Tecnologia e Entretenimento-Inovação com Equilíbrio
A Web Summit é uma das principais cimeiras globais dedicadas à evolução tecnológica e à inovação, mas o seu impacto estende-se muito além dos setores tradicionais da tecnologia.
Com um alcance que abrange áreas como negócios, ciência, cultura e entretenimento, a conferência atrai profissionais de diversos campos.
Nesta 16.ª edição, a Web Summit voltou a demonstrar o seu alcance eclético, reunindo figuras de renome que trouxeram perspetivas novas e impactantes. Entre os destaques do evento estiveram personalidades como Pharrell Williams e, a nível nacional, figuras como Ângelo Rodrigues e Sofia Ribeiro, que enriqueceram os painéis com as suas visões únicas. Neste artigo, vou explorar as conversas que tive com artistas como Sarah Wayne Callies e Richard Schiff, partilhando as suas opiniões sobre o impacto da inovação tecnológica, especialmente da inteligência artificial, na transformação do futuro do entretenimento e na forma como os atores abordam o seu trabalho.
Fonte: Inês Gonçalves
Sarah Wayne Callies e Richard Shiff trouxeram pontos de vista que refletem, tanto as oportunidades, quanto os desafios trazidos pela digitalização e pela IA. Callies começou por destacar o poder da tecnologia em proporcionar aos artistas um acesso direto ao público, algo que antes era mediado por terceiros. “Agora posso publicar eu mesma no Instagram ou no Facebook e estou em controlo”, partilhou, realçando a liberdade criativa proporcionada pelas redes sociais. Por outro lado, Shiff complementou esta ideia com um alerta sobre o impacto da tecnologia nas relações humanas: “Acredito que as capacidades mais importantes que devemos cultivar são as que nos lembram de que somos, acima de tudo, seres humanos”.
Ambos concordam que, embora a digitalização abra novas portas, há um risco real de que isso nos afaste da essência da criação artística. “Com a quantidade massiva de media e redes sociais, é crucial que não deixemos isso prejudicar as relações humanas. Atualmente, participamos em centenas de conversas, mas, no final, muitas vezes não nos lembramos de nenhuma”, afirmou Shiff, sublinhando a superficialidade que pode resultar do uso excessivo das tecnologias digitais.
A preocupação com a IA foi uma constante nas suas reflexões. Callies destacou o uso não consentido do trabalho dos artistas para treinar algoritmos: “Eu sei que usaram centenas de horas do meu trabalho para treinar IA e fizeram-no sem o meu consentimento e sem me pagarem. Acredito que isso é um crime.” Esta questão levanta sérias implicações éticas sobre os direitos dos artistas, num mundo em que a IA pode replicar vozes e rostos. Shiff acrescentou: “Eu acho que existe um perigo de a digitalização e a inteligência artificial se apoderarem em demasia da criatividade humana”. Ele exemplificou como a IA é capaz de criar cenários e manipular imagens, o que pode desconectar os artistas do processo criativo e enfraquecer a autenticidade da sua arte.
Fonte: Conta de Instagram Oficial de Richard Schiff
Apesar dos desafios, a digitalização tem o seu lado positivo. Callies mencionou que a tecnologia oferece a possibilidade de realizar inúmeros takes, fomentando a criatividade e permitindo abordagens mais ousadas e arriscadas. No entanto, também advertiu que essa facilidade pode levar a uma abordagem mais preguiçosa, onde os artistas deixam de fazer escolhas definitivas. Shiff destacou a importância do equilíbrio: “Espero que a digitalização não nos sobrecarregue tanto a ponto de perdermos a capacidade de contar histórias nas quais participamos ativamente.”
Um ponto importante que emergiu das conversas foi a importância de preservar a essência do storytelling tradicional. “Duas pessoas a falarem num mesmo espaço é a base do storytelling que remonta a milhares de anos”, lembrou Callies, destacando que essa experiência é insubstituível. A atriz sublinhou que, embora as novas tecnologias permitam criar séries para comunidades específicas e trazer visibilidade a grupos historicamente sub-representados, como pessoas transgénero, é essencial que o foco na conexão humana seja mantido.
Fonte: Inês Gonçalves
No final, a mensagem de ambos os atores é clara: a tecnologia deve servir como ferramenta de empoderamento e inovação, mas não pode substituir a essência do ser humano.
A reflexão final, então, é sobre como encontrar o equilíbrio certo para que a tecnologia amplie as possibilidades criativas sem suprimir a magia e a autenticidade que tornam as histórias verdadeiramente memoráveis.
É essencial encontrar um equilíbrio entre a inovação tecnológica e a preservação da essência humana que dá vida às histórias. A tecnologia tem o potencial de expandir as possibilidades criativas, democratizando o acesso e proporcionando novas formas de contar histórias. No entanto, é fundamental que essa evolução não apague a magia da conexão humana e da autenticidade que tornam as narrativas verdadeiramente memoráveis. O verdadeiro desafio está em utilizar a tecnologia como uma ferramenta que enriquece o processo criativo, sem substituir as interações e emoções.
Fonte da Capa: Inês Gonçalves
Artigo revisto por Joana Gonçalves
AUTORIA
A Leonor tem 18 anos, está no primeiro ano de licenciatura em RPCE e encontrou uma oportunidade para aprimorar as suas habilidades de escrita na ESCS Magazine, visto que sempre adorou escrever. Para além de escrever para a secção do Mundo Académico na Magazine, pretende desenvolver as suas capacidades de revisão de texto em correção linguística, desenvolvendo também a sua escrita. Além disso, Leonor é uma grande apreciadora de literatura, música e séries, e adora uma boa piada seca.