Tu, rua tão populosa
Tu, rua tão populosa
Que nas noites mais quentes
Te enches de vida
Que não a tua.
Iludes-te assim,
Porque nas manhãs gélidas de inverno
Lá te manténs
Sem a mínima companhia.
Por isso, vim eu,
Para te fazer perceber,
Ó rua,
Tão marcada pela simples passagem
Que tudo o que passa
Não precisa de voltar.
Pois afinal, o que é a vida,
Se te agarras à luz que já te iluminou,
Ao cigarro que em ti se apagou,
Ou à música que já se tocou?
No fim, encerro o teu medo
Dessas manhãs gélidas.
Por Miguel Pereira