Os Homens de Negro
A Origem do Traje Académico
O ano letivo está quase a terminar e os novos caloiros serão os próximos novos trajados. No entanto, falamos sobre este símbolo académico tantas vezes, mas nunca falamos da sua origem – de onde surgiu este símbolo, não só do mundo académico português, mas também um símbolo de igualdade e de união. Hoje, o Traje apresenta variações de acordo com a zona. Minho, Vila Real, Porto, Aveiro, Coimbra, Covilhã, Lisboa, Algarve, Madeira são as regiões onde se encontram as Batinas principais.
O Traje ou também conhecido por Capa e Batina tem origem de influência clériga, já que seriam estes os únicos indivíduos que podiam estudar na altura em que apareceu a Universidade. Era a Igreja que controlava o ensino superior, especialmente o vestuário de cada estudante. Cada pequeno detalhe, como o número de botões, dos emblemas da capa e dos furos dos sapatos. Por crenças religiosas, estes números eram sempre ímpares já que, cada número ímpar tem um simbolismo para a Igreja Católica. Os números pares representam o feminino e os números ímpares, o masculino. Cada número, individualmente, tem a sua explicação, sendo que o número um simboliza Deus, o número três a unidade e a trindade, e o número sete a perfeição
A Capa tinha e tem a função de uniforme, identificando os estudantes no meio das restantes profissões. Entre os anos de 1834 e 1910, o Traje era uma obrigação no recinto universitário, no entanto, após esta data, a sua utilização tornou-se facultativa.
A primeira variação da Batina surgiu no século XVII, designada de loba, composta por calções, capa e barrete redondo ou de cantos. No século XVIII, quando as universidades abriram a outras classes sociais, a loba sofreu alterações e passou a ser abatina, conhecida entre os estudantes por batina. Esta já apresenta semelhanças ao traje que conhecemos atualmente. No entanto, a Capa atual tem origem do Traje masculino burguês oitocentista, que tenta afastar-se das suas características clérigas e apresentar características mais progressistas. Por isso, há pessoas que acreditam que é errado afirmar que o Traje tem origens religiosas.
Porém, tem de se ter noção de que os Trajes masculinos e os Trajes femininos têm origens diferentes. Só em 1915, nas regiões do Porto e de Lisboa, é que este último surgiu, sendo a única diferença a utilização de saia. Porém, graças à sociedade paternalista que predominava em Portugal, só mais tarde, no século XX, é que a utilização obrigatória é implementada nas Universidades. A Batina feminina que conhecemos hoje foi aprovada pelo Magnum Conselho Veteranos da Academia de Coimbra sem a participação de mulheres.
Apesar de todas as mudanças que sofreu, hoje o Traje, Batina ou Capa continua a fazer parte da vida dos estudantes universitários. Assim, a Capa, como hoje conhecemos, continua a passar a mesma mensagem que sempre transmitiu, só que agora adequada e adaptada à atualidade. Será interessante descobrir se, no futuro, a Batina terá o mesmo impacto no mundo académico.
Fonte da capa:
Artigo revisto por Madalena Ribeiro
AUTORIA
Apesar de se demonstrar tímida, a Catarina também é uma rapariga muito dada às pessoas e extrovertida. Sempre adorou escrever e viu a participação na ESCS Magazine como uma boa oportunidade para escrever sobre temas do seu agrado, especialmente a literatura. Tem um enorme gosto em se aventurar no mundo dos livros e viver na sua imaginação.