Milhares protestam contra o regime no Líbano
A grave crise económica que atinge o país tem levado as pessoas às ruas para se manifestarem contra o governo libanês.
“O povo quer derrubar o regime”: é o grito de protesto que se ouve nas principais localidades do país. Pelo quarto dia consecutivo, dezenas de milhares de pessoas juntaram se, de forma espontânea, para demonstrar o desagrado perante o modo como o país tem sido governado. São as maiores manifestações antigovernamentais a acontecer no Líbano nos últimos cinco anos.
A revolta das pessoas intensificou-se depois do anúncio de novos impostos como parte das medidas de austeridade para combater a crise que assombra o Líbano. A corrupção é também uma das razões que têm levado os manifestantes a sair para a rua. Segundo a Associated Press, os manifestantes dançaram, cantaram e agitaram bandeiras do Líbano nas ruas. O objetivo foi mostrar a “raiva crescente contra uma classe dominante que dividiu o poder entre si e acumulou riquezas durante décadas, mas pouco fez para regenerar uma economia em ruínas e deixou as infraestruturas degradadas”.
O clima político também tem estado instável nos últimos dias. No sábado, o líder libanês Samir Geagea abandonou o governo de coligação, ao qual se juntou a renúncia de quatro ministros. O primeiro ministro libanês, Saad Hariri, tem perdido cada vez mais apoios. Exemplo disso é o caso de Geagea, chefe do Partido das Forças Libanesas de direita, que afirmou já não acreditar que o atual Governo consiga retirar o país da profunda crise económica em que se encontra. “Estamos agora convencidos de que o governo é incapaz de assumir as medidas necessárias para salvar a situação. Em consequência, o nosso bloco decidiu pedir aos seus ministros para se demitirem”, declarou Geagea.
Para segunda-feira estão previstas novas manifestações. De forma a garantir a segurança dos funcionários, a Associação de Bancos Libaneses anunciou que vai manter encerradas todas as agências bancárias.
A dívida do país encontra-se em níveis nunca antes vistos. Neste momento ascende aos 77 mil milhões de euros, o que equivale a 150% do Produto Interno Bruto (PIB). Os políticos esperam agora alcançar rapidamente um plano de resgate económico que consiga acalmar a população.