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Donnie Dough: “A powerful dessert, not made for pussies”

A Donnie Dough é o projeto do João Amaro e da Nélia Carreira. Ela interessa-se pelo ramo da ciência, ele é designer gráfico freelancer. Ambos têm o curso de arquitetura paisagística e, para além de criadores, são os únicos funcionários da primeira e única loja a comercializar cookie dough em Portugal.

Legenda: João Amaro e Nélia Carreira, donos da Donnie Dough.

A cookie dough é a massa da bolacha antes de ir ao forno, a bolacha “à colher”. Doce tipicamente americano, tem vindo a tornar-se popular nas redes sociais. Contudo, o João e a Nélia sentem que, mesmo assim, ainda existe muito preconceito em relação a esta sobremesa. Tal como o sushi, a cookie dough é crua e “massa crua assusta as pessoas”, então eles tentam explicar o que é como se tratando de um bolinho cremoso. Ainda é algo estranho para as pessoas, que permanecem, na grande maioria, reticentes.

Tudo começou quando a irmã da Nélia regressou de uma viagem aos EUA e, como souvenir, trouxe cookie dough de vários estabelecimentos. O par provou e, como já tinham pensado em abrir um negócio em conjunto, apostaram nisso, apesar de nunca lhes ter passado pela cabeça ser na área da restauração. Gostaram bastante e criaram a sua marca porque não encontraram ninguém a comercializar o produto em Portugal. Decidiram aperfeiçoar a receita e mexeram no açúcar, na manteiga, na densidade, até encontrarem a fórmula que consideram ser perfeita. Atualmente, as suas cookies levam dez ingredientes e três tipos de açúcar.  A história da Donnie Dough iniciou-se no verão de 2018, num jardim do Restelo. A cookie dough era inicialmente comercializada numa mota Piaggio dos anos 90, toda customizada por eles ao longo de três meses. Depois de muita bricolage, conseguiram lá encaixar uma microcozinha, onde apenas cabia um frigorífico e uma amostra de balcão. Após um quadrimestre nestas andanças e muitos eventos de street food depois, eis que chegou o inverno e a situação tornou-se insustentável. Passavam frio (chegaram a abrir o chapéu de sol quando chovia!) e a logística não era a melhor, pois faltava a variedade graças aos condicionamentos a que estavam sujeitos. No entanto, recordam os tempos da mota com o maior carinho: o ambiente era brutal e convidativo, com pistolas de água e badminton para os clientes jogarem ao som de música dos 90’s .

Legenda: Mota Piaggio dos anos 90, totalmente customizada pela e para a Donnie Dough! Foi onde tudo começou: do street food à loja no Príncipe Real.
Fonte: https://donniedough.com/

Perceberam que não chegariam onde queriam com a mota e decidiram abrir um espaço. Depois de muito tempo à procura, compraram a loja através do OLX. Queriam estabelecer-se numa zona conhecida, daí terem optado pelo Príncipe Real. Está aberta desde março na Rua dos Prazeres 10A. Depois de lá ter ido, entendi que priorizaram a decoração do cantinho.

Legenda: O piso de baixo da loja da Donnie Dough é um mundo aparte! Com um cantinho para badasses e outro para cool kids, são todos bem-vindos.
Fotografia de Michelle Coelho

Com uma enorme atenção aos detalhes, o João e a Nélia transformaram a Donnie Dough num refúgio para cool kids e badasses. A ideia inicial foi a de criar um espaço nostálgico, alusivo aos 80’s e 90’s, pois consideravam que seria o público principal. Por isso mesmo, encontramos objetos alusivos a estas épocas por toda a loja, como tazzos e tamagochis,

A preocupação acrescida não está apenas na decoração, mas também – e acima de tudo – nas iguarias. A Donnie orgulha-se de ter ingredientes de topo e todos os produtos passam por testes laboratoriais. O ovo fica fora da cookie dough para evitar o risco da salmonela, uma doença comum neste tipo de produtos. Os seus criadores sentem que não faz falta, pois serve apenas para dar consistência e cremosidade. Toda a comida é feita na loja, durante o dia ou no final.

Fotografia de Michelle Coelho

O produto de excelência é a cookie dough, servida com um shot de leite ou uma bola de gelado de nata e um topping à escolha. Os sabores da base da cookie são o clássico (apenas cookie dough), manteiga de amendoim com M&M’s, Oreo, Nutella e o sabor mistério – criações que fazem quando estão inspirados. Já os toppings podem ser M&M’s, Kinder, Kit Kat, Maltesers, Oreo, Milka, avelãs, pistácios ou marshmallows. O preço é 3,20€. Mas calma, têm outros clássicos americanos além desta bolacha peculiar: brownies (3€), bagels (entre o 1,90€ e os 6,80€) ou a famosa apple pie (3€) estão à tua disposição. Por 2€, podes também provar as bolachas já feitas, levadas ao forno. Não te preocupes com trocos, eles têm multibanco. Ainda não dispõem de uma versão para intolerantes ao glúten. Na eventualidade de não conseguires comer tudo, podes sempre armazenar no frigorífico! Tens uma semana para consumir o que guardaste, a menos que prefiras optar por levar ao forno e fazer a bolacha propriamente dita (espreita como fica na imagem abaixo!).

