The Upgrade: ajudar os escsianos a dar o próximo passo
O The Upgrade é uma nova iniciativa da ESCS, criada por três alunas escsianas do 2ºano do curso Audiovisual e Multimédia: Marta Roquette, Adriana Pereira e Vanessa Garcia. Uma vez que estão a meio do curso, já começaram a sentir a pressão e o medo de entrar para o mercado de trabalho: “Nós estamos no 2ºano e já estamos a pensar que no 3ºano vamos estar completamente perdidos“. A principal questão surgiu nas suas cabeças: “Como é que eu dou o próximo passo, quando acabar a minha licenciatura?”.
No entanto, a ideia sobre o que seria, de facto, a iniciativa não começou pela área do trabalho. Tudo começou num dia do ano passado, quando estavam as três reunidas na ESCS, enquanto uma delas, a Marta, se estava a maquilhar. Assim, pensaram em construir um núcleo de beleza para os alunos, para lhes dar um boost de confiança. “Nós sabemos que a confiança é muito importante para vender as nossas ideias e para que as pessoas acreditem naquilo que queremos fazer”. Num tom de brincadeira, o nome que tinham arranjado para esta iniciativa seria “ESCS Mais Bela”: “Na altura, tinha surgido também a ESCS Mais Limpa, então achámos engraçado”.
Depois disso, a ideia ficou suspensa durante uns tempos. Quando voltaram a pegar na iniciativa, no aspeto da confiança e na forma como as pessoas se apresentam, enquanto elementos que são avaliados na ESCS, começaram a direcionar-se para a vertente do trabalho e das entrevistas de emprego.
As três sentem que, embora os alunos escsianos sejam muito bem preparados para se tornarem bons profissionais, devido a uma grande vertente prática, falta a preparação para o que vem depois da Licenciatura: “Talvez os alunos não saiam assim tão consciencializados daquilo que é o mercado de trabalho”.
A parte de que as três sentem mais falta passa por perceber a forma como os alunos se devem comportar quando saem da ESCS e querem efetivamente trabalhar, o que se baseia em várias dúvidas: “O que é que eu faço quando saio daqui? Onde é que eu procuro os melhores estágios? Como é que eu consigo integrar-me da melhor forma no mundo do trabalho?”. Surgem, também, questões relacionadas com a adaptação dos currículos ou com a preparação para uma entrevista de emprego, o que pode ser intimidante. Isto porque, nas suas opiniões, é quase impossível sair da ESCS e não passar por uma fase “meio tremida”; por isso, se as pessoas estiverem mais informadas, vão enfrentar esse momento de forma muito mais calma.
Assim sendo, decidiram criar o The Upgrade, um nome sugerido pelo pai da Adriana a meio de uma reunião por Zoom, quando havia pressa para concluir a identidade. Uma iniciativa que quer ajudar todos os alunos da ESCS a dar o próximo passo. Questionadas sobre os grandes objetivos da iniciativa, as três afirmam que se vão direcionar em dois pólos – a parte da confiança, ou seja, “um lado mais psicológico”, e a parte física, direcionada para o mercado de trabalho e em como, de facto, chegar lá.
No fundo, o grande objetivo é que os alunos fiquem mais consciencializados sobre o que será o próximo passo que, nas palavras delas, “parece uma névoa”. Embora afirmem que não vão esclarecer tudo, porque seria “muito difícil”, têm a ambição de facilitar este processo que será inevitavelmente enfrentado por todos os alunos, mais tarde ou mais cedo.
Para elas, este é um projeto muito pessoal: “Nós também nos vamos estar a ajudar a nós mesmas. Nós também queremos usufruir daquilo que vamos dar aos outros. Estamos igualmente preocupadas”. Afirmam que, estando no curso de Audiovisual e Multimédia, um curso mais “subjetivo” e relacionado com as artes, têm uma maior preocupação em como se devem adaptar, por exemplo, quando enviam os currículos, porque vai sempre depender da opinião das outras pessoas em relação a gostos estéticos.
Em relação a estágios, admitem que, quando os professores mencionam esse assunto, ficam nervosas e com a dúvida sobre como os encontrar: “Parece tudo um bocadinho escondido e nós queremos que isto saia para fora e que seja visível para as pessoas. Se quisermos um estágio temos de procurar imenso e é muito difícil. E não o devia ser, porque é algo muito benéfico para qualquer um”.
