Música

The Kills: um capitão, e cabelos brancos a esvoaçar pelo palco.

E lá se foi mais uma edição do Super Bock Super Rock. Este ano, o festival celebrou a 2.ª década de existência na companhia de grandes artistas e de um público bastante energético, algo a que nos tem vindo a habituar.
Felizmente, só tive oportunidade de ir ao dia 19. Digo “felizmente”, porque todo o feedback que tenho recebido em relação ao dia 18 foi muito desagradável. O adiamento dos concertos de Cat Power e de Sleigh Bells fez com que os não fãs de Eddie Vedder apanhassem, literal e metaforicamente, uma “seca”: a chuva, que foi a causa do adiamento, durou uns escassos 15 minutos. Já sabemos que o SBSR tem, e sempre teve, muito a melhorar, tanto na organização do festival, como também no campismo. Mas, à parte destes problemas, eu vi bons concertos e notei um excelente ambiente entre o público.
The Kills foi, para mim, o acordar do palco principal. A última vez que esta banda, liderada por Alison “VV” Mosshart e Jamie “Hotel” Hince (ambos vocalistas e guitarristas, em palco), tinha pisado solo português, foi há dois anos, no palco secundário do Optimus Alive. Desta vez, The Kills tiveram um palco adequado ao seu tamanho.
O concerto abriu caminho para Foals e Kasabian de uma forma poderosa: os quatro timbalões acompanhavam os ritmos de bateria compostos por Jamie, dando-lhes um som bastante pesado. Esta base rítmica era quase como um ringue, onde decorria uma batalha entre guitarradas sujas e expressivas, e vozes com atitude acompanhadas pela dupla vocal de um coro africano.

É imperativo falar de atitude, quando falamos sobre Alison. Tive pena dos fotógrafos. É difícil acompanhar tal movimento. O cabelo branco a agitar-se ao ritmo da música contrastava bem com a seriedade do chapéu de capitão usado por Jamie. A alma da cantora parecia estar possuída, mesmo quando era a vez de apresentarem as músicas mais calmas, como é o exemplo da “Baby Says” ou da “Monkey 23”. A sua sensualidade na voz e corpo cativou certamente a maioria dos olhares da plateia.

Não se pode comparar a adesão do público ao concerto de há dois anos no Alive. No entanto, mesmo não sendo uma banda com músicas muito conhecidas, conseguiram levantar os pés do chão de muita gente, principalmente nas músicas “Satellite”, “Heart is a Beating Drum” e “DNA”.
Espero sinceramente que o power desta banda ao vivo seja valorizado cada vez mais. Fico definitivamente à espera da próxima visita.The Kills