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Gelados e doughnuts sem leite ou ovos? É possível na Scoop ‘n Dough!

Fotografia de Sofia Nunes

A poucas semanas de regressar a primavera, a ESCS Magazine traz-te uma sugestão para te encher as medidas (e a barriga) à hora do lanche: um gelado ou um doughnut (ou ambos, nós não julgamos!) da Scoop ‘n Dough.

As ideias começaram a fervilhar em 2016, mas foi só em maio do ano passado que abriram as portas perto do Coliseu de Lisboa. Localiza-se na Rua das Portas de Santo Antão nº78, 1150-269, Lisboa, uma zona de fácil acesso que permite fugir ao trânsito.

Fotografia de Sofia Nunes

Ainda que por detrás das ‘cortinas’, toda a magia é feita no estabelecimento. Ao contrário do que seria de esperar, a Scoop ‘n Dough não possui uma fábrica em separado para produzir os seus doces – são todos confeccionados, armazenados e vendidos no mesmo local. A produção não pára em nenhum dia da semana e qualquer pessoa que entre consegue testemunhar o processo.  

Fotografia de Sofia Nunes

Afinal, o que é que distingue a Scoop ‘n Dough das demais gelatarias e donuterias espalhadas pelo país? A resposta é: a sua preocupação com a sustentabilidade e com o ambiente. Custa a acreditar, mas nenhum dos produtos leva qualquer ingrediente de origem animal. Leste bem! Nem mel, nem ovos, nem leite… Além disto, desde o início que se opuseram ao uso de plástico, pelo que, se quiseres aquela colher para o gelado, terás de pagar por ela. Optam, em vez disso, por material biodegradável. Regra-geral, conseguem escoar toda a produção, evitando o desperdício

Para evitar ao máximo o uso do plástico, as colheres utilizadas para a prova de gelados por parte dos consumidores são de metal. Assim, em vez de deitadas ao lixo, são lavadas e reutilizadas.
Fotografia de Sofia Nunes

O objetivo, que era marcar pela diferença, tem-se revelado um desafio, nomeadamente na parte de confeccionar produtos de pastelaria sem ovos, por exemplo. Aumenta não só a demora da produção, como os seus custos. A Scoop ‘n Dough gaba-se da qualidade dos ingredientes utilizados e do reconhecimento dos consumidores. As suas sugestões são ouvidas e desejadas, de modo a conseguirem corresponder às expectativas de quem se desloca ao Rossio. 

Mas quem está por detrás destes gelados e doughnuts vegan? E porquê apostar numa receita alternativa que, face à realidade atual, ainda se mantém dispendiosa? Foi Darchite Kantelal, 28 anos, quem decidiu apostar no cavalo certo. Foi há quatro anos que decidiu tornar-se vegan: “A minha família já era vegetariana e eu acabei por deixar de comer ovos e leite. Não estava de acordo com os meus princípios. Tomei esta decisão depois de ver Earthlings” (documentário narrado por Joaquin Phoenix, disponível no Youtube).

Fotografia de Sofia Nunes

“Quando morava em Londres, 90% do que eu e a minha família comíamos era saudável. Para os outros 10% queria comer gelados, mas fartei-me de comer sorvetes”, contou-nos Darchite. Nem os doughnuts lhe enchiam as medidas. Sentia que precisava desta compensação açucarada, pois seguia uma alimentação saudável no resto do tempo. Certo dia, o seu pai perguntou, em tom de gozo, “Porque não abrimos uma gelataria?”. Rapidamente se aperceberam de que era uma ideia com pés e cabeça e decidiram dar seguimento ao mais recente negócio da família.

Darchite era nutricionista de profissão, o que lhe permitiu estar três anos a estudar as receitas e a ler sobre a ciência dos gelados. Depois de dois livros publicados, acabou por abandonar a nutrição, pois a tarefa de conciliar a área com a Scoop ‘n Dough – onde passa entre 14 a 18 horas – tornou-se impossível. São suas as únicas mãos que produzem os gelados, cujas receitas são segredo. Não tão secreto é o facto de comer gelados e doughnuts dia sim, dia sim!

As bolas de gelado são muito bem servidas. Uma bola custa 3,60€, duas custam 4,70€ e três 5,80€.
Fotografia de Sofia Nunes

Os gelados que confeciona são ‘estilo americano’ e não ‘estilo italiano’, explicou-nos. Qual é a diferença? “O que distingue um gelado bom de um menos bom é a quantidade de ar que leva”. O gelado americano, pelo qual optou, é mais denso e permite que sejam colocados pedaços dentro do próprio gelado e não como topping. Além disto, como seria de esperar, as bolas americanas são servidas com maior generosidade – pedimos uma bola (3,60€) que mais pareciam três. É ver (ou provar) para crer.

            Todos são feitos à base de caju e coco. Os sabores best-seller são cookie dough e brownie. “Na Scoop são precisas 24h para fazer um gelado de raiz”, conta o dono, que tem o gelado de baunilha como seu predileto. Fomos compelidas a seguir a sua recomendação depois de sabermos que utilizam vagens e extrato de baunilha. Não tem nada que ver com o sabor artificial a que todos estamos habituados!

Com canela, sprinkles e framboesa ou o mais simples possível, são várias as opções de cobertura e recheio.
Fotografia de Sofia Nunes

Os doughnuts, por sua vez, passam por um processo que dura 7 horas. O doughnut de eleição é o de caramelo salgado com natas de coco. Não esperávamos esta escolha, pelo que tivemos de provar para tentar entender. Honestamente, compreendemos. A massa brioche utilizada desfaz-se na boca de tão macia. Sabes que um doughnut está aprovado quando o terminas sem te sentires enjoado/a – e é o caso. Enquanto um doughnut com recheio custa 2,75€, um sem recheio custa 2,20€. Estão disponíveis sabores como chocolate belga, tarte de maçã, manteiga de amendoim com geleia, framboesa ou limão. 

O estabelecimento não tem WC nem acesso fácil para pessoas de mobilidade reduzida. Além disto, tem apenas esplanada exterior – não existe um espaço interior com lugares sentados (por ser zona de confeção), o que faz com que exista um maior fluxo de clientes quando o tempo está agradável. É precisamente perante estas condições meteorológicas que te aconselhamos a ir. Contudo, mau tempo não é desculpa: podes sempre pedir pela Glovo ou UberEats!

Fotografia de Sofia Nunes

A Scoop ‘n Dough surgiu como uma alternativa vegan para sobremesas que geralmente não o são. Têm vindo a cumprir a missão de marcar pela diferença, através da qual se pautaram desde o começo. Aproveita para visitar o espaço, que está aberto todos os dias da semana a partir das 12h, encerrando às 22h (segunda a quinta + domingo) ou às 23h (sextas e sábados). Boa sorte para a escolha entre provar um gelado ou um doughnut!

Artigo revisto por Ana Cardoso

AUTORIA

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Depois de integrar a maioria das secções da revista, a Mariana ficou encarregue de incumbir esta paixão aos restantes membros. O gosto pela escrita esteve desde sempre presente no seu percurso e a licenciatura em Jornalismo veio exacerbar isso mesmo. Enquanto descobre aquilo que quer para o futuro, vai experimentando de tudo um pouco.