«When something new is growing»
A longa carreira de Neil Young, nascido no Canadá a 1945, caracteriza-se pelo seu contributo para o mundo do rock, folk e country. Independentemente dos altos e baixos, Neil Young continua no ativo, lançando um novo álbum este ano,Peace Trail, a 9 de dezembro.
Após a gravação do álbum Earth, disco ao vivo que jogava com os vários sons da natureza, e o seu lançamento em junho, Neil Young começou logo a trabalhar neste seu projeto mais convencional. Peace Trail é um álbum de estúdio gravado em Shangri La Studios, cujo produtor é Rick Rubin. Não obstante, também Young e John Hanlon participaram na produção do conjunto de dez músicas:
1. “Peace Trail”
2. “Can’t Stop Workin”
3. “Indian Givers”
4. “Show Me”
5. “Texas Rangers”
6. “Terrorist Suicide Hang Gliders”
7. “John Oaks”
8. “My Pledge”
9. “Glass Accident”
10. “My New Robot”
Peace Trail apresentar-se-á nos diversos formatos: CD, digital e cassette. Espera-se ainda uma edição vinil em janeiro de 2017, pela Reprise Records.
O que se pode esperar?
Uma nova parceria, desta vez com o baterista Jim Keltner e com o baixista Paul Bushnell. Não descurando a participação de outros artistas tais como Micah Nelson nos vocais de fundo e Joe Yanke na harpa elétrica e no harmónio (algo parecido com um órgão).
As temáticas serão, como tem acontecido nos últimos álbuns, em grande parte, referentes a questões humanitárias e ambientais, de impacto global e intemporais. Dando voz ao seu ativismo, Young procura uma abordagem intimista e pessoal através de um estilo predominantemente acústico, com algum uso de auto-tune nos vocais.
A música “Indian Givers”, escrita em apenas cerca de duas semanas, é uma reflexão desse mesmo desejo e necessidade de partilhar as injustiças do mundo. Surgindo em setembro, aquando os protestos dos Nativos Americanos contra a construção de um oleoduto em terra indígena que poderia ter consequências negativas no Rio Missouri, o artista revela o seu apoio à causa. A passagem «Behind big Money, justice always fails» ilustra bem a postura de Neil.
«When something new is growing», trecho da música que dá nome ao álbum, leva-nos à conceção de arte por detrás do trabalho musical disponibilizado até ao momento – “Indian Givers”, “Peace Trail”, “My Pledge”, “Show Me”, bem como outras tantas que foram tocadas em concerto na tour Promise Of The Real.
Integralmente é uma obra fácil de se ouvir, por vezes algo monótona e algo irregular tendo em conta a existência de algumas músicas que parecem deixar algo a desejar enquanto outras se destacam pela positiva.
“My Pledge” cai, para mim, na primeira categoria: a transmissão da forte mensagem é comprometida pela utilização um pouco desleixada e forçada do auto-tune, o qual nos distrai do essencial, não convencendo. No quadro das canções não tão bem conseguidas surge “Texas Rangers”, que, apesar de alcançar um tom western “concordante” com o tema, fica aquém pelo bizarro resultado final de todos os elementos, os quais parecem dispersos e desajustados.
“Show Me”, da outra face da moeda, supera as expetativas: um pouco contida mas frisante; vai crescendo com a adição da bateria até culminar com a introdução da harmónica e com um riff na guitarra. “Show me” torna-se imperativo. Outra canção de meu agrado é a “Glass Accident” que, à semelhança de “Show Me”, é contida. Melodiosa, eleva-se pela sua simplicidade de combinar a voz e a guitarra de uma forma lenta e ritmada.
Resta saber se da proliferação de álbuns advirá igualmente uma propagação da sua mensagem.