Marta Rodriguez: a escsiana com diferentes paixões
De pai cubano e mãe portuguesa, não tem oficialmente dupla nacionalidade, mas a veia latina está no seu sangue. Desde sempre que se habituou a viver longe de grande parte da família, que mora em Cuba e que só conhece através de videochamadas. “Antes não havia Internet em Cuba. Quando começou a haver, não havia redes sociais, então eu só falava por e-mail e não os via. Depois com o WhatsApp, o Facebook e o Skype começou a ser mais fácil”.
A vontade de ir a Cuba é grande. “É um local do qual sinto que faço parte. Sinto que sou mais cubana do que portuguesa”. Para além disso, sente que precisa de ir lá para, de certa forma, se descobrir e perceber o que quer mesmo fazer no futuro, visto que a sua família é composta maioritariamente por artistas: “São quase todos músicos. A veia artística está-me no sangue.” As atividades que desempenha são exemplo disso mesmo.
O seu nome é Marta Rodriguez e é finalista de Jornalismo na ESCS. A patinagem surgiu na sua vida de forma espontânea. “Desde pequena que gosto de experimentar coisas. Andei na dança e depois na patinagem e na ginástica acrobática ao mesmo tempo, o que foi uma loucura, porque não conseguia conciliar. Optei pela patinagem”. Foi através do pai de uma amiga da escola onde andava que surgiu o conhecimento desta atividade, mas nunca pensou em ganhar uma paixão tão grande.
Aos seis anos entrou para o Hóquei Clube de Sintra e até hoje pratica a patinagem artística. Para Marta, este “é um desporto muito completo” que a apaixona pela sensação de velocidade e de liberdade. Aquilo que mais a cativou para ficar neste desporto foi o primeiro esquema que realizou, onde pôde dançar uma música latina e utilizar um fato com cores quentes. “A patinagem deu-me imensas coisas boas: amigos; experiências; o conhecimento de vários pontos do país; a emoção das provas. Cresci enquanto pessoa e aprendi imensos valores”.
Dez anos depois, Marta era já das mais velhas do clube e foi aí que também começou a ser monitora. “A minha treinadora viu que eu tinha jeito com crianças e comecei a fazer alguns esquemas e a dar treinos aos mais pequenos.” A experiência como treinadora em competições, para Marta, foi “gratificante” e é por isso que tem o desejo de fazer um curso para ser treinadora oficial. “É uma oportunidade que quero agarrar. É um plano B. Eu tenho mil planos e se um der errado agarro-me a outro.”
Entretanto, o teatro foi outra atividade que entrou pelo meio. “Sempre tive o gostinho de representar”, afirma Marta. Para além de representar em casa para as visitas, sempre gostou de ver novelas e filmes, de pensar no que estava por detrás daquilo e de observar os desempenhos dos atores. Aos dez anos teve a oportunidade de exercer representação na escola como atividade extracurricular. Embora tenha apenas durado um ano, ainda conseguiu participar numa peça que a marcou: “Todo o processo de decorar o papel e de estar concentrada fez-me gostar mais de teatro.”
Foi só em 2016 que Marta encontrou um grupo para fazer teatro em Sintra, onde já participou em diversas peças e desempenhou vários papéis. “Adoro quando se tem de pesquisar para uma personagem e passar por esse processo de construção”. Marta revela que a confiança não é muita para ir a um casting, até porque sente que em Portugal as oportunidades no mundo da representação são dadas pela fama e pela beleza. No entanto, tem o interesse em correr atrás disso futuramente.
Apesar de parecer muito, estas não são as únicas ocupações da Marta. A paixão por aprender línguas novas faz também parte de si. Começou a aprender alemão no ensino secundário, mas o clique só se deu quando teve a oportunidade de fazer um intercâmbio na Grécia, onde conseguiu aprender um pouco de grego. Para além disso, começou ainda a aprender mandarim de forma autónoma. “Tem muito a ver com a minha paixão por cultura e história. Adoro viajar para ver museus ou ruínas.” Marta confessa ainda que, se conseguir, gostava de aprender árabe e russo, por ter um gosto por línguas difíceis.
