“O Próximo Passo é sermos excelentes, é sermos melhores”
Numa altura em que a Escola Superior de Comunicação Social se encontra em campanha eleitoral para se eleger a próxima Associação de Estudantes, a ESCS MAGAZINE esteve à conversa com o presidente da única lista a concorrer – a lista P -, Pedro Henriques.
ESCS MAGAZINE: Boa tarde, Pedro. Como é que surgiu a ideia de criares uma lista?
PEDRO HENRIQUES: Quando estás na Associação de Estudantes, como eu tenho estado já há um tempo – já estive em dois mandatos –, tu apercebes-te de que há determinadas pessoas que têm de continuar com o projecto, mantê-lo, e, ao mesmo tempo, trazer novas ideias. E, tendo em conta o meu percurso, percebi o que é que na minha óptica tinha de mudar, o que tinha de continuar e o que tinha de melhorar. Entrei assim no barco, por assim dizer, para tentar mudar um pouco e ver se isto melhora ainda mais.
EM: Porquê Lista P?
PH: A maior parte das pessoas vai dizer que é porque eu me chamo Pedro, ou porque a minha alcunha é Prodígio. (risos) Basicamente, tenho muito em conta a questão do conceito da nossa lista, que é “O Próximo Passo”. E, para mim, é mesmo isso. A AE até aos dias de hoje conseguiu trazer as coisas estabilizadas, conseguiu definir-se um pouco. Agora que nós temos essas capacidades, e alguma capacidade de organização, é que nós vamos realmente dar o próximo passo. E, para mim, o próximo passo é pura e simplesmente o sermos excelentes, sermos melhores. Porque eu acho que é isso que falta à AE.
EM: De que forma é que querem dar esse “Próximo Passo”?
PH: Já estou aqui há algum tempo, sei perfeitamente os problemas que ano após ano acontecem e que têm vindo a acontecer. Na minha óptica, é mesmo isso que nós temos de fazer; a experiência tem de contar. E, no fundo, aquilo que eu quero é que a minha experiência faça com que as ideias que nós temos (seja a nível de organização interna, de motivação de membros, de actividades e eventos que nós temos pensados, da comunicação que temos de fazer e do espírito que queremos que haja na ESCS e na AE) sejam levadas para a frente. E, para além disso, resolver problemas que só mesmo estando há mais tempo na AE é possível agora identificar e ultrapassar.
EM: Estavas à espera de que não houvesse uma lista concorrente à tua?
PH: Muito sinceramente estava. (risos) Porque realmente acho que, digam o que disserem, e cada um tem o seu ponto de vista, numa escola e numa AE que teve os problemas que teve, é muito difícil que apareça uma lista outsider; ou pelo menos uma lista outsider que tenha valor e capacidade para estar à frente da AE. Eu penso que no ano passado, em relação à lista que surgiu outside da AE, as pessoas perceberam que se calhar não é a melhor ideia ou perceberam que se calhar não têm condições para efectivamente apresentarem uma lista ou apresentarem um projecto que seja viável. E portanto eu estava um pouco à espera disso. E, sinceramente, para mim, o que faz mais sentido é primeiro aprender tudo o que há para aprender e só depois fazer parte de um projecto destes e criar um projecto destes. Portanto, para mim faz sentido que não tenha aparecido outra lista, apesar de haver liberdade para tal.
EM: Porquê a decisão de optar por apostar numa campanha, dado que não há concorrente?
PH: A campanha no fundo deve ser um trailer ou algo que dê um gostinho daquilo que realmente vai ser a AE. E, como é óbvio, interessava-nos pelo menos explicar um pouco às pessoas o nosso conceito. Apesar de sermos uma escola de comunicação, a AE não tem a maior das facilidades ao comunicar com os alunos. Nós temos vários nichos de públicos cá na ESCS e portanto isso é difícil. O que nós queremos com a nossa campanha é que os alunos realmente percebam que vai haver uma viragem, que nós temos ideias diferentes – mas também algumas ideias similares -, e é, no fundo, também por isso que optámos pela campanha.
EM: Por que criaste novos departamentos dentro da organização da lista enquanto possível AE? Sentias essa necessidade?
