Música

Em Português: XUTOS (e não é preciso mais nada)

Tantos anos de carreira podem ser complicados de entender. Esta é a versão simples da história da banda que manda no rock em Portugal.

xutos

Era o ano de 1978. Na garagem dos pais de Zé Pedro, ele, Zé Leonel e Paulo Borges – então os Delirium Tremens – dão os primeiros acordes daquilo que viria a ser a maior banda de rock de Portugal. Após uma audição, entra Kalú e Tim vem substituir Paulo Borges, que rapidamente saiu. Estes quatro (dos quais três ainda se mantêm) são os Xutos & Pontapés. Beijinhos & Parabéns era a primeira hipótese para o nome, mas foi recusada.

É a 13 de janeiro de 1979 que tocam ao vivo pela primeira vez, nos Alunos de Apolo. Foram quatro músicas, às três da manhã. Vão trabalhando nos seus empregos habituais enquanto o número de concertos vai crescendo. Em 1981, sai Zé Leonel e entra Francis. Tim começa também a cantar, e é neste ano que sai “Sémen”, o primeiro single da banda. O primeiro álbum, 1978-1982, é editado no ano seguinte e, em 1983, Francis deixa a formação. Não são os melhores tempos da banda, mas no final do ano entra João Cabeleira, vindo dos Vodka Laranja. A formação definitiva fecha-se em 84, com Gui a entrar com os saxofones.

Cerco sai em 1985, os concertos sucedem-se, sempre com grande assistência. Dois anos depois, um dos maiores êxitos de sempre da banda, “Minha Casinha”, é disco de platina. 88 assegura a permanência dos Xutos no topo – são “a” banda de rock em Portugal. Os períodos seguintes tornam a não ser famosos – o mercado saturado e a crítica pouco encorajadora a Gritos Mudos obrigam os Xutos a esforçarem-se mais: Dizer Não de Vez, de 1992, e Direito ao Deserto, de 1993, são a prova de que a banda continuava viva.

O Coliseu do Porto foi o palco dos 15 anos de Xutos, espectáculo em grande e a fazer justiça ao sucesso novamente crescente da banda. Em 1997, sai Dados Viciados, que os leva à consagração do Coliseu de Lisboa. Tentação, de 1998, é o último disco do século XX. Chegados à viragem do milénio, já com 20 anos de puro rock na carteira, os Xutos lançam em 2000 o disco com o concerto de 1986 no Rock Rendez-Vous. Isto antes de, em 2001, lançarem XIII e terem arrastado 600 mil espectadores aos concertos durante o ano. Os 25 anos, comemorados em 2004, trazem um dos melhores álbuns de sempre: O Mundo ao Contrário enche duas vezes o Pavilhão Atlântico e a banda recebe a condecoração da Ordem do Infante D. Henrique, pelas mãos do Presidente da República, Jorge Sampaio.

Novo disco de originais só em 2009, com Xutos & Pontapés. Ainda não havia um álbum homónimo. “Quem é quem” e “Perfeito Vazio” tornam-se êxitos quase imediatos, nesta comemoração da marca considerável dos 30 anos da banda.

O início de 2014 trouxe “Puro”, o mais recente longa-duração e que comemora os 35 anos de carreira da maior banda de rock que Portugal já viu crescer. Cantar em português não é para todos e fazer excelente música na língua portuguesa ainda é para menos. Xutos & Pontapés é, e sempre será, marca de qualidade. Ninguém os pára. E ninguém pára a Irmã Lúcia.

 

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