Missão e Visão
Na semana passada, falei-vos sobre o “Porquê?”, e como isso deve ser o ponto de partida no nosso trabalho como líderes. Mas com certeza se perguntaram: isto é tudo muito bonito, mas como consigo pôr isso em prática? Como consigo passar da teoria para a aplicação no dia-a-dia do meu trabalho como líder?
Há uma forma. Com certeza já ouviram falar nela. Muitas vezes é usada como golpe de marketing ou como embelezamento da comunicação externa, quando na verdade é talvez o mais importante pedaço de informação que deve ser espalhado pela comunicação interna de uma organização. E tem um esquema muito simples: Missão -> Visão -> Valores -> Projecto.
Aos Valores dedicarei uma outra crónica. O Projecto é demasiado óbvio para necessitar de explicação e, ao mesmo tempo, demasiado complexo para ser limitado a um parágrafo. Já a Missão e a Visão são a esquematização directa e mais simples do “Porquê?” de um projecto.
A Missão pode ser definida numa frase: a razão da existência de uma organização. O que se quer alcançar com este projecto? Que mudança queremos que ele faça no status quo? O que queremos que apresente? No fundo: Porque é que o projecto existe?
A Visão passa pelo ideal que o líder tem para a organização que está a liderar. É uma concepção idealista e utópica do projecto (e não há nada de errado com isso). É o projecto no seu estado perfeito, mesmo que inalcançável. Gosto de pensar na Visão como o acontecimento ou conjunto de acontecimentos que são resultado do facto de o projecto ter chegado ao auge e que me fariam sentir como se o meu trabalho estivesse feito.
Vamos esclarecer estes conceitos com alguns exemplos. O que vale é que a internet é amiga e as empresas gostam de espalhar a sua Missão e Visão por ela. Como o fizeram a Academia do Sporting e a SUMOL+COMPAL.
Diz a Academia do Sporting que a sua Missão passa por “produzir jogadores para o mais alto nível competitivo, capazes de integrar a equipa profissional do Sporting” (o resto é palha, comum nestas descrições). A SUMOL+COMPAL define como sua Missão “consolidar a liderança nas bebidas não alcoólicas e desenvolver a melhor rede de distribuição ao canal Horeca [Hotéis, Restaurantes e Cafés] em Portugal” (o resto é objectivos, demasiado específicos para serem Missão). A Missão das duas organizações é clara, e explicita a razão da sua existência. Se houver dúvidas sobre porque é que elas existem, a Missão explica clara e sucintamente.
A Visão da Academia do Sporting é “ser reconhecida como Líder Mundial no Futebol de Formação”. A SUMOL+COMPAL, no meio de alguma palha, apresenta uma visão criativa e interessante: “Ambicionamos que, onde a SUMOL+COMPAL esteja presente, cada consumidor desfrute diariamente de uma das nossas marcas”, seja Sumol, B!, Pepsi, Frize, Água Serra da Estrela, Compal… É fácil, com a Visão, perceber o objectivo que os líderes destas organizações têm para os projectos que conduzem. E estas Visões marcam um momento ou acontecimento que é utópico mas que clarifica o caminho a seguir.
A Missão e a Visão não podem nem devem ser extensas e confusas. Devem ser, cada uma, uma a duas frases simples e que clarificam quem as lê, sem necessitarem de mais explicações. A Missão e a Visão estão entre as mensagens mais importantes que se passam nas organizações, e podem ser a diferença entre equipas motivadas e esclarecidas ou equipas apáticas que não encontram prazer no trabalho que fazem.
Qual é a tua Missão? Qual é a tua Visão? Encontra-as, e o teu trabalho como líder será muito mais fácil.
ganda merda