Última estação de serviço: Fastlane
O último evento antes da esperada Wrestlemania 35 foi, contra todas as apostas, surpreendente.
O Fastlane foi a última paragem desta “estrada” para a Wrestlemania.
O evento de wrestling decorreu no dia 10 de março na Quickhen Loans Arena, em Cleavend, Ohio. O pay-per-view, contra as expectativas de ser um show fraco e previsível, não o foi; e ainda ofereceu aquilo que todos os fãs desejariam nesta altura do ano: deu a conhecer mais um pouco do possível cenário final do maior evento de wrestling do ano, a Wrestlemania.
Como principais destaques do penúltimo evento do calendário da WWE, em 2019, estão o combate entre Daniel Bryan e Kevin Owens pelo título da WWE, que ganhou alguns particularismos no decorrer do evento; o combate entre a “Rainha” Charlotte Flair e Becky Lynch, cujo resultado favorável à irlandesa significa a reconquista da vaga no main event no “Show dos Imortais” e a última aparição do emblemático grupo, The Shield, que enfrentou a equipa constituída por Drew McIntyre, Baron Corbin e Bobby Lashley.
Ao contrário do anunciado para o Kickoff, apenas tivemos um combate. Big E e Xavier Woods, membros do The New Day, lutaram contra Rusev e Shinsuke Nakamura. O The New Day derrotou a dupla internacional. Ambas as equipas não se encontram na primeira linha de desafio aos títulos de tag team do SmackDown, porém, a poucas semanas do grande evento, tudo é equacionável. Vitória para o The New Day.
Mesmo apenas com um combate no Kickoff, o pré-show não deixou de ser interessante. Um desses dois segmentos que tiveram seguimento mais tarde foi protagonizado por Carmella e R-Truth. Tentavam adquirir petições para um combate pelo título dos Estados Unidos da América. O campeão, Samoa Joe, surgiu e declarou que não teria quaisquer problemas em defender o título contra quem fosse. O outro segmento foi a chamada de Kofi ao gabinete dos McMahon que teria grandes implicações no main card.
A defesa dos títulos de duplas do Smackdown que colocou os irmãos Usos frente da “melhor equipa do mundo” de Miz e Shane McMahon abriu o main card. Foi um combate intenso, que contou com a presença do pai de The Miz na primeira fila. Poderíamos cingir-nos ao mais óbvio: conquista dos títulos de tag team do SmackDown Live por parte dos The Usos. Porém, aquilo que aconteceu após a vitória dos irmãos foi também muito marcante. Shane McMahon revoltou-se contra o seu parceiro e atacou-o pela retaguarda. Foi um ataque brutal sem resposta por parte de The Miz. O pai de The Miz foi também obrigado a lidar com a fúria do ex-comissário da marca azul. Depois desta rutura é expectável que estes dois se defrontem na Wrestlemania. O desenlace? Teremos de avançar no calendário.
O segundo combate do main card foi pelo título feminino do Smackdown. Asuka defendeu e venceu Mandy Rose. Foi um combate pouco interessante, sem que a desafiante conseguisse colocar problemas maiores à campeã. A japonesa, que ganhou o título no TLC, vai agora para a Wrestlemania ainda a aguardar nova adversário. Resta descobrir quem será.
Depois de uma discussão com Vince McMahon, Kofi ouviu aquilo que mais desejava: o homem que o considerou pouco merecedor dizer que o combate pelo título de Daniel Bryan iria ser defendido num combate “ameaça tripla”. Depois dessa decisão, e já com Kofi no ringue à espera do campeão e de Kevin Owens – terceiro integrante do combate -, este foi surpreendido com o anúncio de que o combate pelo título da WWE teria lugar mais tarde. A verdade é que Vince não mentiu: Kofi competiu mesmo numa triple threat, porém os seus adversários foram Cesaro e Sheamus, The Bar. Como era de esperar esta luta ganhou contornos de um combate handicap. Apesar do esforço, Kofi não conseguiu vencer a desvantagem numérica. O sentimento de injustiça alienou-se pelos quatros cantos da arena, e, em tom de protesto, soaram os cânticos de “Kofimania” até bem perto do final do evento.
Os títulos de duplas do Monday Night Raw também foram colocados em jogo no último PPV antes da Wrestlemania. Os campeões, The Revival, tinham pela frente os “novatos” do NXT, Aleister Black e Ricochet, e a equipa formada por Chad Gable e por Bobby Roode. Como tem sido tendência dos últimos programas do Raw e Smackdown Live, a equipa dos “novatos” conseguiu ter bastante destaque ao longo do combate: foram quem apresentaram os melhores golpes, quem mais entusiasmou o público e tiveram algumas oportunidades de conseguir a vitória. Apesar de uma atuação tímida, e aproveitando que Ricochet e Black se encontravam fora do ringue, conseguiram aplicar o seu finalizador em Chad Gable e, consequentemente, reter os cinturões num dos combates da noite.