PH: A AE antigamente tinha, e até ao momento tem, quatro departamentos: Recreativo e Cultural, Desporto, Comunicação e Intervenção Académica. Foram algumas decisões lógicas que nós tomámos. Dos dois anos que estive na AE, no 1.º ano eu senti que não existiu Cultural, só existiu Recreativo. No 2.º ano, apesar de ter existido Recreativo, houve muito mais preocupação com o Cultural, e o Recreativo foi um pouco posto de parte. E, portanto, nessa óptica, as mesmas pessoas não podem estar focadas em duas coisas ao mesmo tempo. Por isso é que surgiu essa divisão, isto de haver um departamento Cultural e um Recreativo. Depois, o departamento de Desporto e o de Comunicação não sofrem grandes alterações. A única alteração que existe na Comunicação é que a pessoa que está a coordenar o departamento de Comunicação vai ter uma pessoa na presidência, que, neste caso, é a secretária, que vai estar a coordenar a Comunicação a longo-prazo. (Porque a Comunicação tinha um problema antigo que era não se conseguir pensar a curto, médio e longo-prazo). Decidimos criar o departamento de Recursos Humanos, devido a uma necessidade muito grande de organização interna, de vias de comunicação interna, de motivação de membros, que nas antigas AE não existiam. O último departamento, que para as pessoas pode ser um pouco abstracto, é o departamento de Educação e Relações Externas. Vem ocupar a posição do departamento da Intervenção Académica e tem a ver com tudo aquilo que é educação, representatividade interna e externa, aliando isto também ao empreendedorismo e ao cartão de sócio. E, ao mesmo tempo, vamos ter o departamento Cultural, que vai receber toda a parte de finalistas, de cultura e de tradição, que o departamento da Intervenção Académica tinha.
EM: Quais são as expectativas para esta campanha eleitoral?
PH: Em termos de organização e da nossa equipa, está tudo bem planeado para que tudo corra nos conformes. Contudo, numa semana de campanha, a adesão das pessoas nunca é a maior, porque é difícil comunicar, por não termos grande tempo para comunicar as coisas. Algumas pessoas até sentem alguma receptividade a entrar e a participar nas actividades, mas no fundo queremos mostrar-nos, e, pelo menos, é isso que nós vamos tentar fazer.
EM: Na tua opinião, o que é que deve ser mudado na ESCS?
PH: Existem várias coisas que podem ser mudadas. Nós sentimos que não existe um apoio ao aluno em muitas áreas, como na formação extra-curricular. Sentimos que mesmo em termos de núcleos, eles não são tão apoiados como deveriam ser; sentimos que muitas vezes até são explorados pela ESCS em si. Sentimos que não há realmente apoio para que nós saiamos da nossa zona de conforto. Em relação à AE, o que deve ser mudado, na minha opinião, passa por sermos uma AE para fora, uma AE que realmente toca em todos os pontos. Porque é muito difícil uma AE pensar constantemente em todos os alunos ao mesmo tempo. Nós não conseguimos fazer um evento para todos, mas, se calhar, conseguimos fazer mais eventos que cubram todos os alunos e que façam realmente diferença na vida de cada estudante.
EM: Quais as coisas a que a lista se propõe fazer?
PH: Uma das coisas que têm sido muito pouco trabalhadas ao longo dos anos é o cartão de sócio. Eu sou apologista de que tudo aquilo que nós internamente não podemos oferecer, temos de conseguir externamente através de alguma via. Faz muito sentido que a AEESCS tenha cada vez mais parcerias e mais coisas a acrescentar à vida do estudante. Como é óbvio, nós não podemos tratar de tudo cá dentro e, portanto, termos um cartão de sócio com bastantes parcerias: quer a nível de empregos e formação, quer a nível de produtoras de cultura, de estágios, de plataformas seria uma mais-valia. O cartão de sócio é realmente algo que queremos muito trabalhar. Pretendemos, também, reformular os estatutos da AEESCS, para que possamos proteger mais os núcleos, para que finalmente tenhamos uma comunidade mais unida e mais forte. Porque é isso que eu penso que a AE não tem conseguido até agora.
EM: Como disseste atrás, também fizeste parte da AE cessante. Pegando na experiência que adquiriste daí, o que achas que correu mal?
PH: Não é que tenha corrido mal, mas podia ter corrido muito melhor. O problema é que as AE, na minha óptica, têm de ser geridas (e devem ser geridas) como uma empresa. Eu acho que as coisas devem ser profissionais e acho que existiam muitas coisas que por falta de apoio de membros, ou por falta de recursos humanos, de organização interna e apoio financeiro, não foram para a frente. São vários os motivos. No meu 2.º ano, foi muito difícil para nós enquanto AE trabalhar, porque estávamos sempre com um alto risco financeiro. Nós não tivemos apoio do IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude), devido a dívidas que contraímos no passado, e para nós foi muito difícil inovarmos e termos projectos da escala que nós queríamos ter. E é um problema tu teres sempre de pensar naquilo que vai correr mal e teres de ter riscos muito calculados. O que antes correu mal foram essencialmente estas coisas que agora queremos trabalhar muito: organização interna, uma gestão muito mais eficiente dos recursos, fazer com que as dívidas se vão estabilizando cada vez mais. Agora que vemos que as condições estão estáveis e que podemos estar num ponto de viragem, é isto que nós queremos fazer.
EM: Pretendes melhorar isso este ano? É nisso que te vais centrar?
