Editorias, Opinião

A culpa (também) é nossa

Os acontecimentos do dia 13 de Novembro de 2015 ficarão, para sempre, marcados na memória de todos nós como um atentado à liberdade. No entanto, e não me interpretem mal, a culpa daquilo que aconteceu ontem no Bataclan ou no Charlie Hebdo também é europeia.

11 de Setembro de 2001
Naquele dia, os “todo poderosos” Estados Unidos da América sofriam o mais violento e sangrento ataque de que há memória. George W. Bush, então presidente, decide, em retaliação para com a AL-QAEDA, invadir o Iraque e derrubar o ditador Saddam Hussein. A invasão norte-americana tinha como pretexto a suposta existência de armas de destruição maciça. Até ao dia de hoje, pelo menos que seja do meu conhecimento, nada foi encontrado.

O erro não foi apenas do presidente George W. Bush; a Europa também teve, naturalmente, a sua quota parte de culpa. Começava, naquele trágico ano de 2001, um pesadelo que não tem fim à vista.

Passando um pouco do filme à frente…

1 de Maio de 2011
Barack Obama anuncia à nação americana que Osama Bin Laden foi morto na sequência da operação lança de Neptuno. O mundo, quiseram-nos fazer acreditar, poderia estar descansado no que ao terrorismo diz respeito. Não poderiam, aqueles que embarcaram nessa mentira, estar mais enganados.

Primavera Árabe (finais de 2010/ início de 2011)
Muito resumidamente, trataram-se de uma série de revoluções, no Norte de África/ Médio Oriente, com o objetivo de derrubar os regimes totalitários que por lá imperavam. Os regimes de Hoshni Mubarak (Egipto), Muammar al-Gaddafi (Líbia) e Bashar Al-Assad (Síria) foram alguns dos que caíram.

Na Síria, berço do Jihadismo, o derrube de Bashar Al-Assad gerou uma guerra civil sem precedentes que originou a crise de refugiados que hoje assola a Europa.

A resposta (tem de ser) coletiva
Posto isto, e como disse Barack Obama, os ataques terroristas de ontem em Paris devem afetar-nos a todos. Ontem, em Paris; amanhã, no nosso país.

Devido ao perigo que o autodenominado Estado Islâmico representa para todos nós, a resposta e o combate a esta minoria que diz representar o Islão (sim, são apenas e só uma minoria) tem necessariamente de ser coletiva. No entanto, o problema começa aqui.

Olhemos para o panorama que hoje temos: a Europa está (muito) dividida; a Rússia defende o regime de Bashar Al-Assad; e Barack Obama já disse que não autorizará qualquer invasão à Síria.

No entanto, e mesmo tendo em conta tudo o que acabei de dizer, pouco me importam as discordâncias que possam existir entre os líderes mundiais. No final do dia, quando o que se passou ontem em Paris se passar no território de qualquer outra grande potência a posição será certamente outra.

A culpa (também) é nossa
Voltando ao início do meu artigo, a culpa também é nossa (europeia). A invasão do Iraque, em 2001, foi o começo; a ausência de uma posição firme de apoio aos movimentos democráticos na Primavera Árabe foi o seguimento, e agora a falta de uma pronta resposta às barbáries que o EI vai cometendo parece ser o culminar de toda esta situação. A Europa não deve ter medo de tomar uma posição firme sobre esta matéria. O exemplo de Adolf Hitler não parece ter ensinado nada aos líderes europeus.

Posto isto, e não tendo quaisquer dúvidas, a única solução para o problema que hoje vivemos tem de passar, também, pela invasão da Síria e pôr fim a esta barbárie. Digo “também” porque se a resposta passar apenas por aí não servirá de muito.