Uma Viagem Ao Lado Negro Da Lua
Quem nunca viu esta imagem pelo menos uma vez na vida? Tanto os pais como os filhos estão familiarizados com a capa de um dos álbuns mais icónicos de todos os tempos. Contudo, será que conhecem as músicas que o compõem? Neste artigo vou analisar uma a uma as faixas do álbum “The Dark Side Of The Moon”, da banda britânica Pink Floyd, que já conta com 48 anos de existência.
A Banda
Vindos de Londres em 1965, os Pink Floyd são uma banda de Rock Alternativo. Ficaram conhecidos no mundo da música pela sua sonoridade experimental e pelo tratamento de temas importantes na sua música, tais como política e saúde mental. Terminaram em 2014 – depois de várias pausas na carreira – e deixaram quinze álbuns, alguns com músicas bastante longas (podendo chegar, apenas uma música, a mais de 23 minutos).
A sua sonoridade mudava de trabalho para trabalho. Grande parte da beleza das obras da banda está na imprevisibilidade de formato e som a cada lançamento: o álbum “The Wall” (1979) conta com 26 músicas, na sua maioria bastante curtas, enquanto “Animals” (1977) é constituído por apenas cinco músicas, todas elas com mais de dez minutos, excluindo a introdução e a conclusão.
O Álbum
“The Dark Side Of The Moon” foi lançado a 1 de março de 1973 como oitavo álbum de estúdio da banda. Foi produzido nos famosos Abbey Road Studios, em Londres, e contou com a participação de Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright. Foi inspirado na saída de Syd Barrett – ex-membro da banda –, motivada por problemas relacionados com saúde mental.
Na sua estrutura, o álbum contém 10 faixas. Seis delas são músicas mais extensas e com letra, enquanto as restantes quatro são composições mais curtas que funcionam como passagens para a próxima música, de modo a criar a ilusão de que é tudo a mesma composição. Com um total de 42 minutos e 53 segundos, este é considerado um dos melhores trabalhos dos Pink Floyd e a sua marca permanece relevante no panorama musical até aos dias de hoje.
Passo agora a apresentar, uma a uma, todas as faixas do álbum:
1 – Speak To Me
Esta é a introdução da viagem em que vamos embarcar ao ouvir este trabalho.
Consiste num instrumental de pouco mais de um minuto que começa com um coração a bater e de seguida dá uma amostra dos sons que vão sempre estar presentes ao longo do álbum: papel a rasgar, máquinas registadoras, risos tenebrosos e máquinas.
2 – Breathe (In The Air)
A primeira faixa com letra do álbum é também uma das mais reconhecidas mesmo pelas pessoas que não são ouvintes assíduas do trabalho da banda.
Com 2 minutos e 50 segundos, a música inicia com gritos – que se manterão ocasionalmente ao longo dos quase 43 minutos, chegando a aparecer também em “The Wall” (1977) – e tem a segunda melhor linha de baixo de todo o álbum.
3 – On The Run
On The Run serve para fazer a transição entre Breath (In The Air) e a próxima música. Porém, ao contrário da introdução, esta música instrumental tem 3 minutos e 45 segundos. Pode ser considerada a faixa com a sonoridade mais experimental das dez, devido à presença de vários sons menos comuns, maioritariamente executados através de um sintetizador.
4 – Time
Após o fim de On The Run, inicia-se a música Time. Como o título diz, a música fala sobre todas as dimensões da passagem do tempo e de a nossa perceção do tempo ser diferente à medida que crescemos – quando somos novos e existem imensos tempos mortos, o dia demora muito a passar; quando crescemos, o tempo começa a tornar-se escasso. Contudo, o dia continua a ter as mesmas 24 horas.
Tired of lying in the sunshine, staying home to watch the rain
You are young and life is long, and there is time to kill today
And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run, you missed the starting gun
Em termos instrumentais, esta música de quase sete minutos inicia-se com o movimento de um relógio a fazer de batida juntamente com a guitarra de Gilmour durante dois minutos. A voz e os restantes instrumentos começam depois dessa marca. Ainda conta também com a adição de um grande solo de guitarra e coros femininos.
5 – The Great Gig In The Sky
O tema que marca metade do álbum, de seu nome The Great Gig In The Sky, é uma balada pouco convencional ao piano. Numa tonalidade menor, estes mais de três minutos de composição não têm letra – apenas uma voz feminina a imitar a melodia sem qualquer tipo de palavra.
6 – Money
A faixa número seis é considerada a mais bem-sucedida a nível comercial.
Com 6 minutos e 22 segundos, fala, através de ironia, sobre o desejo por dinheiro, o valor que lhe é dado na sociedade e o que isso lhe pode fazer. Um tema que, hoje em dia, ainda se mantém atual.
Money
Get away
You get a good job with good pay and you’re okay
Money
It’s a gas
Grab that cash with both hands and make a stash
New car, caviar, four star daydream
Think I’ll buy me a football team
A música é introduzida com, discutivelmente, uma das melhores e mais icónicas linhas de baixo de sempre e conta com um tom mais agressivo, proporcionado por uma grande variedade de instrumentos. Destes instrumentos, existem solos de guitarra e saxofone ao longo do tema.
7 – Us And Them
Us And Them é a música mais longa de todo o álbum com quase 8 minutos. Não só é a mais longa como também a de tempo mais lento. Destaca especialmente o trabalho de piano, saxofone e do coro feminino.
8 – Any Colour You Like
O último instrumental de transição de The Dark Side Of The Moon é a oitava faixa e esta divide-se em dois ritmos completamente diferentes: um semelhante à sua antecessora e um mais rápido que destaca o trabalho de guitarra com efeitos.
9 – Brain Damage
A cerca de seis minutos do fim está o tema sobre saúde mental que irá fazer qualquer pessoa repetir “The Lunatic Is On The Grass”. É também a única música onde é dito o nome do álbum. São usados cada vez mais acordes em escala maior que representam uma maior sensação de conforto – ou talvez a aproximação do fim da viagem.
10 – Eclipse
É com Eclipse que termina The Dark Side Of The Moon. A música em si tem apenas um minuto e meio, porém, outro minuto de silêncio é deixado na gravação que pode simbolizar a escuridão de um eclipse.
Todas as frases da faixa começam com “All” ou “And”, com exceção da que a encerra: “But the sun is eclipsed by the moon”.
Este tema tem uma sonoridade de despedida e creio que foi a melhor escolha dos Pink Floyd para terminar esta composição.
Notas Finais:
O título The Dark Side Of The Moon é em si bastante abstrato, porque pode simbolizar muita coisa: alguém ser a lua e o lado negro os seus problemas, medos e vícios; pode referir-se à viagem que o álbum nos proporciona por entre o espaço até ao lado negro da lua; entre muitas outras interpretações.
Deixo o link caso queiram ouvir este álbum de rock experimental na íntegra (recomendo que o oiçam de olhos fechados!)
Se ficaram com mais curiosidade acerca de toda a construção deste ícone da cultura musical, deem uma vista de olhos neste documentário:
Artigo por Marta Engenheiro
Imagem de capa / Créditos: Rolling Stone
Artigo revisto por Miguel Bravo Morais
AUTORIA
A Marta Engenheiro frequenta atualmente a licenciatura em Jornalismo e tem como objetivos ser locutora de rádio, dobradora de desenhos animados e apresentadora do Festival da Canção. Adora a sua gata, mas como não pode escrever só artigos sobre ela diverte-se também a falar de arte.