Reeleição esmagadora de Shinzo Abe leva bolsa nipónica a atingir máximos de duas décadas
Shinzo Abe voltou a vencer as eleições legislativas pela quarta vez este domingo, com dois terços dos votos do eleitorado, assegurando uma maioria absoluta na câmara baixa japonesa.
Tal como as sondagens faziam prever, Shinzo Abe, o primeiro-ministro japonês, viu este domingo a sua coligação com o partido Novo Komeito manter mais de dois terços da Câmara dos Representantes, a câmara baixa da Dieta Nacional do Japão, garantindo assim a maioria absoluta durante o seu quarto mandato enquanto primeiro-ministro. Ficam também aumentadas as suas hipóteses de conquistar um novo mandato como líder do Partido Democrático Liberal.
Abe, no poder desde 2012, convocou eleições antecipadas em setembro deste ano, aproveitando a divisão da oposição e um pico mediático da crise da Coreia do Norte. O primeiro-ministro foi também acusado pelos partidos da oposição de antecipar o voto dos japoneses como forma de evasão a interrogações parlamentares acerca de alegados escândalos políticos que terão manchado o seu terceiro mandato e como tentativa de se antecipar na campanha eleitoral à sua principal opositora, Yoriko Koike, governadora de Tóquio e representante do recém-fundado Partido da Esperança. Este surgiu há apenas um mês, após a dissolução do Partido Democrático, aquele que era o maior partido da oposição do governo de Abe.
Prevê-se que a maioria absoluta obtida este fim-de-semana torne mais fácil a revisão constitucional que o primeiro-ministro quer fazer e que tem obtido reações díspares junto da população japonesa. O Japão está proibido pela sua constituição, desde o final da Segunda Guerra Mundial, de ter forças armadas, mas, caso o artigo 9 venha a ser alterado, como Abe deseja, poderá assistir-se ao renascimento do exército japonês.
Neste sábado, véspera das eleições, Abe reforçou também publicamente o seu desejo de fortalecer a luta contra Pyongyang, afirmando que “numa altura em que a Coreia do Norte está a ameaçar-nos e a aumentar as tensões, não podemos hesitar. Nós não podemos ceder à ameaça da Coreia do Norte.”
Apesar da instabilidade política do seu partido e de alguma impopularidade da revisão constitucional desejada, Abe conseguiu garantir a maioria dos votos graças, sobretudo, à confiança dos japoneses na sua política económica e financeira, apelidada mundialmente de “Abenomics”. Como reação aos resultados eleitorais, a bolsa de Tóquio subiu para o nível mais elevado desde 1996. Esta resposta do mercado traduz a esperança na continuação dos estímulos sem precedentes do banco central nipónico e na sua política monetária altamente expansionista, características da “Abenomics”.