Fotografia de Michelle Coelho

O João e a Nélia vão aperfeiçoando a receita consoante o feedback do público, que nem sempre é positivo. A Donnie Dough é, para eles, um produto para fortes. “A nossa marca não é para conservadores e sim para cowboys.” Mesmo assim, a nota do Zomato é 4,3 (podes cuscar: https://www.zomato.com/pt/grande-lisboa/donnie-dough-pr%C3%ADncipe-real-lisboa). “Quando a malta entra, consegues logo perceber quem vai gostar e quem vai dar um 2 no Zomato. Torcem logo o nariz”, conta o João acerca dos clientes mais difíceis. Ainda assim, esforçam-se para que todos os clientes saim satisfeitos, tendo consumido produtos do seu agrado. A verdade é que a cookie dough é nada mais nada menos que “a powerful dessert, not made for pussies”, já dizia o Clint Eastwood (para entenderes a referência, terás de visitar a Donnie!).

Não obstante, muitos clientes dizem ser a melhor cookie dough que já provaram. Quanto a preferências, o João prefere o de manteiga de amendoim, mas a Nélia, tal como o público em geral, prefere o clássico. Foi exatamente esse que eu provei, com topping de Kinder e gelado de nata. A nossa fotógrafa provou o de Nutella, com topping de M&M’s, também acompanhado com gelado de nata. Vê como eram na seguinte fotografia:

Fotografia de Michelle Coelho

Foi a minha primeira vez a provar esta massa de bolacha e posso dizer que fiquei deliciada. Para mim, o gelado de nata fez toda a diferença, mas também podes optar por um shot de leite, um complemento “à americana”. Vem muito bem servido, mas não te esqueças de pedir uma bebida para saciares a sede – tens várias por onde escolher, como refrigerantes, milkshakes ou bebidas quentes. É um snack bastante diferente, ótimo para quem gosta de uma junção harmoniosa entre o salgado e o doce. Grande parte das pessoas obteve o primeiro contacto com a cookie dough através do gelado da Ben&Jerry’s. Em comparação, esse é demasiado doce e sabe demasiado a gelado, enquanto que na Donnie apostam mais no lado salgado.

O negócio está a correr bem. Apesar de estarem abertos das 9h às 19h – exceto segundas-feiras -, só saem de lá às 22h. A grande afluência é da parte da tarde e aos fins-de-semana. Por estas razões, estão a pensar mudar o horário para das 12h às 22h. Têm várias ideias, como servir cocktails, tornando o espaço mais pós-laboral, começar a vender a cookie dough embalada ou até comercializar noutros locais. A Donnie já está na UberEats e na Glovo, pelo que podes encomendar a partir dessas plataformas.  

O retorno da aposta nos flyers e nas campanhas do Zomato ficou aquém das expetativas. Apesar disso, o jardim onde tudo começou enchia aos fins-de-semana e foi vital para o negócio: os clientes da mota retornam todos. “75% das pessoas vai lá de propósito, 20% são turistas e 5% são locais”, afirma João. Atualmente, a grande aposta é na comunicação através do Instagram. As influencers têm ajudado ao crescimento da marca, bem como à sua divulgação.
Para ir à Donnie Dough de transportes públicos, basta sair na estação de metro do Rato ou apanhar algum autocarro, por exemplo, a partir da Rua de São Bento. Também podes levar o carro: o João e a Nélia levam-no todos os dias e não têm dificuldade em arranjar lugar para estacionar. A localização não tem o melhor acesso, mas tudo depende daquilo que estás disposto(a) a percorrer para provares esta novidade!

Fotografia de Michelle Coelho

Tentei descobrir quem é o Donnie Dough, mas permaneceu um mistério. Apenas me contaram que é uma personagem americana, o “santo padroeiro” da marca. Atreve-te a passar por lá e a descobrir quem está por detrás de tudo isto. Quando fores, grava todas as fotos que tirares para mais tarde publicares no Instagram, uma vez que a Donnie ainda não tem wi-fi.

Quanto a planos para o futuro, responderam-me: “o céu é o limite.” Uma coisa é certa: o João e a Nélia nunca permitirão que a Donnie Dough se torne monótona. Com toda a atenção que prestam às críticas e sugestões dos clientes, fazem o que está ao seu alcance para agradar a todos. Seja na adição de mais um bibelô ou na invenção de um novo sabor, a Donnie prima pela sua singularidade e atenção aos detalhes. Em conjunto, são várias as razões para visitares o espaço. Não esperes mais!

AUTORIA

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Depois de integrar a maioria das secções da revista, a Mariana ficou encarregue de incumbir esta paixão aos restantes membros. O gosto pela escrita esteve desde sempre presente no seu percurso e a licenciatura em Jornalismo veio exacerbar isso mesmo. Enquanto descobre aquilo que quer para o futuro, vai experimentando de tudo um pouco.