A batalha de Mossul: Ataque ao último reduto do Daesh no Iraque.
Na passada quarta-feira, dia 2 de novembro, forças iraquianas entraram na cidade de Mossul numa batalha que visa retirar do Daesh o controlo do último bastião do autoproclamado Estado Islâmico no Iraque. O exército iraquiano, com o auxílio a norte do exército curdo dos peshmerga e com o apoio aéreo da coligação francesa e americana, conseguiram tomar controlo da estação televisiva da cidade, no bairro de Gogjali, a leste de Mossul.
Esta ofensiva é de extrema importância para o Iraque, que pouco a pouco tem vindo a reconquistar o território perdido para o Daesh em 2014. Este cerco, que se tem vindo a intensificar nas últimas horas, com avanços de forças blindadas iraquianas a sul da cidade, espera, no entanto, encontrar forte resistência à medida que se aproxima do centro.
Por sua vez, a norte da cidade, onde os avanços são mais consideráveis, as forças peshmerga consolidam posições e aguardam por avanços das forças de elite iraquianas a sul. Este grupo de forças armadas curdas não tem, no entanto, autorização para entrar na cidade pois o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, teme retaliações contra a população sunita que apoiou o Estado Islâmico.
Segundo diversas organizações não-governamentais, os combatentes do Estado Islâmico – que contam com cerca de 3 mil a 5 mil guerrilheiros dentro da cidade – terão consigo milhares de civis que pretendem usar como “escudo humano” no decorrer dos combates. Este é um problema que pode causar uma grave crise humanitária, visto que a cidade e a sua periferia contam mais de um milhão e meio de habitantes que neste momento se encontram debaixo de fogo cruzado. A Amnistia Internacional alerta, “usar civis para se escudarem de ataques é um crime de guerra. E mesmo nos casos em que combatentes do EI estejam a usar civis como escudos humanos, tal não isenta as forças iraquianas e a coligação aliada da obrigação de tomarem todas as precauções exequíveis para minimizarem os danos nas populações civis e evitarem lançar ataques que possam causar danos desproporcionados aos civis”.
É relevante também entender a importância de Mossul para o Estado Islâmico, é uma cidade com um valor simbólico muito grande, pois foi nessa mesma cidade em que Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do movimento, proclamou o início do califado. Nesta quinta-feira, 3 de novembro, Abu Bakr al-Baghdadi lançou uma gravação onde apela à população local a reagir e retaliar contra “os inimigos de Deus”, e aos combatentes suicidas a destruir “as cidades dos descrentes”. Nessa mesma gravação aponta aí a sua mira à Turquia e aos seus soldados, apelidando-os de “aliado de ateus”, e solicita aos seus militantes que “libertem o fogo da sua raiva” sobre os soldados turcos.
Apesar da velocidade surpreendente a que decorre esta investida é sabido pelas forças da coligação que Mossul possui uma extensa rede de túneis e de posições estratégicas fortificadas no seio da cidade. Por isso, vários são os especialistas que partilham a opinião de que esta operação ainda irá demorar muito tempo, à medida que as forças iraquianas vão avançando, é previsível que as forças do Daesh intensifiquem a defesa da cidade.