Marcante foi também o combate válido pelo título dos Estados Unidos da América. Samoa Joe defendeu o título contra outros três wrestlers: o veterano Rey Mysterio, Andrade e o ex-campeão, R-Truth. O combate começou com todos os lutadores a mostrarem bons apontamentos dentro e fora do ringue. Com o avançar do combate, parecia ser difícil que o campeão retivesse o seu título por ter sido alvo de numerosos ofensivas. Quando Rey Mysterio aplicou o seu famoso “619”, estando prestes a reconquistar um título que lhe é familiar, o campeão, sem que ninguém previsse, conseguiu reverter o golpe aéreo do mexicano e transformá-lo na sua submissão favorita. O resultado? Mysterio inconsciente e Samoa Joe a provar mais uma vez o porquê de ser uma das forças mais dominantes da empresa.
O combate que se seguiu tornou a noite ainda mais icónica. Pela primeira vez na história da WWE estiveram três títulos de tag team em disputa. Sasha Banks e Bayley defenderam pela primeira vez os seus títulos desta da vitória no Elimination Chamber. Apesar de a poderosa aliança samoana de Nia Jax e Tamina ter estado a maioria do tempo a controlar as campeãs, Bayley conseguiu “roubar” a vitória. A audácia de Bayley e Sasha revelou-se mais eficaz do que a força das samoanas. Rápido se percebeu que “saber ganhar” não constava no dicionário de Nia e Tamina. Para além de agredirem as vencedoras do combate, não se conteram a atacar Beth Phoenix que estava na mesa sentada a comentar a luta. Posteriormente, a outra vítima foi a amiga de longa data da Hall of famer, Natália.
Como anteriormente anunciado por Vince, era tempo para a ameaça tripla pelo título da WWE. Depois do desafiante Kevin Owens e do campeão, Daniel Bryan terem feito as respectivas entradas no ringue, restava saber quem iria ser o terceiro elemento. Para desgosto de muitos e surpresa para alguns, quem apareceu foi Mustafa Ali, que não combatia desde que se lesionou a dias do combate na Elimination Chamber. É importante relembrar que Kofi Kingston só surgiu no prisma do título mundial devido à lesão de Mustafa. Se o wrestling estava excelente, o ambiente nas bancadas estava ao rubro. Durante todo o combate ouviram-se vários cânticos como: “we want Kofi!” ou “Kofimania!”. A ausência do membro dos The New Day no combate não foi esquecida, mas os três lutadores envolvidos foram de tal forma cativantes que conseguiram adormecer, por momentos, esses cânticos. O título podia mudar de mãos a qualquer momento e isso esteve bem perto de suceder. Tanto Owens como Mustafa estiveram a milésimos de segundo de erguer o bem mais precioso da empresa mas faltou-lhes a “estrelinha” que teve o campeão Pontapés, palmadas, voos, golpes de alto risco, mas no fim Daniel Bryan conseguiu, no momento em que se encontrava mais debilitado, aplicar de forma surpreendente o seu finalizador no antigo campeão de pesos meios-pesados, Mustafa Ali, e vai mesmo chegar ao maior palco de todos para defender o seu título “eco-friendly”.
No outro combate feminino da noite, Becky Lynch, vencedora do Royal Rumble de 2019, teve uma vez mais de provar ser merecedora de estar no evento principal da Wrestlemania. Ainda claramente debilitada, com uma lesão no joelho, decidiu enfrentar Charlotte Flair, sabendo que uma possível derrota a retiraria do combate pelo título feminino do Raw. Quem pouco se mostrou preocupada com o estado da perna da irlandesa foi a “Queen”, que não perdeu a oportunidade de a humilhar. A filha do Hall of famer Ric Flair aproveitou o mal-estar da adversária para controlar o combate. Na fase final do combate, Becky foi submetida à submissão e estava prestes a desistir para Charlotte. Surge a campeã do Monday Night Raw, Ronda Rousey, que entra no ringue e ataca a irlandesa com uma intenção: que Charlotte fosse desqualificada e que Becky garantisse o seu lugar no main event do 35º evento da Wrestlemania.
Para o último combate da noite estava guardada a despedida dos The Shield. A equipa reuniu-se uma última vez a pedido de Roman Reigns. O parente de Dwayne “The Rock” Johnson, que esteve afastado dos ringues por estar a combater um problema de saúde (leucemia) regressou ao Raw no dia 25 de fevereiro e tinha como grande desejo esta reunião. O contrato de um dos integrantes do grupo, Dean Ambrose, termina em abril e é um fatores que obriga a que esta aparição da equipa no Fastlane seja a última.
Assim sendo, este grupo que é um dos mais impactantes da história da WWE enfrentou a equipa de Baron Corbin, Bobby Lashley e Drew McIntyre. Podemos dizer que a prestação do grupo que se estreou em 2012 no Survivor Series ilustrou bem aquilo que foi o percurso e a forma de atuar. A união e a química que Dean, Seth e Roman mostraram em ringue explicam o porquê de serem fortes candidatos a Hall of famers do futuro. Não tardou para que o combate se tornasse numa luta agressiva. Golpes duros, voos fora do ringue, uma mesa de comentadores partida e um grande final. Os The Shield encurralaram o seu alvo no ringue e aplicaram a sua “powerbomb” tripla a Baron Corbin.
Este emblemático e condecorado grupo conseguiu assim a sua última vitória. Para a história fica a imagem dos abraço entre Dean, Seth e Roman assim como o símbolo dos três punhos cerrados.
Fonte fotografia “thumbnail”: WWE
Artigo revisto por Catarina Gramaço