Moda e Lifestyle

That’s not your grandma’s doing!

Quando ouves a palavra “crochê”, é muito provável que imagines uma avó sentada na sua poltrona confortável no canto da sala, com uma agulha 2,5 mm à mão e um novelo de lã à beira dos seus pés, a tricotar uma roupinha para o novo membro da família. Pois bem, Emília Lopes, fundadora da Mejafil, quebra o vidro dos nossos pensamentos nostálgicos ou, bem, da nossa imaginação tendenciosa. Cropped Tops, biquínis, roupas e acessórios para crianças, bonecas e xailes – de todas as formas e cores – constituem a sua coleção.

Emília Lopes, fundadora da Mejafil.
Fonte: Página Facebook Mejafil

Ainda criança, não foi a sua avó que a ensinou a tricotar, mas a sua mãe. Desde então, tem tricotado de tudo. Em 2017, desempregada, esta atividade tornou-se o seu passatempo. As agulhas, os novelos de lã e as suas criações começaram a ganhar espaço em casa. Entretanto, foi apenas no início deste ano, no contexto da pandemia em que o mundo fechou as portas, que Emília decide abrir o seu negócio. Até então “nunca tinha posto a hipótese de vender.

Emília não diz que não ao branco, écru e bege – acredita que sejam cores que remetem para a panóplia “do passatempo da avó” das décadas passadas. No entanto, foge ao que é convencional e propõe peças excêntricas e coloridas, de forma a modernizar esta prática antiga e a atrair as camadas mais jovens.

Fonte: Página Facebook Mejafil
Fonte: Página Facebook Mejafil
Fonte: Página Facebook Mejafil

As peças da Mejafil são únicas e atemporais. “Tento sempre usar lã portuguesa ou então uso de uma marca espanhola só de muito boa qualidade. É por isso que as minhas peças são mais caras, porque eu não quero defraudar de maneira nenhuma, nenhuma, nenhuma as pessoas.”Emília deseja que as pessoas comprem e que, com o passar do tempo,“aquilo não fique a parecer uma tripa ou que não fique com borbotos.

Fonte: Página Facebook Mejafil

“Vejo a vida com muitas cores, muito colorida. Tudo o que eu faço muito colorido vende bem.”

Nos dias de altas temperaturas, os cropped tops foram as peças de roupa mais vendidas, especialmente o cropped top colorido (ver foto acima), que já tricota desde 2017, mas que, segundo ela, fez todo sentido este ano, dado o contexto pandémico em que o mundo vive desde o mês de março. Foi neste período, quando decidiu tornar o seu passatempo num negócio, que Emília criou uma conta Instagram e destaca que tem sido uma ferramenta que ajuda a divulgar mais a sua marca.

Inclusive, Beatriz Oliveira, uma jovem estudante de 20 anos, descobriu a marca Mejafil através do Instagram e, cliente, afirma que o facto de as peças serem em crochê faz com que estas tenham “um significado mais especial”,o que as torna“diferentes e únicas.”

Beatriz Oliveira com um cropped top da Mejafil.
Fonte: Beatriz Oliveira
 

Os preços na Mejafil variam entre os 20 e os 35 euros. Embora haja uma maior procura, as peças, sem-par, são feitas por encomenda.

Relativamente ao processo de criação, Emília vai “ao Pinterest tentar ter umas ideias, mas depois nunca faço igual”.Diz não ter dinheiro para fazer tudo o que a sua imaginação leva, mas garante que as suas peças são interpretadas à sua identidade criativa, jogando com associações de padrões e de cores, porque tricotar “realmente, é uma arte. Isto tem de ter uma técnica. Eu tento fazer um trabalho delicado. Quanto mais fininha for a agulha, mais delicado é o trabalho e mais arte tem.”

As suas criações exigem muito trabalho e detalhe. No entanto, contrastam com a visão simples que Emília Lopes tem sobre a moda. “Não ando muito atrás da moda, eu ando mais no que me sinto confortável.”E acrescenta que“as pessoas, quando se identificam com as peças e com as cores, levam. Portanto, a moda é muito relativa – é quando as pessoas se identificam com as peças.”

Para quem se identifica mais com as estações Outono/Inverno, a marca Mejafil propõe fios mais quentinhos, pontos mais fechados, mas com cores sempre vibrantes para alegrar os dias mais frios e acinzentados.

Xaile Asa de dragão.
Fonte: Página Facebook Mejafil
 
Fonte: Página Facebook Mejafil

Para mais informações, visite a Mejafil em https://www.instagram.com/mejafil/

Artigo revisto por Rita Asseiceiro

Fonte da foto de capa: Página Facebook Mejafil

AUTORIA

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Paula Suaila é uma estudante de jornalismo e redatora da secção Moda e Lifestyle. É semi-careca, é também a irmã perdida da Kelly Malcolm do Jurassic Park e tem quase a certeza de que, há duas vidas passadas, viveu na Dinastia Joseon. Quando não está a maratonar (#bingewatching) um drama coreano está a ler ou a ver algo relacionado com moda.