Os três reality shows que estão a dar que falar
Nova década, novas apostas. Em 2020, a Netflix decidiu investir em reality tv. Esta aposta tem-se revelado promissora, uma vez que os seus novos reality shows estão na boca do mundo. Hoje trago-te três sugestões, todas deste ano, e com apenas uma temporada disponível. Com premissas diferentes, cada programa vale por si. Escolhe o que mais se adapta aos teus interesses e devora-o sem te sentires culpado!
The Circle:
Começo por The Circle, porque é o reality show menos conhecido desta lista – o que só prova que, por vezes, ser popular não é sinónimo de ser bom. Se quiseres desconstruir os preconceitos que tens acerca deste tipo de produções, sugiro que comeces por aqui. O objetivo é tornarem-se influencers, persuadindo os restantes concorrentes a gostarem dos seus perfis e das suas personalidades (reais ou manipuladas) e conquistando o máximo de popularidade que conseguirem – “Qualquer um pode ser alguém em The Circle”.
Os participantes podem assumir a sua identidade real ou fabricarem todo um alter-ego, que, para eles, lhes confere uma maior chance de alcançar a vitória e um prémio de 100.000 dólares. Para compor o seu perfil, escolhem uma fotografia, uma idade, um status de relacionamento e escrevem uma breve descrição. Ao longo do jogo, vão podendo atualizar o seu feed com novas publicações ou até fotografias. Tudo isto acontece na app “The Circle”, que representa uma rede social à qual acedem por voz, nas televisões.
Cada concorrente vive sozinho num apartamento, não chegando a conviver diretamente com os restantes. Para se conhecerem, os jogadores podem falar por chats privados ou em grupo. De forma recorrente, cada um dos envolvidos vota nos restantes, classificando aquele de que menos gosta até àquele de quem mais gosta. Os votos são contados e o jogador menos popular é bloqueado, ou seja, excluído do jogo. Este jogador pode, então, visitar o apartamento de um jogador à sua escolha, conhecendo-o e percebendo se algum dos dois estava a mentir. Posteriormente, grava um vídeo de despedida para os seus colegas onde revela a sua identidade – verdadeira ou falsa.
The Circle tem três versões disponíveis na Netflix: The Circle US, The Circle Brazil e The Circle France. As três versões são compostas por, respetivamente, 12 episódios. É Michelle Buteauquem apresenta a versão dos EUA e Giovanna Ewbank quem apresenta a versão brasileira. O The Circle France não tem apresentador. Assim, podemos comparar as diferentes culturas e perceber o que valorizam em cada um dos jogos. Depois de ver, percebi que, por exemplo, os jogadores brasileiros são mais intensos, manipuladores e traiçoeiros, enquanto que os concorrentes americanos são mais genuínos e amigáveis.
Aconselho-vos vivamente a ver qualquer uma das versões. É uma experiência engraçada que peca por ter o título de reality show. Estamos habituados a associar este tipo de televisão a pessoas ocas, assumidamente burras e de má índole. No entanto, no The Circle, encontrei jovens engraçados, honestos e, acima de tudo, boas pessoas. Trata-se de um ótimo entretenimento ao qual nos agarramos facilmente. Vivemos tudo de forma intensa e, para meu espanto, nem sequer conseguimos eleger um vencedor – isto porque gostamos de tantos concorrentes, que o prémio ficaria em boas mãos com qualquer um deles.
Too Hot To Handle:
Este reality show é capaz de ser o que tem mais sucesso na Netflix portuguesa. Pelo menos eu não paro de me cruzar com referências ao programa e aos concorrentes. Por alguma razão, fez particular furor entre os utilizadores de Portugal. Honestamente, não vos consigo explicar a razão para tal. Talvez a premissa tenha captado a atenção, mas, ainda assim, não acho que justifique.
Basicamente, duas mãos cheias de solteiros vão passar cerca de um mês num resort. Nos primeiros momentos, é-lhes dito que não podem ter qualquer prazer. Não podem beijar-se, masturbar-se ou ter relações sexuais. A consequência, se o fizerem, é perderem dinheiro do prémio do programa. Vão sendo retirados milhares aos 100.000 dólares quando algum concorrente infringe uma das regras.
Não me parece problemático. Um mês sem nada para ganhar 100.000 dólares? É suposto isso ser um desafio? Aparentemente, sim. Em oito episódios, revelou-se insuportável. É Lana, uma espécie de software virtual em forma de ambientador, que “controla” estas infrações, e Desiree Burch quem as narra. Não sei se é mais difícil explicar o conceito do programa ou entendê-lo.
Supostamente, o objetivo do programa é promover o desenvolvimento pessoal dos concorrentes, que, em vez de criarem conexões com as pessoas, optam por ter one night stands. Sublinho, “supostamente”. Para isto, participam em alguns workshops milagrosos. O conceito é ridículo, os participantes metem dó e, em suma, quero as minhas horas de volta.
Love Is Blind:
Nick e Vanessa Lachey apresentam Love Is Blind. Este reality show reúne algumas dezenas de solteiros, com o intuito de cada um encontrar o seu verdadeiro amor. No entanto, conhecem-se apenas através de umas cápsulas (como na imagem), acabando por não conseguir ver a pessoa que está do outro lado. A ideia é perceber se o amor é realmente cego ou se as aparências são cruciais.
Depois de várias rondas de encontros ao estilo “speed dating”, os participantes vão reduzindo a sua lista de interesses e passam apenas a conversar com aqueles que lhes despertam uma faísca. Quando encontram o seu par, que tem o maior nível de compatibilidade, um dos elementos ajoelha-se e pede o outro em casamento. Apenas quando ficam noivos podem estar cara a cara. Será que se arrependem? Seria o que esperavam?
Ao longo das semanas seguintes, os novos casais vão de férias juntos, vão viver um com o outro, conhecer as respetivas famílias e começar a organizar o casamento. No final, importa saber quem diz “aceito” e quem desiste da união. A Netflix disponibilizou dez episódios e ainda um extra, que constitui o reencontro de todos os casais. Aqui, podemos perceber quais os casamentos que perduram e quais deram para o torto.
É um programa engraçado, mas também não é o cúmulo do entretenimento. Os concorrentes em questão têm uma facilidade enorme em despertar os nossos nervos. Mais uma vez, torna-se raro conquistarem a empatia dos espectadores. Não obstante, é caricato fazermos as nossas próprias apostas sobre quais os casais que irão, de facto, resultar ou daqueles que nunca quiseram realmente prosseguir para o matrimónio, provando que o amor não é cego.
AUTORIA
Depois de integrar a maioria das secções da revista, a Mariana ficou encarregue de incumbir esta paixão aos restantes membros. O gosto pela escrita esteve desde sempre presente no seu percurso e a licenciatura em Jornalismo veio exacerbar isso mesmo. Enquanto descobre aquilo que quer para o futuro, vai experimentando de tudo um pouco.