Literatura

Desenhadores de Palavras: Sophia de Mello Breyner

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Sophia de Mello Breyner Andresen, filha de Maria Amélia de Mello Breyner e de João Henrique Andresen, nasceu no Porto a 6 de Novembro de 1919.

Maria Amélia era neta do conde Henrique de Burnay e filha de Tomás de Mello Breyner, conde de Mafra, médico, e amigo do rei D. Carlos.

Do lado paterno, tem ascendência dinamarquesa, tendo sido o seu bisavô, Jan Heinrich Andresen, quem veio para Portugal, mais precisamente para o Porto. Aí, João Henrique comprou a Quinta do Campo Alegre, em 1895, que é hoje o Jardim Botânico do Porto.

Colaborava na revista “Cadernos de Poesia” e quando frequentava Filologia Clássica na Universidade do Porto (curso que não chegou a concluir), entre 1936 e 1939, foi dirigente de movimentos universitários católicos. Apoiava o movimento monárquico, denunciando o salazarismo, e tornou-se uma grande figura na atitude política liberal – em 1975 seria eleita para a Assembleia Constituinte, pelo círculo do Porto, numa lista do Partido Socialista.

Em 1946 casou com Francisco Sousa Tavares, jornalista, político e advogado, e teve com ele cinco filhos (entre eles, o jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares).

Sophia escreveu catorze livros de poesia, mas também contos (“Contos Exemplares”), histórias infantis, artigos, ensaios e peças de teatro, e traduziu Shakespeare, Eurípedes, Dante, Claudel, e, para a língua francesa, alguns autores portugueses.

Na sua poesia, encontramos muitas vezes a infância e a juventude, o Mar (podemos encontrar muitos dos seus poemas sobre este tema no Oceanário de Lisboa), a Cidade (muitas vezes em contraste com o campo) e o Tempo. Destacava a importância das casas na sua infância, descrevendo muitas vezes ao pormenor as casas de que gostava para que a memória delas não se perdesse.

A escritora afirmava que a poesia lhe acontecia, como a Fernando Pessoa, que é muitas vezes evocado nos seus poemas. Dizia ter encontrado a poesia antes de saber que havia literatura e que achava que os poemas não eram escritos por ninguém, que existiam por si mesmos. Nunca escrevia de manhã porque precisava “daquela concentração especial que se vai criando pela noite fora”.

Entre muitos outros prémios, Sophia de Mello Breyner recebeu, em 1964, o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, pelo “Livro Sexto”; em 1999, foi a primeira mulher portuguesa a receber o Prémio Camões; e em 2003 ganhou o Prémio Rainha Sofia.

A 2 de Julho de 2004, Sophia faleceu no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, com 84 anos. Foi sepultada no Cemitério de Carnide, mas actualmente encontra-se no Panteão Nacional, para onde foi transladada a 2 de Julho de 2014.

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