Moda e Lifestyle

Roupa, um instrumento de resistência

Com a morte do afro-americano George Floyd às mãos da polícia de Minneapolis, o movimento Black Lives Matter ganhou mais força. Por todo o mundo surgiram protestos contra o racismo. Algumas sondagens sugerem que este movimento pode ser o maior de sempre na história dos Estados Unidos da América.

Fonte: Skynews https://news.sky.com/story/black-lives-matter-protests-how-focus-differs-between-us-and-uk-12004259

Desde sempre que as roupas são usadas como forma de resistência. Um exemplo disso é retratado pelas sufragistas que utilizavam vestidos brancos como uma ferramenta de força para o movimento.

Black lives matter também não ficou indiferente. Vários manifestantes usaram camisolas com o nome do movimento estampado. Aos poucos, as marcas criaram linhas próprias de roupa para mostrar o seu apoio.

Freshjive relançou a sua camisola de “Black Is Not a Crime“. Todos os rendimentos são doados à Equal Justice Initiative (EJI), uma organização sem fins lucrativos que desafia a justiça racial e económica e protege os direitos humanos básicos das pessoas na sociedade americana.

As famosas camisolas do logótipo FG, Fear of God, fizeram uma homenagem a George Floyd, mudando o símbolo para GF. Todos os rendimentos foram doados ao Fundo Gianna Floydpara ajudar no sustento da sua filha de 6 anos.

Mas t-shirts de grandes marcas não são a única opção. Na Etsy, site online onde qualquer pessoa pode ter o seu pequeno negócio, é possível encontrar t-shirts, pins e até máscaras do movimento. Aqui, também se podem encontrar pequenos vendedores da comunidade negra, o que possibilita ajudar financeiramente e mostrar o apoio pelo movimento.

Infelizmente, o mundo da moda ainda tem muito que crescer. Recentemente, Edward Enninful, editor-chefe da Vogue britânica, falou da sua experiência em relação à discriminação que sofre no próprio local de trabalho. O mesmo acontece com muitos designers na indústria.

A Milan fashion week deu um pequeno passo: cinco estilistas negros apresentaram as suas coleções. O objetivo era mostrar a falta de diversidade na indústria da moda. Os cinco estilistas foram orientados por Stella Jean, estilista italiana que promove uma campanha contra o racismo. Entre os cinco encontrava-se Joy Meribe e Frida Kiza.

Joy Meribe, nascida na Nigéria, estudou moda em Itália. Tem uma coleção, Modaf Designs, que usa estampados africanos em seda e algodão, em vez do pano tradicional. Uma forma mais fácil de usar e integrar o guarda-roupa ocidental.

Fonte: Reutershttps://www.reuters.com/article/instant-article/idUSL8N2GP2RH

Fabiola Manirakiza mudou-se para Itália, vinda do Burundi. Formada em medicina, decidiu estudar design de moda. A estilista começou por criar pequenas coleções para ela e para os seus amigos. O feedback que recebeu foi tão positivo que em 2016 lançou a sua marca: Frida Kiza. A cultura e a arte italianas têm uma forte influência no seu design.

Fonte: Reutershttps://www.reuters.com/article/instant-article/idUSL8N2GP2RH

A indústria da moda tem um longo caminho a percorrer em relação à discriminação racial. Aos poucos, pequenas mudanças estão a ser feitas. De qualquer forma, todos nós podemos ajudar na mudança, começando por apoiar os pequenos designers e negócios.

Artigo revisto por Ana Sofia Cunha

Fonte da foto de capa: https://abcnews.go.com/Business/models-accuse-fashion-industry-falsely-portraying-inclusivity-amid/story?id=71926936