Ser ou não ser, é essa a questão – Hamlet, Teatro Joaquim Benite
Sábado à noite e estava eu de rumo a Almada, ao Teatro Municipal Joaquim Benite, para assistir a Hamlet, peça integral, de William Shakespeare, encenado por Luís Miguel Cintra.
Eu sabia que não era uma peça qualquer, pois já tinha feito o meu trabalho de casa. A tradução da obra é de Sophia de Mello Breyner Andresen, que ofereceu pessoalmente um exemplar da sua tradução ao ator e encenador da peça. Este guardou-a durante vários anos sempre com o desejo de a levar a cena e a oportunidade surgiu este ano, pela voz de Guilherme Gomes, o Hamlet mais jovem do teatro português, com apenas 22 anos.
Pairava uma grande incerteza no ar sobre se seria exequível um ator tão novo num papel tão complexo como o de Príncipe da Dinamarca, mas não há sombra para dúvidas de que a espera compensou e que Luís Miguel Cintra continua a corresponder às expectativas no que toca ao elenco, à encenação, ao espetáculo. Após este papel, o ator, Guilherme Gomes, é já apontado como uma das grandes promessas do teatro português e sucessor do legado de Luís Miguel Cintra.
Hamlet, para os mais distraídos da literatura, consiste num assassínio encomendado pelo fantasma do pai do Príncipe da Dinamarca. Mais do que isso, é um duelo de valores que se mantém exímio até aos dias de hoje.
O público não dá pelas quatro horas de peça a passar, por entre gargalhadas bem dadas, humor inteligente, um belíssimo cenário concebido por Cristina Reis e um fortíssimo duelo de moralidade. Não há como sair indiferente de este Hamlet, onde o pensamento humano e a consciência deste são trabalhados de modo a que ninguém saia igual.
Hamlet estará em cena no Teatro Joaquim Benite até 15 de novembro, quartas e quintas, às 20h, sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 16h. O bilhete custa 13€.