Review: Estagiário
Robert De Niro mostra-nos n’ O Estagiário, da realizadora Nancy Meyers, uma personagem diferente daquilo a que nos habituou.
A sua personagem, Ben Whittaker, é um homem de 70 anos, reformado, viúvo, cuja vida se tornou um pouco aborrecida. Insatisfeito com a inatividade do seu dia-a-dia, Ben candidata-se à posição de estagiário sénior na “About the Fit”, uma empresa que vende roupas online. Ele rapidamente é aceite para o cargo e vê-se como estagiário da CEO, Jules Astin (Anne Hathaway). Jules é uma clara empresária do século XXI, com ideias bem definidas de como gerir o seu negócio e que, inicialmente, não gosta da ideia de ter um estagiário.
Enquanto não consegue servir Jules da forma que quer, Ben é obrigado a aprender a trabalhar online, algo que para ele é um mistério. Robert De Niro consegue captar perfeitamente a essência de alguém que não está habituado a um mundo que para nós é tão simples e banal. Mas não pensem que este espanto com a era digital dura muito tempo – Ben aprende rapidamente as coisas mais básicas e mostra-se uma pessoa atenta e competente, disposta a ajudar e a aconselhar todos; afinal de contas, a sua experiência de vida é uma mais-valia junto de personagens tão novas.
Ao mesmo tempo que Ben se adapta ao ritmo da empresa, Jules mostra-nos que é uma personagem focada e ambiciosa, que sabe claramente a maneira como quer gerir o seu negócio. Ela é apanhada de surpresa quando Cameron (Andrew Rannells) a informa de que os investidores da empresa querem contratar um novo CEO.
É nesta fase da vida de Jules que Ben a consegue conquistar com pequenos gestos de apoio que a fazem perceber que afinal ele não é assim tão mau. O primeiro momento em que as duas personagens realmente se envolvem é bastante bem interpretado por Robert De Niro e Anne Hathaway, que conseguem certamente colocar um sorriso no rosto de qualquer espectador.
Jules é o rosto de um tópico que eu adorei – a forma como uma mulher de sucesso lida com uma empresa em expansão ao mesmo tempo que tenta arranjar tempo para o seu marido, Matt Astin (Anders Holm), e para filha, Paige Astin (JoJo Kushner). Conciliar a vida em casa e a vida no trabalho mostra-se complicado e é em Ben que Jules encontra um suporte. Ele admira-a genuinamente e utiliza a sua experiência e o seu conhecimento para a fazer compreender que em certas alturas temos de ir atrás daquilo que queremos sem medo de falhar. Assim, Ben ajuda-a a ver o trabalho e as suas relações de outra maneira ao mesmo tempo que, sem surpresas, se aproxima da família dela. A proximidade que Ben cria com Paige é adorável e levou-me a sentir aquela ligação entre um avô e uma neta.
Uma das coisas que mais me surpreenderam pela positiva foi a relação de Ben com os seus colegas mais novos. Ele aproxima-se de Lewis (Jason Orley), Jason (Adam DeVine) e Davis (Zach Pearlman) e juntos interpretam uma das cenas mais cómicas do filme. Estas personagens secundárias deviam ter sido mais desenvolvidas, porque, a meu ver, teriam muito a acrescentar à história.
O filme é durante a maior parte do tempo inteligente, engraçado e doce mas esperava algo mais. A meio senti-me um pouco desinteressada pela história que não se afastava muito do cliché habitual. Apesar disso, é um bom entretenimento para toda a família, que nos mostra que não importa se temos 70 anos ou se estamos no auge da vida: há sempre novas oportunidades na vida e no amor, basta lutar por elas.