Gelados e doughnuts sem leite ou ovos? É possível na Scoop ‘n Dough!
A poucas semanas de regressar a primavera, a ESCS Magazine traz-te uma sugestão para te encher as medidas (e a barriga) à hora do lanche: um gelado ou um doughnut (ou ambos, nós não julgamos!) da Scoop ‘n Dough.
As ideias começaram a fervilhar em 2016, mas foi só em maio do ano passado que abriram as portas perto do Coliseu de Lisboa. Localiza-se na Rua das Portas de Santo Antão nº78, 1150-269, Lisboa, uma zona de fácil acesso que permite fugir ao trânsito.
Ainda que por detrás das ‘cortinas’, toda a magia é feita no estabelecimento. Ao contrário do que seria de esperar, a Scoop ‘n Dough não possui uma fábrica em separado para produzir os seus doces – são todos confeccionados, armazenados e vendidos no mesmo local. A produção não pára em nenhum dia da semana e qualquer pessoa que entre consegue testemunhar o processo.
Afinal, o que é que distingue a Scoop ‘n Dough das demais gelatarias e donuterias espalhadas pelo país? A resposta é: a sua preocupação com a sustentabilidade e com o ambiente. Custa a acreditar, mas nenhum dos produtos leva qualquer ingrediente de origem animal. Leste bem! Nem mel, nem ovos, nem leite… Além disto, desde o início que se opuseram ao uso de plástico, pelo que, se quiseres aquela colher para o gelado, terás de pagar por ela. Optam, em vez disso, por material biodegradável. Regra-geral, conseguem escoar toda a produção, evitando o desperdício.
O objetivo, que era marcar pela diferença, tem-se revelado um desafio, nomeadamente na parte de confeccionar produtos de pastelaria sem ovos, por exemplo. Aumenta não só a demora da produção, como os seus custos. A Scoop ‘n Dough gaba-se da qualidade dos ingredientes utilizados e do reconhecimento dos consumidores. As suas sugestões são ouvidas e desejadas, de modo a conseguirem corresponder às expectativas de quem se desloca ao Rossio.
Mas quem está por detrás destes gelados e doughnuts vegan? E porquê apostar numa receita alternativa que, face à realidade atual, ainda se mantém dispendiosa? Foi Darchite Kantelal, 28 anos, quem decidiu apostar no cavalo certo. Foi há quatro anos que decidiu tornar-se vegan: “A minha família já era vegetariana e eu acabei por deixar de comer ovos e leite. Não estava de acordo com os meus princípios. Tomei esta decisão depois de ver Earthlings” (documentário narrado por Joaquin Phoenix, disponível no Youtube).
“Quando morava em Londres, 90% do que eu e a minha família comíamos era saudável. Para os outros 10% queria comer gelados, mas fartei-me de comer sorvetes”, contou-nos Darchite. Nem os doughnuts lhe enchiam as medidas. Sentia que precisava desta compensação açucarada, pois seguia uma alimentação saudável no resto do tempo. Certo dia, o seu pai perguntou, em tom de gozo, “Porque não abrimos uma gelataria?”. Rapidamente se aperceberam de que era uma ideia com pés e cabeça e decidiram dar seguimento ao mais recente negócio da família.
Darchite era nutricionista de profissão, o que lhe permitiu estar três anos a estudar as receitas e a ler sobre a ciência dos gelados. Depois de dois livros publicados, acabou por abandonar a nutrição, pois a tarefa de conciliar a área com a Scoop ‘n Dough – onde passa entre 14 a 18 horas – tornou-se impossível. São suas as únicas mãos que produzem os gelados, cujas receitas são segredo. Não tão secreto é o facto de comer gelados e doughnuts dia sim, dia sim!
Os gelados que confeciona são ‘estilo americano’ e não ‘estilo italiano’, explicou-nos. Qual é a diferença? “O que distingue um gelado bom de um menos bom é a quantidade de ar que leva”. O gelado americano, pelo qual optou, é mais denso e permite que sejam colocados pedaços dentro do próprio gelado e não como topping. Além disto, como seria de esperar, as bolas americanas são servidas com maior generosidade – pedimos uma bola (3,60€) que mais pareciam três. É ver (ou provar) para crer.
Todos são feitos à base de caju e coco. Os sabores best-seller são cookie dough e brownie. “Na Scoop são precisas 24h para fazer um gelado de raiz”, conta o dono, que tem o gelado de baunilha como seu predileto. Fomos compelidas a seguir a sua recomendação depois de sabermos que utilizam vagens e extrato de baunilha. Não tem nada que ver com o sabor artificial a que todos estamos habituados!
Os doughnuts, por sua vez, passam por um processo que dura 7 horas. O doughnut de eleição é o de caramelo salgado com natas de coco. Não esperávamos esta escolha, pelo que tivemos de provar para tentar entender. Honestamente, compreendemos. A massa brioche utilizada desfaz-se na boca de tão macia. Sabes que um doughnut está aprovado quando o terminas sem te sentires enjoado/a – e é o caso. Enquanto um doughnut com recheio custa 2,75€, um sem recheio custa 2,20€. Estão disponíveis sabores como chocolate belga, tarte de maçã, manteiga de amendoim com geleia, framboesa ou limão.
O estabelecimento não tem WC nem acesso fácil para pessoas de mobilidade reduzida. Além disto, tem apenas esplanada exterior – não existe um espaço interior com lugares sentados (por ser zona de confeção), o que faz com que exista um maior fluxo de clientes quando o tempo está agradável. É precisamente perante estas condições meteorológicas que te aconselhamos a ir. Contudo, mau tempo não é desculpa: podes sempre pedir pela Glovo ou UberEats!
A Scoop ‘n Dough surgiu como uma alternativa vegan para sobremesas que geralmente não o são. Têm vindo a cumprir a missão de marcar pela diferença, através da qual se pautaram desde o começo. Aproveita para visitar o espaço, que está aberto todos os dias da semana a partir das 12h, encerrando às 22h (segunda a quinta + domingo) ou às 23h (sextas e sábados). Boa sorte para a escolha entre provar um gelado ou um doughnut!
Artigo revisto por Ana Cardoso
AUTORIA
Depois de integrar a maioria das secções da revista, a Mariana ficou encarregue de incumbir esta paixão aos restantes membros. O gosto pela escrita esteve desde sempre presente no seu percurso e a licenciatura em Jornalismo veio exacerbar isso mesmo. Enquanto descobre aquilo que quer para o futuro, vai experimentando de tudo um pouco.