Sob Pressão: Como lidar com o quotidiano académico?
“O estresse não é o mal do século. O mal do século é não saber administrá-lo.” – Leila Navarro
A vida académica é um percurso repleto de desafios e momentos de grande pressão, especialmente durante períodos de trabalhos e frequências. Nesses momentos, os estudantes enfrentam uma grande carga emocional, lidando com prazos apertados, expectativas elevadas e o medo do fracasso. No entanto, essa realidade não é exclusiva dos alunos; os professores também testemunham de perto o impacto do stress e ansiedade nos seus alunos.
Para entender os desafios destes períodos, é fundamental abordar as duas perspectivas: a do aluno e a do professor. Neste artigo, exploraremos a experiência do stress e da ansiedade no ambiente académico, dando voz a Joana Toscano, uma estudante, e a Ângelo Vicente, um professor. Ao fazê-lo, pretendemos compreender melhor os desafios enfrentados e apresentar as melhores estratégias para lidar com eles.
A sobrecarga de tarefas e os prazos apertados são uma realidade constante, deixando pouco espaço para respirar. Além disso, as expectativas elevadas de desempenho académico colocam um peso sobre os estudantes, criando uma pressão adicional para alcançar os resultados pretendidos. O medo do fracasso e de desilusão, tanto para consigo mesmos, quanto para os outros, adicionam uma preocupação extra. A pressão social e familiar para alcançar o sucesso académico pode ser demasiada, criando um sentimento de ansiedade e obrigação que, frequentemente, é difícil de gerir. No entanto, é possível lidar com essa pressão através de uma melhor organização e uma gestão de tempo mais eficaz.
Para uma visão mais experiente, falámos com Ângelo Vicente, formado no ISPA-Instituto Universitário, mestre em psicologia organizacional e professor na ESCS. Segundo o professor, “durante a altura de frequências, com muitas provas num curto espaço de tempo, é imperativo que os alunos tenham uma maior capacidade de gestão do tempo, de organização e de persistência, por exemplo, a tentar alcançar resultados”.
Já para Joana Toscano, aluna com 19 anos a frequentar o primeiro ano do curso de RPCE, “nas alturas de mais frequências e trabalhos, sinto-me bastante desmotivada, stressada e muitas vezes deparo-me com a dificuldade de gerir o que sinto, acabando por me isolar mais das pessoas, quando sinto essa pressão”.
O stress e a ansiedade também acabam por afetar a saúde mental e o desempenho académico dos estudantes. Distúrbios do sono e padrões alimentares incorretos são sintomas comuns, refletindo a intensidade do stress sobre o corpo e a mente. O sono irregular e a alimentação inadequada podem resultar em fadiga crónica e dificuldade de concentração, afetando negativamente a capacidade dos estudantes de absorver e reter informação. Além disso, o declínio na motivação e interesse pelas atividades académicas é frequente, pois o stress pode afetar a vontade de aprender.
O professor Ângelo apresenta a sua opinião empírica sobre este tema: “o stress e a ansiedade implicam que as pessoas desenvolvam mais as suas competências e estratégias para lidar com estes sentimentos, reconhecer que existem momentos em que a nossa estabilidade emocional fica mais abalada”.
O professor refere que a diferença que observa nos alunos em alturas com mais frequências e trabalhos é dramática e notória. Identifica que a partir de meados do semestre, quando os alunos ganham consciência da proximidade aos trabalhos, o seu comportamento muda a todos os níveis. Acrescenta que “o comportamento muda em vários sentidos: desde a presença e participação em aulas até ao aspeto físico. Os alunos estão mais cansados, física e intelectualmente, e acabam por participar menos com o avançar do semestre”.
Diante dos desafios do ambiente académico é essencial que os estudantes adotem estratégias eficazes para proteger a sua saúde mental e promover o seu bem-estar geral. O desenvolvimento de capacidades como gestão de tempo e organização é fundamental para lidar com a sobrecarga de tarefas e prazos apertados. Aprender a priorizar e planear, efetivamente, pode ajudar os estudantes a reduzir o stress associado à pressão académica.
A aluna do primeiro ano reconhece que ainda não aprendeu a lidar com esses sentimentos, o que acaba por a limitar no seu dia a dia: “não sinto, de todo, que consiga lidar com a minha ansiedade, pois fico bastante stressada e muitas vezes nem tenho tempo para deitar cá para fora as emoções que tenho, devido ao tempo que tenho de dedicar aos trabalhos e à quantidade de trabalhos que tenho”.
O professor Ângelo deixa algumas dicas para ajudar os alunos a combater estes sentimentos – que fazem parte de qualquer percurso académico – e que devem ser adotadas logo no início do semestre; desde a organização até ao estabelecimento de prioridades e de objetivos. O professor Ângelo aconselha: “no início do semestre, quando as pessoas têm acesso às datas todas, os alunos devem organizar uma espécie de cronograma para perceber o que têm para fazer e, em função disso, vão estabelecer prioridades. Iniciar trabalhos e leituras mais cedo para não deixar tudo para o fim”.
“Do ponto de vista mais psicológico e interno, os alunos devem predispor a sua mente para o êxito, ou seja, devem acreditar que são capazes, porque, se acreditarem, é meio caminho andado. Estabelecer objetivos curtos, mensuráveis e atingíveis porque ao atingir um pequeno objetivo, eu vou ter um sentimento de que fui capaz.”
importante consiste em aprender a lidar com ele de forma eficaz. Ao adotar estratégias e fortalecer a resiliência, os alunos podem converter o stress numa oportunidade de crescimento, tanto pessoal, quanto académico. Em vez de encará-lo com medo, é essencial vê-lo como um desafio a ser enfrentado com coragem e determinação, preparando-nos para os obstáculos futuros que possam surgir.
Fonta da capa: Cedars-Sinai
Artigo revisto por Lourenço Ribeiro
AUTORIA
A Leonor tem 18 anos, está no primeiro ano de licenciatura em RPCE e encontrou uma oportunidade para aprimorar as suas habilidades de escrita na ESCS Magazine, visto que sempre adorou escrever. Para além de escrever para a secção do Mundo Académico na Magazine, pretende desenvolver as suas capacidades de revisão de texto em correção linguística, desenvolvendo também a sua escrita. Além disso, Leonor é uma grande apreciadora de literatura, música e séries, e adora uma boa piada seca.