Cinema e Televisão

Manoel de Oliveira: O Adeus ao Mestre

“O meu público é aquele que vai ver os meus filmes. O Cinema dá-nos a visão da Vida. E a Vida é um Mistério”
Manoel de Oliveira
Manoel de Oliveira

O Cinema Português perdeu o seu grande realizador. Manoel de Oliveira faleceu aos 106 anos. Era o realizador em actividade mais velho do mundo e o único que assistiu às passagens do Cinema mudo ao sonoro e de a preto-e-branco ao colorido.

Em 1982, o realizador rodou “Vista ou Memórias e Confissões”, um filme com texto de Agustina Bessa-Luís, que o próprio quis que fosse exibido publicamente apenas após a sua morte. O filme deverá ser exibido no final de Abril ou início de Maio.

O último filme do realizador foi a curta-metragem “O Velho do Restelo”, considerada como uma reflexão sobre a humanidade estreada em Dezembro de 2014.

A ESCS MAGAZINE esteve à conversa com várias personalidades do Cinema Português que reagiram à morte do cineasta.

“Queríamos todos que Manoel de Oliveira fosse eterno.”
Maria do Céu Guerra, Actriz

“Para nós [Academia portuguesa de Cinema] é, de facto, uma grande perda, mas ao mesmo tempo é lembrarmo-lo no dia em que nós celebramos o Cinema.”
Paulo Trancoso, Presidente Academia Portuguesa de Cinema

“É com uma grande pena e dor que vemos partir um realizador e personalidade tão brilhante do nosso Cinema. Deixou um trabalho absolutamente genial que nós vamos recordar para sempre.”
Soraia Chaves, Actriz

“Nós devemos é festejar o Manoel de Oliveira, que é um homem que morre aos 106 anos e tem uma carreira extraordinária que atravessa um século, que nunca desistiu, ele teve várias razões para desistir de fazer cinema e nunca desistiu. Filmou até ao fim, e, como tal, ele é um exemplo de perseverança, que é muito raro acontecer em Portugal.”
Vicente Alves do Ó, Realizador

“Foi uma pessoa extremamente importante, atravessou tudo o que há para atravessar no Cinema, desde o Cinema a preto-e-branco, cinema mudo, até ao digital. Eu acho que Manoel de Oliveira com 106 anos não morreu, ele foi descansar.”
Sílvia Rizzo, Actriz

“É uma perda enorme, é admirável a postura dele em toda a sua vida, de trabalhar até morrer (…) ainda bem que esteve por cá tantos anos”
Lúcia Moniz, Actriz e Cantora

“É muito triste, inesperado de alguma forma, apesar de já ter 106 anos. Para mim foi inesperado ter sido hoje e estamos todos ainda a tentar digerir perdermos um realizador como ele.”
Joana Verona, Actriz

“Lamentação, porque precisamos de ter mais Manoeis de Oliveira.”
Eunice Muñoz, Actriz

“Ele é o mestre. Acho que ele não morreu, ele está sempre cá com a obra dele. A nova geração tem que ir à frente e ver a obra dele. Cada um tem o seu tempo e ele durou imenso e fez coisas maravilhosas. Mas agora acho que há uma nova geração que tem que viver com o modelo do Manoel de Oliveira.”
Ruben Alves, Realizador

“O comentário que faço hoje sobre o Manoel de Oliveira era o mesmo que faria quando ele estava vivo. Estes comentários e inscrições póstumas são muito marcadas por um oportunismo cultural, se não for por outros oportunismos. Portanto, para mim, Manoel de Oliveira foi em vida exactamente o que foi ou está a ser agora depois de morto. E recordo uma frase dele muito interessante, quando disse, há algum tempo, que em Portugal era mais conhecido pela idade do que pela obra. Acho que tudo isto diz também a ideia que ele tinha do país onde vivia.”
Júlio Isidro, Apresentador

“O legado fala por ele. Resta-nos revisitar os filmes que ele nos deixou. Eu, particularmente, sou fã do Vale Abraão, da Caixa, filmes mais antigos dele. O aspecto contemplativo dele que muitos criticam, eu sempre gostei muito da estética do Manoel de Oliveira. E é o cineasta mais conhecido em Portugal e que continuou a trabalhar até aos 106 anos, de maneira que o melhor que temos de fazer para o homenagear é repormos os filmes dele nas salas e revermos os filmes.”
Jorge Corrula, Actor

“Como ele dizia, temos que ter muita fé e ele deu-nos grandes prendas e vai-nos continuar a oferecer a inspiração dele.”
Anabela Teixeira, Actriz

“Foi uma pessoa que sempre viveu de acordo com as suas expectativas, com os seus sonhos. Conseguiu realizar tudo aquilo que queria, todos os seus projectos. Viveu muito, bem e feliz. Isso é aquilo que qualquer ser humano pode desejar.”
Fernanda Serrano, Actriz

“Eu estreei-me no Cinema com Manoel de Oliveira, no Vale Abraão. Para mim é um dia muito triste, apesar de achar que só conseguimos encontrar razões para celebrar, porque com a idade que ele tinha e a manter-se no activo da maneira como ele se manteve, acho que é um milagre da vida e eu sinto-me muito grata por termos tido uma pessoa com a energia que ele teve para filmar até ao fim.”
Dalila Carmo, Actriz

AUTORIA

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Jaime Lourenço nasceu em 1993 e estuda Jornalismo. Desde muito cedo que adquiriu o gosto pela escrita e pelo universo do jornalismo. Aos 12 anos publicou o seu primeiro artigo no jornal Gazeta Escolar e passou a exercer funções no mesmo jornal. A partir daí o seu gosto pelo mundo dos media foi crescendo bem como a sua capacidade criativa e de redacção. É licenciado em Relações Públicas e Comunicação Empresarial pela Escola Superior de Comunicação Social. Actualmente além de estar a frequentar o Mestrado de Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social, é apresentador do programa de televisão E2 e tem participado em vários projectos e formações profissionais relacionadas com os Media. Em Maio de 2014 publicou o primeiro livro da sua autoria.