Para além destes receios, sentem que numa escola de comunicação é ainda mais essencial este tipo de preparação, pelo facto de ser uma área “instável”, em que a adaptação é constante. “Nas plataformas que conhecemos de procura de estágios e empregos, nunca se vê lá nada relacionado com as áreas da ESCS”. Têm ainda a sensação de que precisam de estabelecer um contacto direto com profissionais e empresas, algo que ainda não tiveram até agora, o que torna o mundo do trabalho “um bocadinho escuro”.
Assim sendo, as três querem que os alunos tenham acesso a isso mesmo: “Se nós facilitarmos o trabalho dos alunos agora, isso não invalida que eles sejam bons profissionais. O mercado de trabalho está cada vez mais difícil e agora é tudo muito desconectado. Às vezes, as pessoas nem querem ajudar, porque têm medo de que os outros tirem o seu lugar”. É assim que querem tornar este mundo “mais claro” para os escsianos.
As três alunas não querem também que as pessoas desmotivem por não entrarem logo no seu emprego de sonho, visto que há um medo da acomodação: “Há muitas pessoas que depois têm medo de ficar acomodadas, porque naquele emprego de repente já subiram, estão a ganhar melhor, por isso, não procuram mais e não são ambiciosas. Queremos trabalhar nisso.”
Para além disso, a desmistificação do recrutamento é um ponto no qual se querem focar, dando a conhecer aos alunos como é que este funciona, para ganharem mais confiança para responder às perguntas nas entrevistas e acreditarem que podem ter um certo trabalho. “Às vezes, depois de uma entrevista, nunca se recebe uma resposta e a pessoa não sabe o que fez mal, nem sabe como se preparar melhor para a próxima.”
Para cumprirem tudo isto, têm em mente a realização de palestras, de workshops e de masterclasses com profissionais que possam falar sobre estes assuntos. Algo que está já definido é que não querem que seja algo esporádico, mas contínuo: “É importante que haja uma certa sequência. Isto não quer dizer que uma pessoa não possa ir ao primeiro workshop e depois só ir ao terceiro. Mas, para conseguirmos trabalhar o teambuilding, primeiro temos de trabalhar a parte do ‘eu’, da confiança, e, por isso, é preciso haver uma linha condutora. Assim, construímos todas as áreas e damos a conhecer todo o processo.”
A partir destas atividades, querem que os alunos consigam falar diretamente, e de uma forma fácil, com os profissionais que os podem ajudar nos seus medos. Com a pandemia, provavelmente vão começar por ser online: “Estamos a tentar ter como nossos parceiros pessoas que nós sabemos que são capazes de fazer uma boa palestra online.”
Sabendo que os alunos podem achar uma “seca” ouvir uma palestra, querem que sejam atividades interativas que puxem por eles. No entanto, uma das ideias que têm inclui fazer alguns workshops presenciais com restrição de pessoas, “porque há sempre um maior impacto quando é presencial”.
A promessa feita pelas três passa pela transmissão de confiança a todos os alunos, para que deixem de olhar para o mercado de trabalho como “um bicho de sete cabeças”. Embora lhes falte apenas um ano e meio para saírem da ESCS, pretendem que a iniciativa permaneça para sempre, porque os alunos não vão deixar de ter estes receios. Mas, enquanto ainda aqui estão, querem deixar uma marca nos escsianos: “Aquilo que nós queremos deixar para os alunos é uma base que dure não só enquanto estão na ESCS, mas para sempre. Sempre que tiverem uma entrevista ou sempre que tiverem de vender o trabalho deles, vão ter ali uma base de conhecimento, de confiança e de segurança.”
Artigo escrito por Inês Vara
Artigo revisto por Bruna Gonçalves
AUTORIA
Desde pequena que sempre gostou de escrever histórias, de falar pelos cotovelos e de ler. Imagina-se numa grande rádio ou a ser pivô na televisão. Mas foi também na infância que descobriu uma das suas maiores paixões: a dança. A vida levou-a ao curso de Jornalismo, mas é a dançar que melhor consegue transmitir uma mensagem aos outros. Onde o futuro a vai levar não sabe, mas uma coisa é certa: quer comunicar, seja por que meio for.