Redes sociais turcas bloqueadas
O acesso aos WhatsApp, Youtube, Twitter e Facebook na Turquia foi bloqueado esta sexta-feira, tal como várias VPNs (redes de comunicações privadas construídas sobre uma rede de comunicações pública), escreve o TurkeyBlocks – um site turco especializado na monitorização em tempo real da liberdade na internet -, que afirma que também houve restrições no acesso ao Instagram e ao Skype. As interrupções devem-se a limitações de largura de banda, um “estrangulamento” através de servidores nacionais, como a TTNet ou a Turkcell.
Apesar de ainda não haver confirmação de ter sido uma decisão do Governo, o bloqueio aconteceu horas depois de aquele ordenar deter dois líderes e pelo menos 13 deputados do partido pró-curdo HDP (Partido Democrático do Povo), devido a recusarem testemunhar sobre o seu alegado apoio a “crimes de propaganda terrorista”, segundo Ancara, que acusa o HDP – a terceira maior força no Parlamento, com 59 deputados de quinhentos e cinquenta – de ligações aos militantes do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), grupo que o Governo turco considera terrorista. Em reação a estas detenções, a organização curda anunciou que ia intensificar a revolta contra o Estado, e o partido HDP pediu no Twitter, antes de ocorrerem os cortes nas redes sociais, que “a comunidade internacional reaja contra o golpe do regime de Erdogan”.
O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, não confirmou que o bloqueio tenha sido da responsabilidade das autoridades turcas, mas reconheceu que é possível recorrer a essas medidas, “por razões de segurança”. O governante acrescenta ainda que estas medidas “são temporárias” e que assim que a ameaça for eliminada “vai tudo regressar ao normal”.
As restrições ao uso da internet têm aumentado na Turquia, para controlar a cobertura de incidentes políticos por parte dos media – uma nova forma de censura a curto prazo. Por várias vezes o Governo turco já interferiu nas redes sociais (em 2014, o presidente, Recep Tayyip Erdogan, mandou encerrar o Twitter), tal como na liberdade de imprensa (nos últimos meses foram encerrados cento e setenta meios de comunicação social e estão detidos mais de 125 jornalistas).