adaptação ressoa com um público diverso – diferentes idades, géneros e experiências de vida – que acabam por se rever nesta história. A sensibilidade e autenticidade com que são abordados os aspetos mais complexos e subtis das relações humanas é o que torna a minissérie numa experiência verdadeiramente memorável.

One day não é apenas um romance, mas sim uma homenagem à beleza e profundidade das conexões humanas.

Fonte da capa: Cn Traveller

Revisto por Margarida Silva

AUTORIA

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Completamente apaixonada pelo mundo e todas as artes que o mesmo lhe pode proporcionar, a Bia viu-se a candidatar, no ano passado, ao curso de Publicidade e Marketing na ESCS. Todas as suas paixões levaram-na a perder-se pelo mundo do design enquanto membro de multimédia, ainda no seu primeiro ano. Agora deu um salto até Subdiretora de Comunicação, onde espera estar à altura desta revista, que já leva guardada no coração.