Pena de sete anos para repórteres da Reuters confirmada por Tribunal de Justiça em Myanmar
A pena de sete anos para os dois repórteres birmaneses da agência Reuters, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, mantém-se. O Tribunal Superior da região de Naypyidaw rejeitou o recurso apresentado pela defesa dos dois jornalistas. Ambos são acusados de terem tido posse de documentos considerados secretos pela República da União de Myanmar.
Os repórteres foram condenados em 2ª instância, esta sexta-feira, após o recurso apresentado pela defesa ter sido rejeitado. “O veredito que foi emitido em primeira instância não era errado e estava de acordo com as leis em vigor. Decidimos, por isso, rejeitar o recurso deles”, declarou o juiz Aung Naing, do Tribunal Superior da região de Naypyidaw. O juiz do Tribunal salienta ainda que os jornalistas não seguiram a ética jornalística.
Khine Khine Soe, um dos advogados representantes do governo, afirma que a intenção dos réus era prejudicar a segurança e os interesses nacionais.
Than Zaw Aung, o advogado dos dois jornalistas, afirma que esta decisão revela o perigo em que se encontra a liberdade de imprensa em Myanmar (a antiga Birmânia). O diretor da Reuters, Stephen J. Adler, critica a decisão, dizendo que “Eles continuam atrás das grades por uma só razão: quem está no poder procurou esconder a verdade”.
Um polícia, uma das testemunhas ouvidas no julgamento, afirma que o encontro no qual os documentos foram entregues aos dois jornalistas foi “uma armadilha”.
Wa Lone e Kyaw Soe Oo foram detidos em dezembro de 2017, quando investigavam um massacre contra a minoria muçulmana de Rohingyas no Estado de Rakhine, região do noroeste de Myanmar. Os dois repórteres foram acusados de terem tido posse de documentos considerados secretos pela República de Myanmar. Os documentos continham informações sobre as operações feitas pelas forças de segurança birmanesas no Estado de Rakhine.
Corrigido por: Beatriz Pardal