O intercâmbio que fez na Grécia demonstra outra atividade feita pela estudante: o voluntariado jovem que começou em 2017 na Câmara de Sintra. Começou por realizar um voluntariado relacionado com o turismo na vila de Sintra, onde teve de se desenrascar com várias línguas. Mais tarde, surgiu então a oportunidade do intercâmbio, através do programa Generation Europe. “Trabalhámos temáticas como a cidadania, a democracia, os direitos humanos, etc. Estive em contacto com jovens de outras culturas e foi um processo de aprendizagem.” Para além disso, a Grécia é o berço do teatro e, por isso, esta foi uma experiência marcante para Marta.
Agora, o desejo é continuar a realizar este tipo de programas. “Inscrevi-me no Corpo Europeu de Solidariedade por causa do voluntariado internacional. Quero imenso fazer, mas ainda não encontrei um programa que possa conciliar com os meus estudos.”
Por falar em estudos, quem diria que, no meio disto tudo, Marta está a terminar a Licenciatura em Jornalismo. Confessa que a escolha foi complicada, porque estava indecisa entre esta área e tradução. “Sempre gostei da dinâmica da rádio e da televisão. Optei por jornalismo, porque pensei que em tradução ia estar limitada. Aqui há outras janelas abertas. Posso também estudar línguas à parte e obter bons certificados.” Marta admite que está a gostar do curso e a aprender muitas coisas, embora não saiba com certeza se é nesta área que vai trabalhar no futuro.
A questão que se coloca no meio de tudo isto é a conciliação das atividades com a escola. Para Marta, é algo difícil, mas algo com o qual já se habituou a lidar. “É isso que me caracteriza. Eu não sou eu se não estiver a fazer imensas atividades ao mesmo tempo. Constrói-me enquanto pessoa.” No entanto, nunca deixou que o seu ritmo frenético afetasse o seu desempenho escolar, sendo uma boa aluna. “Habituei-me assim: a ser perfeccionista naquilo que faço”. Contudo, confessa que o mais complicado é ter duas coisas para fazer no mesmo horário e ter de escolher, ou seja, abdicar de algo.
Mesmo dentro da ESCS não se limita a fazer o curso, tendo passado por diversos núcleos, como a ESCS FM e o 8ª Colina. Neste momento é também Presidente da ESCS Mais Limpa, o núcleo de sustentabilidade escsiano, onde admite que tem imenso trabalho para fazer. “Só não entrei em mais núcleos porque era impossível gerir. Mas os núcleos são excelentes, porque parece que já estamos a trabalhar.”
Assim sendo, Marta revela-se impaciente com quem lhe diz que não tem tempo para conciliar duas ou três atividades, afirmando que é apenas preciso organização do tempo. Para além de conseguir fazer todas estas atividades, não abre mão das suas oito horas de descanso à noite.
Quanto ao futuro, afirma que este é incerto, embora saiba que quer tirar um Mestrado e continuar os seus estudos. “Se pudesse escolher uma área onde fazer uma carreira consolidada era no teatro e cinema, ou seja, a representar.” A certeza que Marta tem neste momento é a de que vai continuar a sair da sua zona de conforto e a experimentar coisas novas, porque é isso que nos leva a descobrir quem somos e do que gostamos.
Artigo escrito por: Inês Vara
Artigo revisto por Miguel Bravo Morais
AUTORIA
Desde pequena que sempre gostou de escrever histórias, de falar pelos cotovelos e de ler. Imagina-se numa grande rádio ou a ser pivô na televisão. Mas foi também na infância que descobriu uma das suas maiores paixões: a dança. A vida levou-a ao curso de Jornalismo, mas é a dançar que melhor consegue transmitir uma mensagem aos outros. Onde o futuro a vai levar não sabe, mas uma coisa é certa: quer comunicar, seja por que meio for.