Manjerica: Um “Manjar Rico” no Saldanha
Ao subir a Avenida Praia da Vitória, no Saldanha, há uma seta que nos indica o caminho que procuramos: a Manjerica.
Desde a porta até à cozinha, o ambiente e o conceito da Manjerica está presente em todo o restaurante. Restaurante, sim. O espaço que antes pertenceu à marca de roupa portuguesa Maria Manjerica foi transformado num local de bem-estar e de bem comer no dia 10 de agosto.
Porquê Manjerica?
Podia ser só uma referência ao tradicional Manjerico de Lisboa mas há mais por detrás do nome Manjerica. A ESCS MAGAZINE conversou com Mariana, responsável pelo restaurante in loco, que nos explicou a origem do nome.
“Nós queríamos um nome que fosse português e feminino”, explica Mariana. O nome feminino tem ligação com uma causa: o apadrinhamento de uma burra lanuda de Trás-os-Montes. Os burros lanudos são uma espécie portuguesa em vias de extinção. Além da ligação do restaurante à causa, a burra lanuda simboliza a preservação de todas as coisas boas portuguesas que podem estar a desaparecer.
Manjerica é também um nome incomum. “Queríamos que pudesse ser um nome de pessoa e ao mesmo tempo que não fosse uma “Maria” ou “Antónia”, nomes mais genéricos. Fizemos um brainstorm e, entre os vários nomes, surgiu a Manjerica”, refere Mariana.
Para completar a multiplicidade de significados do nome do restaurante, a equipa descobriu ainda que a palavra resulta de uma brincadeira que faz todo o sentido para a Manjerica. É um manjar rico.
Quem é que “Manjerica”?
O projeto começou a ser construído na mente de Licínia. “A Licínia, a dona, sempre reuniu os amigos em casa para fazer lanches-ajantarados, almoços, coisas desse género. E sempre lhe disseram: uau, gostamos imenso disto. Porque é que não fazes isto a sério?”, conta Mariana.
Licínia cuidou dos filhos a tempo inteiro na maior parte da sua vida mas agora que estão crescidos encontrou a sua oportunidade para levar mais “a sério” este conceito. O projeto passou da mesa que preparava para amigos, para a mesa dedicada aos clientes.
Além de Licínia, o marido, Paulo, vai dando apoio no novo espaço. Mariana, com quem falámos, a responsável pelo restaurante in loco, trabalha em conjunto com o chef e a restante equipa de colaboradores.
Conceito
“Os acontecimentos especiais são à volta da mesa, as boas noticias dão-se à volta da mesa, os encontros com os amigos também”, refere Mariana. Este é o principal conceito. Fazer da mesa um momento para partilhar alegria e aquilo que é nosso.
O que é português, além de estar na comida, está por todo o restaurante. No interior há uma figueira, uma árvore de clementinas e mesas de mármore que lembram os cafés antigos. Lá fora há um loureiro.
A natureza concentra-se no meio da cidade e cria um espaço acolhedor. As pessoas não passam só para procurar um snack rápido mas também para usufruir da experiência de comer e de conviver.
Passa ou não passa no teste?
Na cozinha, os alimentos que entram são preferencialmente sazonais e alguns são biológicos. E porquê apenas alguns? Porque muitas vezes não é possível assegurar o stock de forma a manter a qualidade dos produtos. E é precisamente para garantir a qualidade que os alimentos são submetidos a um teste. “Têm de ser: saudáveis, lindos de morrer para ficarem bem no Instagram e para se comerem com os olhos e têm de ser deliciosos”, diz a responsável pelo restaurante in loco. O principal objetivo é que faça bem à saúde e saiba bem.
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Um dos alimentos que não passou no teste da Manjerica foi o café. Aquele que dá nome a muitos estabelecimentos, não entrou na carta porque tem agentes aceleradores e acaba por criar alguma adição.
Quem também não passou no teste foram alguns vilões conhecidos da alimentação: o açúcar branco, os refrigerantes e o álcool. Como alternativa ao açúcar, usam o mascavado ou o açúcar amarelo em algumas receitas. “Há uma série de alimentos que decidimos não incluir no menu, porque não passavam no teste”, refere Mariana.
“Dias que não são dias”
A Manjerica é para quem segue uma alimentação saudável. No entanto, há exceções à regra na cozinha do restaurante.
Nutella: um sabor que todos adoram mas com má fama pelos valores nutricionais. Ainda assim, na Manjerica, a ideia de que “dias não são dias” permite que as panquecas venham acompanhadas com este produto.
“Não conseguimos fazer uma alternativa 100% saudável de alguns produtos. E a alimentação saudável também tem destas coisas”, refere Mariana.
O açúcar mascavado ou amarelo também entra na cozinha mas em quantidades mínimas. Todas as gulodices da carta acabam assim por ser relativamente saudáveis.
Apesar de haver opções doces aptas para veganos, não são a maioria. “Muitas receitas levam ou manteiga, ou ovos. Porque, apesar de não ser impossível, às vezes é difícil chegar à receita ideal sem um ovo”, explica a responsável pelo restaurante.
Contudo, todas as gulodices são adequadas para vegetarianos e para quem tem uma alimentação mais tradicional.
Quer seja mais ou menos saudável, tudo o que é preparado vai ao encontro do lema: “Deliciosamente saudável”.
Mas afinal o que é que se come?
O best seller é o hambúrguer que é 100% vegetal. Uma receita que desmistifica o conceito de comida associado ao fast food e que recria as receitas comuns através de alimentos mais saudáveis.
Porém, há outro prato que sai muitas vezes para as mesas do Manjerica e combina várias cores e texturas: o Manjericão. “É um prato de tomates biológicos, de imensas cores, acompanhado com queijo vegetal ou de cabra, azeitonas e manjericão”, explica a responsável pelo restaurante in loco. Este prato combina também tomates cozinhados e crus, criando um dinamismo de sabores diferente.
Já os sumos vão desde os mais comuns, aos mais irreverentes. Um deles é o de maçã e couve roxa, com o qual muitos clientes ficam apreensivos. Contudo, “Depois de provarem gostam e familiarizam-se com a ideia”, conta Mariana.
Quanto aos brunchs, anteriormente apenas servidos ao domingo, passaram, desde o dia 15 de outubro, a fazer parte do menu durante toda a semana.
A Carta que muda com o tempo
Manjerica é um nome fresco e que serve produtos igualmente frescos. Apesar disso, está a preparar-se para o frio. O restaurante prioriza os alimentos de cada estação e o menu outono-inverno já está a ser preparado.
Uma coisa é certa: “Não pode faltar cor nos pratos. Quanto mais cores, mais rico será o prato”, diz Mariana. Isto acontece não só porque as cores dos legumes e frutas são apelativas, como também porque relacionam-se com as suas características.
Além do menu, já está a ser planeada a criação de um novo espaço, cujo nome, local e data ainda estão por revelar. Será o “mano da Manjerica”, refere Mariana.
Corrigido por Maria Constança Castanheira