A incógnita do próximo governo e o Presidente entre as flores da Madeira
O próximo governo de Portugal continua a ser uma incógnita para o país, mas nas ruas cada partido lá vai puxando a corda para o seu lado. Do lado da esquerda, considera-se uma “irresponsabilidade” manter governo em gestão. A direita não se prenuncia.
As declarações de Catarina Martins hoje, no Porto, vêm no seguimento do que disse o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, ontem, aos jornalistas, quando afirmou que também ele governou cinco meses em gestão e tomou decisões importantes para o país, não sofrendo este com uma governação minoritária, deixando o alerta das duas crises politicas que Portugal viveu em 1987 e em 2011.
A líder bloquista considera um erro dar-se posse a um governo minoritário e que o novo governo “tem de sair da maioria de esquerda” que existe na Assembleia da República, dado que só dessa maneira o país poderá ter estabilidade governativa.
Para Catarina Martins, esta aliança à esquerda respeita o voto dos portugueses, que “votaram em partidos que constituem uma nova maioria na Assembleia da República e que tem uma solução de governo estável, credível e duradoura”.
Enquanto isto, o Presidente da República continua na Madeira, no roteiro de dois dias sobre a Economia Dinâmica da ilha. Falou de peixe, contas e bananas, num incentivo ao aumento de produção para melhorar a economia da ilha, mas nada de política. Nestes dois dias, o governo fica sentado na fila de espera do supermercado. Hoje ainda está marcado o regresso do Presidente, que amanhã se reúne com os maiores bancos de Portugal.
Sobre isto, Catarina Martins defende que o Presidente tem direito a ouvir todas as vozes que quiser, mas deixa o aviso: “os banqueiros não foram a votos”. A líder do BE reforçou ainda a ideia de que o voto de um banqueiro não vale mais que o voto de cada eleitor.
Catarina Martins considera que se deve “respeitar a vontade popular, ou seja, o resultado que saiu das eleições”, confirmando que há “neste momento em Portugal uma nova vontade popular, uma nova maioria”, respondendo ao “nervosismo” da direita em relação à nova coligação formada por PS, BE e PCP. Para a bloquista é compreensível que haja governos minoritários ou maioritários, governo de coligação ou de um só partido ou ainda governos com o apoio da Assembleia da República, desde que se respeite sempre a vontade dos eleitores e, para a bloquista, essa vontade está na nova maioria formada à esquerda no Parlamento.
Também Sampaio da Nóvoa, candidato à Presidência da República, prenunciou-se sobre este assunto, considerando que falar de governos de gestão em 1987 e 2011 “é comparar o incomparável” dado que a situação atual não tem nada a ver com a situação que se viveu nesses anos. O candidato deixa a crítica: “manter um governo de gestão não é decisão nenhuma”.
Estas declarações surgem no dia em que o Ministério Público quer medidas mais duras para Miguel Macedo. O ex-ministro da Administração Interna está acusado de quatro crimes no processo dos “vistos gold”, sendo eles: três por prevaricação por titular de cargo político e um por tráfico de influências.
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