Artes Visuais e Performativas

Só é arte o que está nas galerias?

A questão “Só é arte o que está nas galerias?” gera, regularmente, diversos debates persistentes sobre o assunto. Quando alguém afirma que arte é apenas o que está nas galerias está a condicioná-la à validação por um espaço institucional, como um museu, por exemplo. Esta perspetiva é, muitas vezes, vista como conservadora, uma vez que tende a reduzir a arte a esse critério e a limitar a sua essência.

Por um lado, é inegável que os espaços que acolhem as exposições de arte geram reações que validam a sua qualidade artística e o seu bom gosto, garantindo visibilidade, reputação e um determinado valor monetário –  fatores totalmente legítimos. No entanto, afirmar que a arte se restringe apenas a esse contexto não é correto.

Fonte: Lisboa Secreta

A história da arte está cheia de exemplos que comprovam exatamente o contrário. Por exemplo, muitos artistas só receberam o devido reconhecimento após a sua morte, como é o caso de  Van Gogh. Serão, então, as suas obras não consideradas arte, apenas por não terem sido reconhecidas e aprovadas publicamente em vida? A arte existe antes das galerias. Pensemos no exemplo das pinturas rupestres, nos graffitis urbanos ou mesmo nos desenhos de crianças. Sendo a arte subjetiva, não necessita de catálogos para provocar emoção e muito menos de um selo institucional que a legitime.

Fonte: Pinterest

Os ambientes tecnológicos também incapacitam a verdade da afirmação debatida, pois revelam diversos espaços onde a arte pode ser divulgada sem depender de uma galeria. Qualquer espaço, físico ou virtual, pode ser palco de experiências artísticas significativas e reduzir a arte à sua presença nas galerias é duvidar do seu carácter essencial –  a capacidade de comunicar alguma coisa.

Por fim, relembro que as galerias são apenas um canal de divulgação e não a fonte nem a essência da arte. Diminuir este universo vasto, repleto de comunicação e emoção, a uma vitrine limitada não é, de todo, o mais correto a fazer.

Fonte da capa: São Paulo Secreto

Artigo Revisto por: Leonor Almeida

AUTORIA

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A Inga está no segundo ano de licenciatura em Audiovisual e Multimédia. É uma amante de todas as formas de arte, desde música, cinema e televisão até exposições, teatro e artes plásticas. O seu envolvimento com a escrita sempre foi uma constante na sua vida, e ela sempre adorou dar a sua opinião sobre os diversos assuntos que rondam o mundo. Sempre que tem uma ideia, não hesita em anotá-la, esteja onde estiver. O enriquecimento cultural e o contributo para o seu desenvolvimento pessoal são algumas das razões pelas quais compartilhará as suas ideias na ESCS Magazine, juntamente com a sua habilidade para organizar seja o que for.