PH: O mandato tem um prazo de um ano. Numa primeira fase, o meu objectivo é que até ao Arraial nós eliminemos todas as lacunas que existem, ou seja, todas as lacunas existentes nas vias de comunicação, em termos estratégicos, etc. O nosso objectivo é termos uma postura de longo prazo, uma postura de estratégia. É termos uma boa gestão financeira desde o primeiro dia, em que não tenhamos de pensar todos os meses em como é que vamos “sobreviver”. Portanto, queremos nos primeiros meses ter essa estrutura toda montada – mesmo a nível de plataformas, vamos ter um site, que apesar de não estar no plano das actividades é uma coisa que eu quero ter já feito no primeiro mês. A partir daí, com o conhecimento e know-how que temos do passado, queremos que os eventos sejam cada vez melhores e mais ambiciosos.
EM: O que é que vão fazer de diferente de todos os últimos anos?
PH: Aquilo que queremos fazer de diferente é investir mais. Em termos de Desporto, queremos ter mais eventos desportivos na ESCS, mais torneios, conseguir inscrever mais uma equipa na competição universitária. Em termos de Comunicação, queremos definitivamente que exista uma comunicação mais forte dentro da ESCS, ou seja, queremos comunicar melhor para os alunos concretamente; nós comunicamos muito bem para fora, mas para dentro não tanto. Em termos culturais, queremos mais eventos de cultura, mais aposta na música, apostar em envolver os núcleos na Cultura, envolver mais pessoas com ideias. Queremos apostar nas noites de fado, concertos, jam sessions, etc. Em termos recreativos, queremos mais e melhores eventos, com cada vez melhores condições. Temos as nossas festas que temos vindo a organizar, e que melhoram cada vez mais, como a Red Carpet, o Arraial escsito, a presença na Semana Académica de Lisboa e no Arraial do IPL. Queremos aumentar a oferta recreativa a nível externo (conseguir que um aluno da ESCS consiga entrar, por exemplo, em festas em Lisboa completamente gratuitamente, tentar parcerias com bares, …) . Em termos de Educação, o que nós queremos organizar é um TedEx para os jovens, que vai ter muita visibilidade para o exterior, e a nossa ideia é mostrar o que é que os jovens podem fazer para serem cada vez melhores (seja através de start-ups, de mostrar exemplos de jovens que tenham os seus projectos, falar sobre o programa Erasmus e de bolsas que os alunos possam ter). Em termos de Recursos Humanos, a questão do recrutamento pós-eleições. A AE está sempre a precisar de mais pessoas e de mais ideias: ter mais pessoas, ter um processo que permita a mais pessoas participarem mais activamente nos projectos da AE.
EM: Uma queixa recorrente por partes dos escsianos é a questão dos computadores que estão na sala da AE. São vários e estão sempre desligados. Vocês, enquanto candidatos à AE, pretendem mudar essa situação?
PH: A questão dos computadores é uma questão já bastante antiga. Os computadores foram oferecidos pela direcção da ESCS e tivemos de fazer uma instalação a nível de internet e de electricidade (porque eles estão todos ligados a um computador, a uma torre geral). A pessoa que até hoje ficou encarregue de tratar disto é um informático que contratámos fora da ESCS. Ele instalou o serviço e os computadores tiveram internet durante a primeira semana. Mas os computadores tiveram logo problemas, o informático foi-se embora e nunca mais o conseguimos contactar. Nós pagámos cerca de 1000 euros pela instalação e ficámos ainda em dívida em mais 1000 euros, que ficámos de lhe pagar posteriormente. O que acontece é que até à data ele nunca ficou disponível para tratar deste assunto e nós não podemos tratar com outra pessoa, porque efectivamente pagámos ao informático e ainda temos de lhe pagar o que falta. E isto é algo com que nós queremos realmente acabar, e foi sempre um problema das AE anteriores. Queremos, agora, levar algumas coisas até ao fim, que não eram levadas. Mas, sim, é um problema que se tem vindo a arrastar.
EM: Estás confiante de que a lista vai ganhar?
PH: Seria um pouco mau, sendo nós a lista única, se perdêssemos. Mas não me candidatava se não estivesse confiante e, portanto, a resposta é “sim”.
A ESCS MAGAZINE deseja assim a maior das sortes à lista P, lista candidata à AEESCS.
Informamos-te de que o dia de reflexão será no dia 4 de Maio (segunda-feira) e podes exercer o teu direito de voto durante todo o dia de 5 de Maio (terça-feira), na ESCS.
Entrevista e redacção: Inês Ameixa
Fotografia: Sebastião Sabino
AUTORIA
Inês Ameixa, de 19 anos, é estudante de Jornalismo. Gosta de escrever e de fazer umas coisas na rádio. É provavelmente uma das pessoas mais procrastinadoras do mundo. Se puder deixar o trabalho para amanhã… é mesmo isso que acontece. Não consegue viver sem música e habita nas mesas do -1.