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Viana do Castelo: Quem gosta, vem. Quem ama, fica.

Reza a lenda que o nome da cidade teve origem num grito de alegria de um cavaleiro apaixonado por uma princesa de nome Ana. Após uma longa espera e ao avistar a princesa na varanda do castelo, o cavaleiro terá gritado “Vi Ana do Castelo”.

Viana do Castelo, cidade no norte do país, carrega história e beleza nas suas ruas e áreas naturais.

Cidade que fica no coração

No centro histórico predominam majestosos edifícios dos estilos manuelino, barroco e revivalista. Com construções datadas a partir do século XV, andar por Viana é andar pela História.

No coração da cidade, a Praça da República, palco de diversos eventos culturais, é lar dos Antigos Paços do Concelho, da Igreja da Misericórdia, antigo Hospital da Santa Clara da Misericórdia, e do famoso chafariz.

Praça da República.
Fonte: Luísa Soares

Ao virar da esquina, é possível visitar a de Viana. A Igreja construída no século XV tem influências góticas e inspiração românica. Apresenta uma fachada imponente: as torres enquadram a entrada da igreja e o ponto de fuga é a rosácea de moldura rendilhada logo acima do portal ogival.

Sé de Viana do Castelo
Fonte: EuroVelo

Descendo a Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, podes parar para desfrutar da famosa receita de bola de berlim da Pastelaria Zé Natário com uma vista graciosa para a Praça da Liberdade mais ao fim da avenida. 

Avenida dos Combatentes da Grande Guerra.
Fonte: Olhar de Viana do Castelo

Numa curta caminhada até o Rio Lima, os moradores e visitantes podem desfrutar de um longo jardim recheado de cafés ou sentarem-se junto à água, apreciando o rio doce de nome ácido enfeitado pela Ponte Eiffel. As escadas mesmo ao pé do rio – ou “marina” para quem é de lá – foi sempre o lugar onde, sendo planeado (ou não), eu e os meus amigos íamos parar. Fosse para conversar sobre as coisas mais banais, para ver o pôr do sol colorido refletindo-se na água ou só quando era preciso um lugar para esperar que o tempo passasse, era sempre para a “marina” que íamos.

Fonte: Mariana Sá

Ainda no centro, o Navio-Hospital Gil Eannes é uma atividade diferente e interessante – eu mesma já fui visitar quatro vezes. O navio parado na antiga doca comercial de Viana é um espaço museológico que nos permite ver como eram as salas de operação, salas de enfermagem e de recuperação, a cozinha e até a parte da maquinaria pesada.

De toda a cidade é possível apreciar no alto do monte de Santa Luzia o Santuário do Sagrado Coração de Jesus. Popularmente conhecido como Templo de Santa Luzia, este é o monumento mais emblemático de Viana do Castelo. Quem decide subir até a Igreja de carro, elétrico ou pelos 659 degraus que formam o escadório encontra uma vista de tirar o fôlego sobre a cidade. Da autoria do arquiteto Miguel Ventura Terra, é um ótimo exemplo de arquitetura revivalista que agrega elementos neorromânicos, neobizantinos e neogóticos.

Templo Santa Luzia.
Fonte: Luísa Soares
Escadaria do Templo de Santa Luzia
Fonte: Mariana Sá

Bucólico Vianense

Não é só pelas belezas arquitetónicas que Viana se diferencia.

Nos limites da zona histórica de Viana é possível visitar o Parque Ecológico Urbano de Viana do Castelo, no Parque da Cidade. Nos 20 hectares de um manto verde, os pontos altos são os observatórios, os passadiços e as grandes espreguiçadeiras espalhadas por uma das zonas do parque. Esse último é, para mim, a melhor parte. Escolher sempre a espreguiçadeira mais afastada e protegida pelas árvores era de lei; nunca faltou um bom livro ou uma boa companhia nesses momentos.

Parque Ecológico Urbano
Fonte: Mariana Sá
Parque Ecológico Urbano
Fonte: Mariana Sá

Junto à costa é possível percorrer o Geoparque Litoral de Viana do Castelo. O percurso pedestre que se estende até Valença conta com 13 áreas classificadas como Monumentos Naturais. Nesse caminho – perfeito para se fazer a pé ou de bicicleta – é possível visitar geossítios, praias, moinhos de vento e o Forte de Rego de Fontes.  No percurso, sente-se a brisa fresca comum de Viana e o cheiro típico da maresia. É um plano ótimo para os momentos de refúgio aos barulhos citadinos.

Geoparque Litoral.
Fonte: Luísa Soares
Geoparque Litoral.
Fonte: Luísa Soares

Mais afastado do centro, as “piscinas” naturais de águas cristalinas são também um bom destino para quem gosta de um momento tranquilo no meio da natureza. O Poço Negro, na zona de Areosa, e a Cascata do Pincho, em Montaria, são dois exemplos. Pessoalmente, o meu preferido é o Poço Azul, em Cabanas. Por ser a menos frequentada, sempre foi o local perfeito para ir com as minhas amigas, principalmente nos dias mais quentes de verão.

Poço Negro.
Fonte: Luísa Soares
Poço Negro.
Fonte: Arquivo pessoal
Poço Azul.
Fonte: Arquivo pessoal
Poço Azul.
Fonte: Geoparque Litoral de Viana do Castelo

Romaria

É no mês de agosto que a cidade vive dias intensos de romaria. Desde 1772 que, em Viana do Castelo, os pescadores fazem o pedido de proteção à Senhora da Agonia. O evento anual em honra à santa traz pessoas de diversas partes do país para assistir ao mesmo.

A cidade é toda enfeitada com luzes e algumas ruas são decoradas com extensos tapetes de sal e flores. Na programação da Festa d’Agonia está incluída a procissão ao mar e as ruas da Ribeira, o Desfile da Mordomia, o show de pirotecnia e o Cortejo Histórico e Etnográfico. Por toda cidade, mas principalmente no cortejo e na procissão, encontramos mulheres com o lindo traje à vianesa e muitos colares de ouro a enfeitar o pescoço.

Fonte: Mariana Sá

Os bombos acompanhados pelas gaitas-de-foles preenchem o ar da cidade. Sente-se as batidas do coração a sincronizar-se com as batidas no couro. E quando não há concertos musicais, as caixas de som espalhadas pela avenida não deixam faltar um bom fado, principalmente Havemos de ir a Viana, de Amália Rodrigues.

Fonte: Mariana Sá
Fonte: Miro Cerqueira/Público
Fonte: Gualberto Boa-Morte/Público
Fonte: Sérgio Iglésias/Público

Morar nesta cidade foi sinónimo de conhecer e viver muitas coisas bonitas. A cidade e os seus habitantes são acolhedores e é sempre um bom destino em qualquer altura do ano. Por isso, não esperes mais para conhecer Viana do Castelo e criar memórias lá.

Artigo revisto por Carolina Rodrigues

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